Lançado originalmente em 1877, Anna Karenina é um dos clássicos romances de Liev Tolstói e possui diferentes versões no Brasil, uma das edições foi lançada em conjunto com duas novelas do autor pela editora Nova Fronteira em 2018.

Sobre o Livro

Clássico da literatura russa, Anna Karenina acompanha a história de diferentes personagens do alto circuito social da aristocracia russa do fim do século XIX. Com múltiplos pontos narrativos, o livro narra o dia a dia entre negócios, casamentos, eventos e escândalos que cercam essa sociedade tão modelada pelas aparências.

Centrado em alguns personagens como pontos de partida principais, o romance apresenta o recluso Konstantin Levine, dono de extensos lotes de terra da Rússia rural e que almeja casar-se com a jovem Kitty, filha de figuras influentes da vida urbana do país. Contudo, Levine vê sua amada em dúvida entre ele e o galante Conde Vronski.

Ao lado de Levine, conhecemos também Anna Karenina, casada há anos com Alexei Karenin e mãe de Sergei, Anna é introduzida na trama pela história de seu irmão que está em uma má situação com a esposa após a descoberta de uma traição por parte dele. É na tentativa de Anna de solucionar o problema do casal que ela conhece Vronski, que imediatamente apaixona-se por ela e os dois iniciam um conturbado relacionamento imerso nas perspectivas do adultério e do julgamento social.

Todas as famílias felizes se parecem, as famílias infelizes são infelizes cada qual ao seu modo.

A partir dos dois personagens, outras tramas se apresentam em sintonia: Kitty e sua primeira decepção amorosa, Alexei Karenin e seu constante conflito entre emocional e racional diante do que melhor seria recepcionado socialmente, Stiva e sua passageira, mas constante presença em cada um desses núcleos. Apresentando a vida de cada uma dessas pessoas, Anna Karenina é um retrato social da classe alta de seu tempo e mistura a trama com discussões ideológicas, filosóficas e morais.


Minha Opinião

Anna Karenina é um daqueles livros dos quais tinha ouvido falar muito antes de qualquer oportunidade de chegar de fato a ler suas páginas. O final é talvez um dos mais marcantes da literatura mundial e, por consequência, altamente conhecido. Sempre ouvi falar da obra e de sua personagem título, seja na escola ou na faculdade, mas conhecer previamente tanto de sua história não tirou em nenhum aspecto o impacto da leitura: não importa o quanto já saibamos sobre Anna Karenina, sua leitura ainda será única para cada leitor.

Anna Karenina, assim como muitos romances contemporâneos de seu tempo, não é um livro sobre grandes acontecimentos, mas sim sobre o cotidiano e esse é um dos primeiros passos a se entender para ter uma boa relação com a história. O romance é lento, os plots se desenvolvem muito mais em raciocínios e diálogos dos personagens do que em eventos dramático e desenvolvimentos de ação, os encadeamentos de juízos para cada personagem é bastante introspectivo e somos convidados a conhecer seus pensamentos dentro desse esquema mais íntimo, menos agitado e que leva seu próprio tempo para se desenvolver. Assim, o livro é uma leitura que demanda tempo, não é feito para ser dinâmico, mas nem por isso fica menos interessante: o dia a dia, por mais que pareça ameno, é extremamente interessante, principalmente sendo os personagens do romance figuras de uma sociedade que brinca tanto entre aparência e essência.

Eu trabalho, sacrifico-me por um fim e esqueço que tudo acaba… que é indispensável morrer.

A trama do adultério, uma das mais famosas do romance, fornece um dos melhores núcleos de personagem da obra. Observar Anna e como socialmente sua transgressão é recepcionada é abre um leque de reflexões sobre o julgamento social imposto a mulheres e como algumas das reações ao que Anna fez não são tão diferentes do que ainda ocorre no século XXI.

A presença de Vronski também é uma imersão curiosa em um personagem apaixonado, mas ao mesmo tempo que tem suas vaidades sociais tanto quanto Alexei, o marido de Anna, que foi particularmente um dos personagens que mais gostei de ler dentro do romance. O conflito de Alexei entre o que sentia e o que precisava fazer de acordo com o código de conduta moral que as pessoas ao seu redor reconheceriam, é um dos melhores arcos de personagens que o livro constrói.

Do outro lado da trama, longe da polêmica, temos Levine, que por muitos é considerado um dos personagens queridos do romance – e que, inclusive, supostamente teria sido baseado no próprio Tolstói. A trama de Levine é voltada para reflexões sobre o ambiente rural e os conflitos ideológicos sobre como a dinâmica econômica e social da classe trabalhadora funcionam, além de destacar a paixão dele por Kitty, que desenvolve-se em um romance bastante lento, mas que solidifica a relação dos dois personagens. Particularmente, não gostei de Levine tanto quanto percebo que leitores gostam, mas ele é um personagem bem complexo e muito bem abordado dentro da sua proposta mais intimista e reclusa.

Prezando pelos diálogos, pelas reflexões e por construir personagens de modo lento e cuidadoso, Anna Karenina é uma leitura agradável, interessante e que, por mais que se guie em uma dinâmica mais lenta, ainda é altamente fácil de se gostar e do qual terminamos entendendo perfeitamente o porquê do livro – e seu final – ser tão marcante para os leitores. É uma ótima recomendação para quem quiser começar a ler mais dos “clássicos russos” e um livro com muitas temáticas que falam do presente muito mais do que pensaríamos.

ANNA KARENINA

Autor: Liev Tolstói

Tradução: Lúcio Cardoso

Editora: Nova Fronteira

Ano de publicação: 2017

Publicado em 1877, Ana Karenina é considerado um dos melhores romances já escritos e uma verdadeira obra de arte. Nele, Leon Tolstói elabora um tratado sobre moral, infidelidade e amor, bem como uma exposição dos valores da aristocracia russa do fim do século XIX. Ana Karenina, membro da alta sociedade czarista e casada com um burocrata, apaixona-se perdidamente pelo conde Vronski, um jovem oficial da Guarda Imperial. Ao longo do romance, acompanhamos a jornada de uma mulher que precisa lidar com a pressão da sociedade, da Igreja, do marido e, sobretudo, com os próprios demônios.

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