Distribuída internacionalmente pelo serviço de streaming da Netflix, “Apostando Alto” ou “Start-Up” é uma série de televisão sul-coreana protagonizada por Bae Suzy, Nam Joo-hyuk, Kim Seon-ho e Kang Han-na e cuja produção é administrada por Oh Choong-hwan e o roteiro é de Park Hye-Ryun.

Exibida a partir de outubro de 2020, o k-drama narra a história de Seo Dal-mi, uma jovem aspirante a CEO de uma grande empresa, cuja trajetória foi moldada fortemente pela separação dos pais na infância quando, em meio a divisão familiar, sua irmã, Won In-jae, escolheu ir com sua mãe e ela ficou com o pai. Com a mãe e a irmã indo embora para os Estados Unidos agora pertencentes a uma família de um famoso empresário, Dal-Mi fica com o pai que, assim como ela, tinha uma quantidade enorme de sonhos de montar sua própria empresa, mas as adversidades que o cercam o privam de realizar esse sonho e fazem com que a vida de Dal-Mi seja bem menos fácil do que a de sua irmã.

Criada ao lado da avó, Dal-Mi cresce como uma moça muito trabalhadora e que tenta ser grata mesmo diante dos obstáculos, mas quando sua irmã retorna para a Coreia, agora como uma prestigiada administradora da empresa do padrasto, Dal-Mi começa a mentir sobre sua vida amorosa e profissional para tentar mostrar a irmã que ela não fez a escolha errada ao decidir ficar com o pai.

Em paralelo a narrativa de Dal-Mi, conhecemos também Han Jipyeong, um jovem órfão que na adolescência não tinha onde morar e acabou sendo abrigado pela avó de Dal-Mi. Morando nos fundos da loja da velha senhora, Ji-pyeong acompanha indiretamente a separação dos pais de Dal-Mi e a ida de In-Jae para os EUA e é sob o pedido da avó de Dal-Mi que ele aceita escrever cartas para ela sob um nome falso, uma vez que a menina está se sentindo sozinha desde a partida da irmã.

Anos depois, Ji-Pyeong reencontra Dal-Mi no mesmo dia que ela decide ir encontrar a irmã em uma palestra sobre empreendedorismo e a reconhece como a menina das cartas, o que faz pensar no seu passado e na avó de Dal-Mi que o abrigou quando ele precisou. Agora bem sucedido, Ji-Pyeong quer reconectar-se com esse momento, mas acaba sendo puxado para essa história mais do que poderia imaginar quando Dal-Mi, ao mentir para a irmã sobre os sucessos não reais de sua vida, conta que ela namora a anos o menino das cartas. O único problema é que o nome que Ji-Pyeong usou para escrever não é o dele próprio, mas sim o do garoto prodígio em matemática, Nam Do-San. Desesperados em não querer revelar para Dal-Mi a mentira que eles contaram, a avó da menina e Ji-Pyeong se juntam para procurar pelo verdadeiro Nam Do-San para que ele mantenha a história das cartas e possa ajudar Dal-Mi na disputa com sua irmã mais velha.

Dal-Mi também procura sozinha por Nam Do-San e acaba por encontrá-lo antes mesmo da avó e de Ji-Pyeong, mas o menino prodígio da matemática que foi visto nos jornais por esses dois acaba tendo um destino bem diferente do esperado. Tímido, retraído e inseguro, Do-San não teve a ascensão na programação que seus pais tinham projetado para ele e tem uma pequena empresa praticamente falida ao lado de dois amigos. Nem perto de ser o que Dal-Mi precisa para impressionar a irmã, Do-San é arrastado para o universo da menina quando Ji-Pyeon promete a ele que vai ajudá-lo se ele manter a mentira das cartas para ela.

Do-San inicialmente recusa, mas depois de pensar o quanto Dal-Mi talvez precise de apoio para enfrentar a irmã mais velha, ele acaba aceitando e junto dela embarca em uma jornada para descobrir quais inseguranças o barraram de seu destino e pode acabar descobrindo que, por mais que não seja o menino verdadeiro das cartas da infância de Dal-Mi, ele talvez deseje ser sim alguém que ela possa amar.

Em meio a segredos, mentiras e muitos sonhos, Dal-Mi, Do-San, Ji-Pyeon e mesmo In-Jae vão ver-se em meio a disputas do mundo dos negócios, a dificuldades de se levar seus sonhos adiante quando nem todos os recursos estão à disposição e vão precisar aprender a confiar mais em suas próprias jornadas para finamente obterem aquilo que tanto almejam: a chance de mudar o mundo com uma ideia.


Divertido, emocionante e inspirador, “Apostando Alto” foi um k-drama que vi sem nenhuma expectativa em mente e justamente por isso ele talvez tenha aberto com facilidade o caminho para se tornar um dos meus dramas favoritos do ano. Narrativas sobre rivalidade em família tendem a não ser minhas favoritas, mas aqui, a aparente rixa entre Dal-Mi e In-Jae foi tratada de um modo tão suave e com tantos argumentos fortes para a mágoa entre elas que toda a trajetória fez sentido, principalmente porque conseguimos facilmente entender ambas.

Dal-Mi, como protagonista, naturalmente ganha mais a empatia do telespectador, sua trajetória difícil, movida aos sonhos próprios e com a vontade enraizada que ela tem de provar que o pai nunca esteve errado em sonhar alto, faz com que seja simples gostar dela. In-Jae, por outro lado, é mais difícil, mas não menos provável de ganhar simpatia conforme ela e Dal-Mi interagem de forma mais madura com o passar dos episódios. Com uma relação de irmãs tão interessante, difícil e, por vezes, capaz de nos fazer chorar, o núcleo narrativo das duas apresenta problemáticas sobre machismo, abandono parental e luto, assim como apresentam a avó de ambas como uma figura que, para Dal-Mi representou todo o solo materno que ela perdeu ao ver a mãe ir embora e, para In-Jae, significa a vida que ela deixou para trás e que talvez queira recuperar mesmo sem admitir.

Outro aspecto especial da narrativa é o núcleo da avó de Dal-Mi com Ji-pyeong. Desde os flashbacks até as interações do presente, os dois formam um enredo fofo e triste ao mesmo tempo, com Ji-Pyeong sendo uma criança órfã cuja jornada era ainda mais difícil por não ter recursos e apoio algum ao seu lado, até a avó de Dal-Mi abriga-lo e tornar-se um pilar emocional para ele. Sentindo que está em dívida com ela, após já estar bem sucedido, várias vezes Ji-Pyeong tenta pagar a ela o que ele presume que deve e a senhora recusa por falar que tudo que precisa é que ele seja feliz. Ao lado dela os dois protagonizam cenas de fazer chorar e que mostram a força de relações familiares costuradas não por sangue, mas por amor genuíno entre os laços. É por causa dela que Ji-pyeong se dedica a ajudar Dal-Mi e, por consequência, Do-San, a realizarem seus sonhos, mas o passado das cartas e da mentira que ele e a avó dela inventaram torna-se um daqueles elementos narrativos que fazem com que o espectador queira assistir episódio a episódio de forma seguida para descobrir quando a mentira vai ser revelada e quais consequências pode gerar para todos eles.

Na narrativa de Do-San encontra-se também outro enredo que traz problemáticas que tanto conduzem o espectador a reflexões sobre insegurança e pressão em cima da criação dos filhos, quanto fazem com que o personagem ganhe o carinho do público, transformando-o num dos melhores protagonistas do k-drama e cuja relação com Dal-Mi transforma-se em algo especial de acompanhar. Do-San, desde criança, foi projetado como gênio da família, destinado a altos cargos que realizariam os sonhos de seus pais. Contudo, tanta projeção o fez sentir-se mais pressionado do que motivado e o medo de desagradar o condena a um futuro de falta de confiança em si mesmo. A dimensão do que isso causa nele é algo que aos poucos Dal-Mi vai conhecendo e ver como eles dois superam essas barreiras da infância sedimenta a relação de ambos como algo para além dos segredos que eles escondem.

Idealizando o mundo dos negócios e a jornada de ascensão de jovens empresários, “Apostando Alto” ameniza as dificuldades do mercado de trabalho com o objetivo de ressaltar mais o aspecto de que os sonhos são todos possíveis, o que é algo a se levar em consideração ao assistir. Contudo, mesmo em meio ao momento idealizado do mercado, o k-drama consegue mostrar as adversidades, as decepções e todos os pesados jogos de poder e dinheiro que envolvem o mercado, sem nunca deixar de lado a defesa principal da história que é a de que sonhar e realizar o sonho podem sim ser coisas que andam lado a lado.

Assim, com personagens envolventes, tramas individuais que rendem reflexões sobre família, amor e medo e com casais pelos quais torcemos fortemente durante o desenvolvimento do k-drama, “Apostando Alto” entrega uma série de qualidade, com atuações incríveis, uma trilha sonora viciante – “Future” não vai sair da sua cabeça – e um roteiro viciante que tornam esse um dos melhores dramas de 2020, sendo uma excelente recomendação para todo mundo que já ama esse produto de mídia e também uma boa porta de entrada para aqueles que desejam conhecer o universo das séries sul-coreanas.

APOSTANDO ALTO

Diretor: Park Hye-Ryun

Elenco: Bae Suzy, Nam Joo-hyuk, Kim Seon-ho, Kang Han-na

Ano de lançamento: 2020

Empenhados em transformar sonhos virtuais em realidade, jovens empreendedores competem por sucesso e amor no implacável mundo da alta tecnologia coreana. Assista o quanto quiser. Bae Suzy volta a trabalhar com os criadores de While You Were Sleeping nesta comédia romântica com Nam Joo-hyuk.

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