Apocalipse Z: O Princípio do Fim, é o primeiro volume de uma trilogia de horror do escritor espanhol Manel Loureiro, e foi publicado no Brasil em 2010 pela editora Planeta.

Sobre o Livro

Um advogado espanhol, orientado por seu psicólogo, começa a escrever para tentar, de alguma forma, superar a morte da esposa. Com isso ele cria um blog e começa fazer as suas anotações. Além do blog, tinha outro ponto de refúgio, seu gato persa alaranjado chamado Lúculo, que ganhou da irmã e do cunhado para lhe distrair e fazer com que se  apegasse em outra coisa que não fosse a memória da esposa.

O blog se tornou o seu diário e ali ele escrevia sobre tudo o que chamava a sua atenção no dia a dia, principalmente algumas notícias preocupantes dos jornais. Sem entender a calamidade que ia se alastrando da Russia para os outros países, a unica coisa que se sabia até o momento, era que um incidente médico era o motivo causador de tanto caos e desordem. O advogado sente que muita coisa está sendo escondida pelos governos e mídia, mas se de um lado eles tentam dizer que está tudo sob controle, do outro eles estão tomando medidas drásticas como o corte da internet, de emissoras e decretando lei marcial.

“Achei engraçada a ideia de rezar a Deus, já estando no inferno.”

A Espanha até então não havia sido afetada com o corte da internet, e isso permitiu que o advogado continuasse alimentando o seu blog de posts diários, às vezes até mais de um post por dia, quando alguma coisa muito grave acontecia. Especulações de todos os tipos sobre o que estava acontecendo era o que mais tinham, e ele fica sem saber no que acreditar, pois de um lado tinham as especulações da população e, do outro, o silêncio do governo e das mídias. Indignado por não ter respostas verdadeiras das entidades superiores até em momentos de catástrofe, ele segue sem entender o que, diabos, está acontecendo.

Enfim, com a queda da internet na Espanha, o advogado continua com seu diário mas, agora, à moda antiga. Se antes compartilhava no blog para ter a interação com mais pessoas, agora passara a anotar tudo em seu caderno para ter registrado a si próprio aquela maluquice que até parecia piada de mal gosto.  A única coisa que ele descobriu por si mesmo e da forma mais incrédula possível, é que os infectados por essa doença ficam atordoados, agressivos, incontroláveis e incomunicáveis. Numa tentativa de chegar ao aeroporto para ir de encontro com sua família, ele vê um policial dando um tiro a sangue frio bem no meio da cabeça de um infectado. Atordoado ao presenciar tal cena, o militar que estava ao seu lado diz: “não deixe que te mordam, e o golpe tem que ser na cabeça.” Pensando estar fazendo parte de algum filme de horror, ele entende que precisa correr se quiser continuar vivo, mas não irá a lugar nenhum sem seu amigo fiel de quatro patas, Lúculo.


Minha Opinião

Uma curiosidade bastante interessante sobre o surgimento dessa trilogia, é que o autor, Manel Loureiro, possuía um blog, e em meio as suas postagens, começou a fazer posts como se estivesse vivenciando o apocalipse. Não tardou para que esses posts tomassem proporções gigantescas pela Espanha e pelo mundo, o que nos levou a ter em formato de livro essa incrível história de horror, que é considerada uma das melhores histórias de zumbis. Ao iniciarmos a leitura, não tarda para percebermos que o nosso personagem é o próprio autor do livro, mas claro, dentro de uma ficção. Manel não disfarça nem nas mínimas características: lugar onde mora, profissão, interesses, etc. Mas isso nem de longe é um problema, é apenas uma curiosidade que explica o porquê de o nome do nosso personagem não ser citado aqui no primeiro livro (eu acho). Tudo bem que o livro é em forma de diário e convenhamos, em nossos diários não ficamos citando nossos nomes, né?! Mas no único momento em que quase revelou, bom, deixa pra lá…

Aqui vamos acompanhar os relatos desse homem citado apenas como “o advogado”, que sem pretensões começou a escrever em um blog e nós, pouco a pouco, pelos relatos deste, vamos vendo o caos se espalhar a medida em que vai acontecendo. E em menos tempo do que se poderia supor, o terror se instala. Ruas, bairros e cidades inteiras são tomadas por criaturas de comportamento horripilante. Sem nem se dar conta, enquanto vai acompanhando as notícias na segurança de sua casa bem estruturada, o advogado demora a se dar conta de que agora o seu único companheiro é o seu gato. E ele precisa bolar um plano de fuga seguro para os dois, antes que seja tarde.

O interessante do livro e o que me fez adentra-lo com muitas expectativas, foi pelo fato de ser uma história contada enquanto a invasão zumbi ou o apocalipse, como você prefere chamar, vai acontecendo. Temos muitas histórias por aí pós-apocalípticas, mas o oposto, para mim é novidade! E foi uma bela de uma novidade! Eu achei muito legal uma história assim ser contada em primeira pessoa, nesse modelo diário, porque isso faz com que facilmente consigamos nos colocar no lugar do personagem, sentindo toda a adrenalina. Se o livro todo é eletrizante, as 40 últimas páginas me fizeram quase ter uma taquicardia de tanto desespero.

É meio óbvio que após o caos ser espalhado e sabermos mais ou menos a possível causa de tudo, o foco torna-se a sobrevivência. A adrenalina, medo e tensão nunca experimentada antes pelo advogado, de saber se vai conseguir chegar vivo, ou pelo menos inteiro, até o fim da noite, é muito bem relatada. Mas a história vai além disso, existe uma parte muito sutil e delicada que mostra a relação tão fiel que o homem tem com o seu gato, Lúculo. Não o esquecendo, menosprezando e nem mesmo o tratando de forma inferior ou com menos cuidado por ser um animal, muito pelo contrário. Em vários momentos o advogado tira força das cinzas para defender-se desses “não mortos”, justamente porque tem a quem cuidar. O gatinho se enroscando aos seus pés e ronronando como quem agradece por estar sendo bem tratado, é o que normalmente recarrega as energias de seu dono.

O personagem principal é bastante inteligente, tem um conhecimento vasto sobre diversas coisas que jamais imaginara que poderiam lhe salvar futuramente, muito menos num apocalipse zumbi; e também conhece muito bem seu país, principalmente a região em que vive, e estes saberes acabam sendo armas bastante importantes para a sobrevivência, porque não basta meter bala nos zumbis, é necessário que se saiba o que, além de armas de fogo, pode ser usado a seu favor. E o personagem tendo essa inteligência, somada a uma personalidade de “homem forte porém frágil”, faz exalar confiança e segurança, sendo aquele tipo de pessoa que queríamos ter por perto caso o apocalipse realmente estivesse acontecendo.

“Isso tudo é realmente foda. Achei que fosse me sentir como um herói de filme de ação, mas na verdade me sinto como uma presa que não sabe onde estão seus predadores.”

Normalmente a problemática do livro são os zumbis em si, e na dificuldade por manter-se vivo de uma forma pelo menos um pouco similar à vida anteriormente vivida. Mas mais que isso, eu passei a enxergar essas histórias com um olhar paralelo, que é a forma como nós tratamos os outros sobreviventes. E no livro percebemos isso em algumas várias situações, que nos fazem criar um sentimento de asco pelo ser humano, mais ainda do que pelos zumbis, pois mesmo em uma situação onde se sabe que o mundo jamais irá voltar a ser como era antes, uns ainda querem demonstrar mais riqueza ou mais poder que o outro. Ou utilizam-se da vulnerabilidade da situação para se colocarem em posições de “chefes” só porque tem algum tipo de abrigo que, no fim das contas, não será seguro “para sempre”. Ao invés de as pessoas se unirem para terem mais chance de sobrevivência, é completamente o oposto, fazendo com que os humanos sejam tão temidos ou inimigos em potencial, como os “não mortos”. Ou seja, até mesmo nesse mundo apocalíptico, as pessoas boas ainda são minoria e, agora mais do que antes, alvos.

“Neste novo mundo, só quem puder cuidar do próprio rabo tem possibilidade de ver o novo dia.”

A história é muito bem pensada, escrita e rica em detalhes! Aliás, tão rica em detalhes que muitas vezes proporciona a sensação de nojo! A descrição do cheiro, da aparência, da putrefação em massa que se vê é presente em quase todas as páginas. Uma dica: preste atenção em absolutamente tudo que se lê. Manel brinca muito com citar uma coisa que até então parece ser algo perdido em meio a trama, mas que 10 páginas à frente tudo passa a fazer sentido. No entanto, quem passar desligado a esses detalhes vai perder muita coisa boa! O que eu disse até o momento pode tornar irrelevante o que direi a seguir, mas, para não correr o risco de dizer que eu não avisei: essa história é devorada na mesma rapidez que você correria de um zumbi! A diagramação do livro contribui muito para isso! É uma pena chegar na última página, mas uma alegria saber que tem mais dois livros esperando para serem devorados!

APOCALIPSE Z: O PRINCÍPIO DO FIM (1 VOL.)

Autor: Manel Loureiro

Editora: Planeta

Tradução: Sandra Dolinsky

Ano de publicação: 2010

Em uma pequena cidade espanhola, um jovem advogado leva uma vida tranquila e rotineira. Um dia, porém, começa a ouvir notícias sobre um incidente médico ocorrido em um país remoto do Cáucaso. Apesar de aparentemente corriqueiras, as notícias chamam tanto sua atenção que ele resolve registrar suas impressões em um blog. Aos poucos, o que eram apenas acontecimentos incomuns ocorridos em um país distante começam a se espalhar por toda a Europa. Em menos tempo do que poderia supor, o terror se instala. Ruas, bairros e cidades inteiras são tomados por criaturas com um comportamento assustador. Sem nunca ter visto nada parecido e completamente vidrado pela notícia, ele mal se dá conta de que, enquanto acompanha o desenrolar dos fatos de sua casa, a cidade onde mora também está sendo invadida por aquelas bizarras criaturas. Isolado, apenas com seu gato Lúculo e um vizinho, só lhe resta criar uma estratégia de fuga até conseguir encontrar outros sobreviventes. Entretanto, ao conseguir refúgio, ele logo descobrirá que a guerra está apenas começando.

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