Artemis é o segundo livro do autor Andy Weir e foi lançado no Brasil pela editora Arqueiro.

SOBRE O LIVRO

Jass Bashara é uma jovem cidadã artemiense, a primeira cidade lunar. Morando desde os seis anos de idade lá, Jass tem uma vida simples e vive em busca de bicos para poder se sustentar. Entre um contrabando e outro, ela consegue ter um pouco de conforto e seguir em frente.

Mas tudo promete mudar quando um ricaço de Artemis faz a ela uma proposta atentadora: muito dinheiro em troca de um serviço sujo, arriscado e perigoso. Afinal, a tarefa se encontra fora das paredes de segurança da cidade, e lá fora só tem vácuo e radiação. Qualquer erro pode acabar em morte.

“A vida em Artemis, a primeira e única cidade na Lua, é difícil se você não é um turista rico ou um bilionário excêntrico.”

Mesmo assim, Jass aceita a missão, mas durante uma tentativa de executar o plano, a situação foge ao seu controle e o que parecia ser um mar de rosas se torna em um grande pesadelo. Um ameaça não apenas à vida dela, mas também de todos os habitantes de Artemis. Agora, ela terá que usar todas as suas cartas para sair viva desse jogo perigoso.


MINHA OPINIÃO

Depois de quase cinco anos sem aparecer, o autor de Perdido em Marte resolve surpreender mais uma vez ao criar uma narrativa que, desta vez, se passa bem pertinho da Terra. E mais: juntando ciência, humor e um suspense de tirar o fôlego. A forma perfeita, certo? Bom, não foi bem isso que eu achei.

Jasmine “Jass” Bashara é uma cidadã artemiense e árabe-saudita. Nasceu na Terra, mas mora na lua desde os seis anos de idade. Desde muito nova mostrava aptidão para metalúrgica e ciência em geral, mas uma série de escolhas erradas ao longo de sua vida a fizeram ter uma vida mediócre. Hoje, com 26 anos, ela sobrevive graças aos contrabandos que consegue fazer dentro da cidade lunar.

” A Lua é uma puta velha e malvada. Ela não se importa em saber por que seu traje falha. Ela simplesmente mata quando isso acontece.”

Ter o background da personagem ajuda a compreender porque ela aceita meio que de cara a oferta que lhe renderia milhões de grades (o dinheiro de Artemis). Era a oportunidade perfeita de mudar de vida, corrigir alguns erros do passado e abandonar de vez a vida ilegal. Quem recusaria tal oferta? O problema é que como Jass sempre fez escolhas erradas, não seria esta a mais esperta de todas. E de fato, a protagonista sente na própria pele o prejuízo de não pensar melhor nas decisões que toma.

Artemis é uma cidade fundada pelo Quênia e que mais tarde recebeu investimento de outros países. Virou centro de turismo espacial, o que ajudou a promover o crescimento. Mas como não pode ser reconhecida como nação, nem ter uma “lei” específica por ser comunitária, há muitas brechas no que pode ser feito ou não ali. Logo, não é de se admirar que muitos ricões da Terra usem a cidade como ponto estratégico para desviar dinheiro, lavar cédulas e até mesmo cometer outros tipos de crimes fiscais.

Conforme a trama vai se desenrolando, a protagonista vai nos apresentando todos estes nuances da cidade, com seus lados positivos e negativos. Com muito bom humor, Jass nos pega pela mão e nos leva em um grande passeio pela futurística cidade lunar. E de fato impressiona e dá até uma sensação boa imaginar como seria ter uma cidade na lua, apesar dos defeitos que a trama revela.

“Fábricas podem ser reconstruídas. Pessoas, não.”

O livro já desconstrói boa parte do que se espera dele: uma cidade sem leis, onde vivem pessoas de várias etnias e países, uma protagonista que bota os homens dali no seu devido lugar, e o melhor: praticamente zero protagonismo norte-americano. Achei sensacional o autor imaginar que um país de terceiro mundo conseguiria ascender na economia e ser a pioneira na colonização espacial.

Também gostei muito da forma como o Brasil é inserido na narrativa. Dado ao nosso momento político atual, envolvendo tantos escândalos e roubalheira, não vi melhor crítica do que do jeito que o país se faz presente em Artemis. Ótima sacada, Andy!

Entretanto, quando se narra um livro em primeira pessoa, há duas coisas que podem dar errada: ou você torna o leitor tendencioso a acreditar só no narrador, ou você perde as ações envolta do personagem. Neste caso, aconteceu o segundo. Como é só a Jass que narra, não temos uma visão ampla de tudo que está acontecendo e ao mesmo tempo na cidade. Não vemos o perigo imediato, o risco que a personagem corre. Enfim, sabemos o tempo todo que ela vai se safar de algum jeito. Isso é frustrante, pois a história fica morna, previsível, subaproveitada.


“Não nos importamos com o que as pessoas fazem sexualmente, desde que todos sejam adultos e consintam.”

O segundo ponto, e acredito até que é o mais grave, é a forma como o personagem cria algumas ações da protagonista. Em vários momentos ela se chama de “vagabunda” ou diz estar parecendo uma “prostituta” e outros termos de nível parecido. Achei totalmente desnecessário ter isso na narrativa e completamente ofensivo. Acho que faltou um pouco de bom senso do autor ao usar estes termos depreciativos.

Enfim, não é um livro ruim. Só não é tão sagaz quanto Perdido em Marte. Se a trama é pouco explicativa, não a compreendemos. Quando é mastigada de mais, fica sem graça. É necessário ter um equilíbrio, explicar, mas ao mesmo tempo, não entregar demais. Dessa forma sim, a narrativa se mantém boa do começo ao fim.

 

ARTEMIS

Autor: Andy Weir

Tradução: Alves Calado

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2019

Jazz Bashara nunca desejou ser uma heroína. na verdade, ela é uma criminosa, uma pequena contrabandista. A vida em Artemis, a primeira e única cidade na lua, é difícil se você não for um turista ou um empresário rico, ainda mais se está com dívidas e seu trabalho mal cobre o aluguel. Por isso, quando surge a oportunidade de ganhar uma enorme quantia cometendo o crime perfeito, Jazz não consegue recusar. A questão é que esse delito é apenas o começo de seus problemas, pois a fará cair no meio de uma conspiração pelo controle de artemis. Impulsionada pela narrativa sarcástica da protagonista, ambientada em uma cidade imaginária, mas extremamente familiar, Artemis é outra mistura irresistível de ciência, suspense e humor de Andy Weir, o autor de Perdido em Marte.

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