Aos Dezessete anos é uma obra da autora Ava Dellaira, publicada em 2018 pela editora Seguinte.

Sobre o Livro

Aos dezessete anos Angie, uma menina mestiça, descobre em meio as coisas de sua mãe, sinais de que seu pai pode estar vivo. Ela que passou a vida toda acreditando no contrário, que seu pai tinha morrido em um acidente de carro antes dela nascer, não perde tempo ao implorar ajuda de seu ex namorado e melhor amigo Sam, para ir até Los Angeles em busca da história verdadeira, já que sua mãe sempre se recusou a falar sobre o assunto.

“Os vivos estão alcançando os mortos. Quando Arthur C. Clarke escreveu a respeito, em 1968, eles nos superavam numa proporção de trinta para um. Mas nos multiplicamos tão rápido que agora só há quinze fantasmas para cada um de nós. Angie sabe a estatística: há mais de sete bilhões de pessoas na Terra, enquanto outras cento e sete bilhões já passaram por ela. “

página 11.

Marilyn, uma menina branca, mãe de Angie, tem uma vida muito diferente da que queria aos dezessete anos. Ela queria mesmo era ser fotógrafa, mas é obrigada a viver o sonho da mãe, ela chega a passar fome para ser uma excelente modelo, conseguir papéis e pagar contas. As coisas não vão muito bem quando eles se mudam para a casa de um tio arrogante, bêbado e violento. É na mudança que ela conhece um menino negro, que ela ainda não sabe mas vai se tornar o grande amor da sua vida.


Minha Opinião

Estava doida por esta leitura porque eu simplesmente amo o primeiro livro da autora, Carta de Amor aos Mortos. Mas diferente daquele livro, este não se passa em formato de cartas, ele vai acontecer em uma narrativa em terceira pessoa intercalando passado e presente. E está aí a minha primeira decepção com o enredo. Não são todos os livros que funciona essa mesclagem, e aqui para mim ficou confuso e desgastante. Porque além de intercalar as histórias da protagonistas, também intercala o passado e o presente delas mesmas. Por exemplo, enquanto lemos o agora da Angie, na próxima quebra de capítulo estaremos em seu passado, e é assim até que tudo se cruza, o que acontece somente no final, claro.

Outro ponto que me decepcionou neste livro foi o grande preconceito racial. Bom, que isso infelizmente existe a gente já sabe. Imagina em tempos passados, precisamente nos anos 90, o preconceito era muito maior. E ao longo da leitura vamos encontrando várias pequenas cenas incômodas. Principalmente porque Angie é negra e filha de mãe branca e aparentemente não tem pai, o que faz as pessoas terem pouca interpretação e julgarem perguntando como isso é possível?! Mas o que realmente me incomodou foi uma cena lá no final do livro, algo que eu não estava nada preparada. Uma cena forte, cruel e fria. Vemos muito disso em filmes, e até na vida real, mas quando você acredita que um livro não é nada disso, foi impactante mas de uma forma ruim.

Mas é claro que isso explica muito as atitudes de Marilyn quando adulta. O fato de ser fechada e não gostar de ter amigos. Assim como também não se abrir para filha com sua história de vida. Até entendermos tudo o que aconteceu ela é uma personagem chata, mas depois acabamos sentido pena. Afinal, antes dessa história trágica, ela já tinha uma vida bem complicada com sua mãe e seus sonhos que não eram iguais. Mas é interessante ver que depois de tudo o que passou, ainda lhe restou forças para cuidar sozinha de uma filha e seguir com seus sonhos.

“Angie tem mais um ano e meio pela frente, depois vem o futuro. Não tem ideia do que quer “fazer da vida”, de qual é seu lugar ou de como vai compensar todo o sacrifício que sua mãe fez por ela. Quando tem dificuldade para respirar, com o peito apertado, a ansiedade inominável e incerta, Angie pense nos sete bilhões de pessoas ( e contanto ) que vivem na Terra. O número descomunal alivia o pânico, e ela se sente mais leve, com aquela tontura de quem riu demais, ficou acordado até tarde, ou ambos. Ela é menor que uma gota no oceano. Que importância tem o que uma garota – Angela Miller – faz com a própria vida? “

página 13.

Entretanto, Angie consegue ser uma personagem ainda mais chata. Entendo que aos dezessete anos não se sabe direito o que se quer da vida, e muitas vezes a infantilidade fala mais alto nessa fase. Mas, ela decidir por conta própria ir atrás da história de sua mãe me deixou com muita raiva. O pai é dela, mas ela não tinha o direito quando sua mãe se negou diversas vezes a contar a verdade. Ela não teve respeito porque não enfrentou a mãe, simplesmente agiu pelas costas e isso incomoda bastante. Por isso, Marilyn consegue ser a melhor personagem, em sua fase de dezessete anos. Porque mesmo que sua mãe a impedia de seus sonhos, ela nunca deixou de lado quem ela realmente era e do que lhe fazia se sentir viva.

Este é um livro monótono de desenvolvimento pessoal, para as duas protagonistas. Então não espere grandes acontecimentos, espere aprender com os erros delas; Espere aprender a nunca deixar de sonhar; a respeitar a vontade das pessoas, principalmente se parte de quem você ama; Espere aprender a conversar e a dizer como você se sente e nunca desistir. Esse é um livro para aprender muitas coisas, e mesmo que eu tenha me decepcionado, ele conseguiu me ensinar, e é bom quando uma história faz isso. Esteja preparado por tudo que relatei aqui e garanto que você vai se apaixonar pela leitura.

AOS DEZESSETE ANOS

Autor:Ava Dellaira

Tradução:Lígia Azevedo

Editora:Seguinte

Ano de publicação:2018

Em seu novo romance arrebatador, a autora de Cartas de amor aos mortos apresenta uma mãe e uma filha que precisam compreender o passado para poder seguir em frente. Quando tinha dezessete anos, Marilyn viveu um amor intenso, mas acabou seguindo seu próprio caminho e criando uma filha sozinha. Angie, por sua vez, é mestiça e sempre quis saber mais sobre a família do pai e sua ascendência negra, mas tudo o que sua mãe contou foi que ele morreu num acidente de carro antes de ela nascer. Quando Angie descobre indícios de que seu pai pode estar vivo, ela viaja para Los Angeles atrás de seu paradeiro, acompanhada de seu ex-namorado, Sam. Em sua busca, Angie vai descobrir mais sobre sua mãe, sobre o que aconteceu com seu pai e, principalmente, sobre si mesma.

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