Amor Amargo é da autora Jennifer Brown e foi lançado no Brasil em 2015 pela editora Gutenberg. Jennifer Brown é conhecida por A Lista Negra e por  trabalhar temas polêmicos em seus livros.

Sobre o livro

Alex está no último ano do colegial e se prepara para fazer a viagem ao Colorado que planeja a anos, ao lado de seus melhores amigos Bethany e Zach. O local é especial pois sua mãe morreu quando ela ainda era muito nova, em um acidente de carro enquanto ia em direção ao Colorado. Para Alex, ir aonde a mãe estava indo lhe dará algumas respostas sobre o porquê de ela estar disposta a abandoná-la e deixá-la para trás.

Porém, Cole, um garoto transferido de outra escola é posto sobre sua tutela nas aulas de reforço e logo algo surge entre eles. Cole é bonito, se deu bem com os garotos do time da escola e não parece estar interessado em fazer outros amigos. Além disso, dá uma atenção extra a Alex e isso faz com que, pela primeira vez em muito tempo, ela se sinta amada.

Com uma família desestruturada em casa, onde ela convive com as irmãs de forma básica e tem um relacionamento muito distante com o pai, Alex nunca se sentiu importante para ninguém, exceto para seus dois amigos. Assim, quando ganha o “amor” de Cole, ela se entrega totalmente. Porém, esse garoto não é assim tão mágico como ela pensa e logo os problemas começam. Alex vai se ver em meio a um relacionamento abusivo, o qual ela não entende e também não sabe o que fazer sobre.

“Ainda que estivesse magoada, constrangida, humilhada e indignada pelo que tinha feito comigo, continuava louca de amor por ele. Continuava pensando que tínhamos sido feitos uma para o outro. Continuava desejando-o. Eu tinha estragado tudo.”

Minha opinião

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Assim como A Lista Negra, Amor Amargo é um livro tocante e cheio de emoção. Falar sobre temas importantes parece ser uma característica de Jennifer Brown e ela faz isso muito bem. Aqui a temática é relacionamento abusivo e a autora consegue passar muito bem ao leitor toda a confusão que se passa na cabeça da protagonista.

Vemos Alex se distanciar dos amigos e viver todas as perguntas e agonias em sua cabeça, sem pedir socorro a ninguém. Ela não entende como ele pode em um momento ser maravilhoso e no outro estar grudando sua cabeça contra uma parede, e logo a frente, quando ele pede desculpas, ela só enxerga o garoto pelo qual se apaixonou e se agarra a promessa de que não vai acontecer novamente. Porém, isso não se cumpre e cada vez mais Alex se vê embrenhada em uma situação que não compreende e não sabe como sair, ou ao menos se quer sair.

“E, por mais sombrio que fosse o mundo atrás das pálpebras, nem de longe parecia tão sombrio quanto o mundo com o qual me depararia se voltasse a abri-las.”

Ver por dentro da cabeça da protagonista e acompanhar todos os estágios de transformação que ela sofreu foi algo muito bacana. Desde a ignorar pequenas coisas, a perdoar coisas enormes pra não “estar sozinha”. Ver a presença dos amigos, cada vez mais distantes e a todo momento tentando resgatá-la, mas sem tocar no cerne da questão, por vezes incomoda, mas é difícil medir até que ponto as pessoas agiriam “na vida real”, já que é a vítima quem tem que se manifestar.

Porém, apesar do ótimo trabalho feito no livro, algo importante me incomodou bastante. A autora criou todo um background de trauma para a protagonista, por ter sido abandonada pela mãe e por achar que nunca foi amada, como que para justificar o porque ela se fez submissa na situação do abuso, e eu achei isso bastante desnecessário, chegando inclusive a afastar um pouco a Alex da realidade de muitas mulheres e meninas.

“Eu estava inventado pretextos para justificar o que ele tinha feito comigo.”

Acredito que toda mulher ou até mesmo homem pode estar suscetível a esse tipo de abuso e que não necessariamente ela precisa ter algum complexo para que isso aconteça. O relacionamento abusivo, às vezes, está ligado única e exclusivamente ao ato de amar alguém demais, ao ponto de por essa pessoa a frente da sua própria saúde, bem-estar e integridade física, e qualquer pessoa pode estar ou passar por essa situação independente de seu passado ou de suas experiências.

Colocar uma personagem que tem um trauma, parece querer criar um motivo, onde não precisa haver. Parece dar ouvido a afirmações que por vezes ouvimos na voz julgadora de algumas pessoas, quando a pessoa que sofre o abuso não tem histórico de problemas: “mas ela tem tudo, se está fazendo isso é pra chamar a atenção ou é porque quer”. E não, ninguém quer passar sobre isso. Os motivos que fazem alguém se manter em uma situação assim também pode ser diversos: amor, medo, dependência, falta de ter pra onde ir.

Para o personagem masculino a mesma coisa aconteceu. Cole foi inserido em uma família quebrada, onde o pai batia na mãe e ela era suscetível e isso teoricamente viria para “explicar” o que ele faz e quem ele se tornou. E sim, é claro que esse cenário é mais propício e existem pesquisas que confirmam isso. O porém é que existe muita gente má, e psicologicamente abalada por ai que não vem de uma família com problemas e que não passou por nenhum trauma e tem as mesmas tendências e precisamos parar de querer “criar explicações” pra justificar comportamentos.

Eu gostei bastante do livro, mas foi impossível ignorar esses dois fatos. Especialmente a questão da Alex, já que sou mulher e me identifico muito mais com ela enquanto personagem. Porque escondê-la dentro de um nicho que pode não compreender a maioria das pessoas? Na minha opinião a história teria mais peso se fosse alguém simplesmente comum, sem peso traumático nas costas, uma personagem universal, que representasse a todas nós, meninas e mulheres.

Fica aqui a indicação de um livro super bacana, que aborda um tema que precisa ser discutido e que vai fazer você sentir na pele uma série de sentimentos. É impossível não se colocar no lugar da Alex ou de ter uma avalanche de sensações vendo ela passar por certas situações. Me encolhi em algumas partes, como se apanhasse junto com ela e até agora me arrepio em pensar em algumas cenas, por isso, não deixe de ler Amor Amargo e, conhecer mais esse tiro certeiro de Jennifer Brown.

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Último ano do colégio: a formatura da estudiosa Alex se aproxima, assim como a promessa feita com seus dois melhores amigos, Bethany e Zach, de viajarem até o Colorado, local para onde sua mãe estava indo quando morreu em um acidente. O Dia da Viagem se torna cada vez mais próximo, e tudo corre conforme o planejado. Até Cole aparecer. Encantador, divertido, sensível, um astro dos esportes. Alex parece não acreditar que o garoto está ali, querendo se aproximar dela. Quando os dois iniciam um relacionamento, tudo parece caminhar às mil maravilhas, até que ela começa a conhecê-lo de verdade.

 

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