Da autora indígena estadunidense Angeline Boulley, este livro foi lançado pela Intrínseca em 2022.

Sobre o Livro

Encontrando com a realidade dos povos originários, Daunis, filha de uma mulher branca e um homem indígena, possui uma vida dividida entre duas raízes que sustentam um mesmo tronco: a da vida real onde seus amigos, sua família está presente e o outro, aquilo que gosta de fazer por ambição. Tudo isso é real. E a realidade pode vir com problemas agravantes.

Jogadora de hóquei, competidora, corredora nas horas vagas e descendente de um povo indígena que mantêm suas tradições e se sustenta através de uma comunidade… é assim que Daunis vive sua vida. Porém muito daquilo que se sonhou como fazer uma faculdade e jogar hóquei, mudou drásticamente quando um assassinato ocorre envolvendo tudo e a todos.

“Se você soubesse que seria a última vez que veria alguém, diria algo profundo? Diria o quanto essa pessoa significa para você? Perguntaria algo que sempre quis saber? Pediria perdão? Agradeceria?”

Após o assassinato, novas grandes descobertas aparecem: um grande esquema de tráfico de drogas, o surgimento de novas vítimas, as investigações paralelas do governo, as relações de amor e inimizade que cruzam caminhos e o retorno do passado que dá inúmeras voltas. E tudo está tão interligado que é difícil entender como Daunis de uma hora para a outra se vê em um oceano perigoso…

Minha Opinião

Você já leu alguma obra literária escrita por um autor indígena? Ou então, você já leu um livro com protagonista indígena? E mais: você já leu algum livro escrito por um autor indígena sobre indígenas e ainda é uma ficção?

Pois Angeline torna real aquilo que até então era tão escasso: o protagonismo indígena em histórias, a exportação da cultura de um povo outrora oprimido em uma obra de mais de 400 páginas. Graças a Angeline, eis aqui um livro acessível a todos aqueles que gostam de um romance que acompanha um suspense adaptado à realidade da história.

“Sabedoria não é algo dado. Em sua forma mais crua, é a mágoa de saber de coisas que você não gostaria.”

Precisei ler este livro para entender que nunca havia tido um contato tão próximo com uma cultura indígena que ainda protagonizasse uma história. É interessante notar como que nós possuímos pouco acesso a este tipo de literatura. E portanto, livros como este são como a água no deserto: a maior preciosidade que podemos ter. É enriquecedor, agregador.

Porém vale ressaltar que este livro por mais que é vendido como um suspense, não o vejo como tal. Sim, a história principal, a trama que envolve a gente, é sobre investigação. Mesmo assim, há vários outros elementos que agregam esta história. E se você quer esperar por um suspense onde te prende do início ao fim sem dar muitas enrolações, não espere que este livro te entregue isso. Foi assim que pensei logo de início.

Mas depois que fui me inserindo na história e percebendo que este livro é muito mais do que somente um thriller, foi preciso dar tempo ao próprio tempo e ler ao próprio ritmo que esta história é ditada.

“Eu amava […] e sei que ela me amava. Correção: eu a amo e ela me ama. Quando as pessoas que amamos morrem, o amor continua vivo no presente.”

A autora escreve muito bem. Ela mistura algumas palavras na língua do povo representado mas ao mesmo tempo nos mostra a cultura deles, os seus ensinamentos e as tradições do cotidiano. Temos uma história crescente onde a gente se vê envolvido com os laços familiares e de amizade que são expostos. Infelizmente, por mais que tenha gostado do livro, não foi uma história que me marcasse mas me rendeu um bom aprendizado e experiência. A mensagem da autora e o objetivo que ela tentou alcançar foram gratificantes ao concluir a leitura da última página e logo em seguida ler a nota da autora.

Neste livro a gente pode ter o contato de uma pequena parcela da cultura indígena estadunidense expressa em palavras. Se das palavras imaginamos as coisas, agora, é a vez de poder ter a oportunidade de ver a cultura deste povo. É por isso que, após divulgação que a Netflix está protagonizando a produção cinematográfica deste livro, uma nova forma de se inserir nesta história virá. E espero que possa ser tão agregador quanto foi ler este livro. Autoras como Angeline deveriam ter suas obras como leitura obrigatória se você quiser se tornar uma pessoa com uma mente aberta para compreender a complexidade das sociedades que formamos através de nossos antepassados.

A FILHA DO GUARDIÃO DO FOGO

Autor: Angeline Boulley

Tradução: Bruna Miranda

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2022

Daunis Fontaine vive em dois mundos, mas se sente uma estranha em ambos. Aos dezoito anos, a jovem se vê eternamente dividida entre a família da mãe ― branca e conservadora ― e a do pai, indígenas da reserva Ojibwe de Sugar Island, no Michigan. Ela sonha com a nova vida que vai levar ao se mudar para cursar a faculdade, bem longe dos boatos sobre sua origem, mas uma tragédia a obriga a adiar seus planos. Quando Jamie, um lindo e talentoso jogador de hóquei, chega à cidade, a jovem sente que a monotonia dos seus dias está prestes a acabar. Porém, ao testemunhar um assassinato perturbador na reserva, ela se dá conta de que há algo errado ― com Jamie, seus amigos e sua comunidade. De uma hora para outra, Daunis se vê envolvida em uma investigação do FBI sobre uma nova droga que tem feito cada vez mais vítimas. Receosa, ela aceita trabalhar como informante, usando seus conhecimentos de química e da medicina tradicional Ojibwe. Mas a busca pela verdade se mostra mais perigosa e dolorosa do que ela imaginava, trazendo à tona segredos e abrindo feridas ainda não cicatrizadas. A Filha do Guardião do Fogo é um thriller impactante e frenético, que mergulha nas experiências de uma jovem indígena que fará de tudo para proteger seu povo e sua família. Com uma narrativa visceral e comovente, o livro tornou-se best-seller do New York Times e foi escolhido pela revista Time como um dos melhores YA de todos os tempos. A obra também ganhará uma adaptação na Netflix realizada pela Higher Ground, produtora de Michelle e Barack Obama.

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