A Era dos Mortos – Parte 2  é do autor brasileiro Rodrigo de Oliveira. Ele é o sexto e último livro da série “As Crônicas dos Mortos” e foi lançado em 2018 pela Faro Editorial.

Sobre o livro

Após terem sua comunidade destruída por Otávio e seus seguidores, e presenciarem a morte de Isabel, Fernando e Sarah são separados. Os dois viram foragidos e existe um prêmio por suas cabeças. Eles precisam se esconder e buscar refúgio com antigos aliados, mas nenhum sabe se o outro continua vivo ou não. Fernando acaba sendo acolhido em uma das comunidades de sobreviventes e para sua própria proteção ganha um novo nome, o jovem agora passa a ser chamado de Ivan. Enquanto Sarah, acaba parando no Casarão das Sereias em Ilhabela, ela é acolhida por Madame Bianca e também ganha um novo nome, ela vira Estela.

“Quem saía de uma comunidade se apressava para se integrar a outra, pois não pertencer a uma comunidade bem armada era sinônimo de morte certa, quer fosse por causa dos zumbis, quer fosse por outros humanos, que, no auge do desespero, roubavam e matavam quem cruzasse seu caminho.”

Coincidências à parte, os dois jovens vivem esperando o seu momento de vingança. A história parece se repetir, mas dessa vez torcemos para que o final seja diferente. Passados alguns anos, o ser humano virou ainda mais primitivo. As pessoas que restaram são mais perigosas que os próprios zumbis. Otávio continua sendo um tirano para os habitantes de Ilhabela e das demais comunidades de sobreviventes. Mas, ele esconde um segredo que pode colocar a vida de todos em perigo, através de todas as pesquisas que realiza em zumbis e pessoas no seu laboratório.

Acontece que os sobreviventes não aguentam mais ficar em silêncio frente as atrocidades cometidas por esse tirano. E, após anos de uma ditadura, ele já colecionou muitos inimigos. Após uma guerra entre humanos e zumbis, teremos uma entre humanos e um lunático. Entre traições, sangue e muitas mortes teremos o desfecho dessa história espetacular.


Minha opinião

Vocês não imaginam o prazer que é voltar pra esse universo. Virei oficialmente uma órfã das Crônicas dos Mortos e do autor Rodrigo de Oliveira. Ainda estou impactada e com um misto de emoções. Aquele sentimento de felicidade e plenitude com um final incrível, mas também uma tristeza em me despedir desse cenário desolador, mas riquíssimo em detalhes e sentimentos.

Um apocalipse zumbi completo. Com início, meio e um excelente final. Do declínio à salvação. O ressurgimento de uma população e toda a sua linhagem de bravos guerreiros. Aqui a história vai muito além dos zumbis, talvez seja por isso que ela cativou tantas pessoas. As únicas ressalvas que preciso fazer é: senti falta de uma lista de personagens no início do livro e achava necessário mais algumas explicações para o final, embora ele tenha fechado do jeitinho que eu esperava.

O livro é dividido entre a adolescência e a maturidade de Sarah e Fernando. Dois jovens que foram criados para matar. Os dois passam por diversas dificuldades e suportam o que muitos não aguentariam. Tudo por um propósito: matar Otávio e Mauro. Eles tiveram muita sorte de encontrar amigos onde menos esperavam durante a sua caminhada. Eles são personagens extremamente cativantes e que demonstram grande garra e disciplina. Acompanhamos todo o seu crescimento como se fôssemos velhos conhecidos.

“Fernando e Sarah viveram rotinas bastante distintas ao longo dos anos que se seguiram, cada um em um estado do Brasil e separados por centenas de quilômetros de distâncias.”

É incrível a capacidade que o autor tem de criar um cenário tão terrível, mas tão real. Mesmo com seres como zumbis, a parte que é ligada ao ser humano e suas atitudes podem ser facilmente encontradas na nossa realidade. É quase um tapa na cara de quem acha que as pessoas não são tão más assim. Também temos nossa parcela de ditadores como Otávio. Não estamos longe dessa degradação. E ler sobre isso e entender o quanto existe uma linha tênue entre ficção e realidade, nos leva a questionar o que de fato estamos fazendo com nossas vidas.

Mas ele também mostra que quando uma população está insatisfeita e decide dar um basta em todo esse sofrimento, é melhor esses tiranos sentirem muito medo. Já é possível sentir esperança com esse grupo de rebeldes liderado por dois fortes combatentes, mas que são justos acima de tudo. A humanidade não os abandonou, diferente do tirano que os governa. A revolução desses oprimidos mostra que tudo é possível quando existe um propósito em comum e aos poucos forma-se uma resistência.

Assim como os sobreviventes criaram suas comunidades, alguns seres estão criando as suas também. Embora ela possa ser muito mais apavorante do que eles imaginam. A narrativa é extremamente dinâmica, não enrola. Apresentou o problema, resolveu e fechou com um final genial. Demorei menos de três dias para devorar essas páginas, pois esperava há muito tempo por essa conclusão e posso afirmar que não fiquei decepcionada com o que encontrei aqui.

Quando imaginamos o futuro pensamos em tecnologia, colonização de outros planetas e grandes descobertas científicas, mas aqui temos o ser humano regredindo para o primitivo, vivendo sem recursos e necessitando se adaptar às dificuldades. É quase como observar um experimento, onde o próprio ser humano é colocado no centro. Tudo isso apenas reforça a certeza de que não estamos preparados para nenhuma catástrofe, qualquer contratempo desse tipo pode ser marcado como a extinção da raça humana.

“Fernando engoliu em seco ao se lembrar da garota de longos cabelos negros e pontaria prodigiosa. […] E assim Fernando esperou, esperou e esperou. E sua raiva só crescia. O rapaz era uma panela de pressão, pronta para explodir. E, como seria de esperar, a explosão aconteceu.”

Esse foi o livro mais pesado e forte de toda a série. Os zumbis mal aparecem, o ser humano é seu próprio demônio. Temos um pouco de tudo nessa trama desde traições, novas comunidades, zumbis, monstros e demônios. Afirmo com toda a certeza que essa é minha série de livros preferida sobre zumbis, por me entregar muito mais do que feras sedentas por carne humana, isso serve apenas de background, o desenvolvimento da trama e a inserção de novos monstros nos mostra que podemos esperar muito mais dessa história.

Volto o questionar: e se algo desse tipo realmente acontecesse? Como será que nos sairíamos? Não faltariam pessoas acreditando que esse é um cenário oportuno para oprimir e controlar os outros, enquanto os demais tentariam lutar para proteger suas famílias e semelhantes. De qual lado você ficaria? Recomendo fortemente essa série para os amantes desses seres, mas principalmente para os que estão cansados de clichês sobre zumbis. Aqui você será contemplado com um novo mundo e novas possibilidades. Não deixe de conhecer esse cenário pós-apocalipse zumbi!

 

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A ERA DOS MORTOS – PARTE 2

Autor: Rodrigo de Oliveira

Editora: Faro Editorial

Ano de publicação: 2018

O último livro da saga AS CRÔNICAS DOS MORTOS. Zumbis, tiranos e rebeldes travam sua derradeira batalha pela sobrevivência da espécie humana. Os trágicos acontecimentos que dizimaram os habitantes da Serra Catarinense levaram Sarah e Fernando a caminhos diferentes, o que só reforçou o desejo de derrubar o terrível ditador Otávio a qualquer custo. Separados, os jovens enfrentam uma odisseia pela sobrevivência, em meio a navios abandonados, grupos em guerra e trabalho escravo. Agora, todos sabem que Otávio detém as mais poderosas armas de guerra já concebidas e está disposto a usá-las contra qualquer um que fique em seu caminho. A sensação de segurança desaba e qualquer comunidade pode ser o próximo alvo. Enquanto isso, os zumbis atingem um novo patamar de evolução, tão letal que nenhum exército é capaz de detê-los. Finalmente, o ser humano não tem mais como combater os mortos-vivos. É uma corrida contra o tempo. Prepare-se para a guerra e vivencie o desfecho da maior e mais original saga de zumbis do Brasil.

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