Dirigido por Jaume Collet-Serra, Adão Negro foi o filme solo de super-herói da DC do segundo semestre de 2022. Entre resenhas oscilantes e alguns nomes de peso no elenco fazendo suas estreias no mundo das adaptações de quadrinhos, o filme atingiu uma bilheteria global de US$ 366,2 milhões, valor considerado baixo para o porte da produção.

Ainda assim, com roteiro assinado por Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani, e produção de Dwayne Johnson, Hiram Garcia, Beau Flynn e Dani Garcia, o anti-herói em geral parece ter agradado o público.

Adão Negro (Dwayne Johnson) foi um escravo sob o domínio egípcio que, na busca por justiça e liberdade, adquiriu poderes mágicos. Milhares de anos depois, o então herói é libertado de seu túmulo por Adrianna (Sarah Shahi), e se depara com sua cidade, Kahndaq, ainda sob exploração estrangeira. Apesar das histórias, Adrianna, seu filho Amon (Bodhi Sabongui) e o mundo descobrirão nele um lado muito mais sombrio do que esperavam.

Meu primeiro elogio é que o filme entrega duas horas de entretenimento. Me vi imersa nessa história muito rapidamente, e isso se deve ao seu caráter incrivelmente dinâmico. Para quem, como eu, não conhece os quadrinhos, tentar acompanhar tudo e ainda descobrir como alguém sem qualquer escrúpulo contra a violência foi digno dos poderes que já vimos em Shazam! (2019) é muito interessante.

Falando sobre a trama, é importante reconhecer que é composta por muitos elementos. Temos o passado de Adão Negro, a luta pela liberdade com Adrianna, o conflito com a Sociedade da Justiça, além do conflito com o vilão “principal” (muito fraco, ao meu ver). A questão aqui é que o ponto mais alto do filme é o fato de que o que mais importa é simbólico: a discussão sobre imperialismo, colonialismo e reparação histórica, que perpassa todos os conflitos.

Vocês gostam de dividir o mundo em bom e mau, mas isso é fácil quando é você que determina o limite.

Com tudo isso em jogo, não me foi surpresa alguma que os personagens tenham passado um pouco batido. Havia tantos, e tantos que somente fãs dos quadrinhos seriam capazes de reconhecer rapidamente, que não havia como desenvolver todos. E sinceramente, até que não senti falta disso; todos tem características marcantes para construir uma identidade ao longo da história. Isso à exceção do vilão, que, sinceramente, após algumas semanas de ter assistido, já nem lembro mais o nome.

Já a carga dramática das relações interpessoais, essa sim sofreu com a velocidade do filme. Várias já estavam postas para o espectador, de modo que, ao sofrerem reviravoltas, por mais que fosse interessante de assistir, não geravam nem de longe o impacto emocional que poderiam ter.

O que me leva à minha maior crítica do longa: a edição de som, que, para mim, destruiu uma boa parte da atmosfera do filme. O roteiro, apesar das sequências extremamente longas de ação, havia sim encontrado espaço para diálogos, algum drama e mesmo humor. Mas nada disso conseguiu ter o mesmo impacto pela constante (e eu realmente quero dizer constante) música de ação ao fundo. A trilha tema de Adão Negro, muito forte para as cenas de ação e para o trailer, foi usada ao longo do filme inteiro, quase sem exceções, o que tornou a experiência como um todo bastante exaustiva.

A atuação em geral foi bastante condizente com a de um filme de ação. Shahi merece destaque, ao entregar ao mesmo tempo uma mãe preocupada e uma mulher indignada com as condições de seu povo. Infelizmente, não posso dizer o mesmo de Dwayne Johnson, que entregou uma expressão imponente e assustadora, mas nada além disso, não dando conta da complexidade que o personagem ganha no decorrer da trama.

Eu não sou herói.

Em geral o filme é bastante interessante e relativamente memorável. Não posso opinar sobre ele enquanto adaptação, mas acredito que vale a experiência para quem não conhece o material original, se não por nada, pela grande revelação sobre a origem de Adão Negro, uma surpresa e tanto para quem não sabe a história. Pessoalmente, não se tornou um favorito meu da DC, e não é um que pretendo reassistir, mas me surpreendeu positivamente.

ADÃO NEGRO

Diretor: Jaume Collet-Serra

Elenco: Dwayne Johnson, Sarah Shahi, Bodhi Sabongui, Aldis Hodge, Pierce Brosnan, Quintessa Swindell, Noah Centineo

Ano de lançamento: 2022

O primeiro longa-metragem a explorar a história do anti-herói da DC com um senso único de justiça chega às telonas. Dotado dos poderes onipotentes dos deuses, Teth Adam está preso por 5.000 anos, passando de homem, mito, lenda: Adão Negro. Agora livre, um vingativo Adão Negro exerce seu senso único de justiça, nascido da raiva, mais uma vez. Recusando-se a se render, o anti-herói é desafiado pelos heróis modernos da Sociedade da Justiça: Gavião Negro, Sr. Destino, Esgama Átomo e Cyclone.

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