Asiáticos Podres de Ricos é o primeiro livro da série Crazy Richs Asians, do autor Kevin Kwan.  O lançamento é de 2018 pela editora Record.

Sobre o Livro

Rachel uma garota asiática que vivera praticamente toda sua vida nos Estados Unidos. Filha de uma mãe solteira que ralou muito para ter uma vida confortável, a mocinha deste livro é uma acadêmica extremamente inteligente, simplona e que não tem desejos exorbitantes na vida. Há dois anos mantém uma relação cheia de carinho e parceria com Nick, um professor asiático super reservado e ainda assim envolvente. A vida a dois é tranquila, sem excessos, e mesmo que eles ainda não tenham conversado sobre isso, a relação caminha para aquela direção em que o casal faz juras de amor e fidelidade e troca alianças.

Ao ser convidado para ser padrinho de casamento de seu melhor amigo, Nick insiste que Rachel o acompanhe. A ideia inicial é apresenta-la aos amigos, família, participar da cerimônia e aproveitar o restante do verão pela Ásia. Até aí tudo bem, certo? Seria, se não houvesse um pequeno detalhe: Nick é simplesmente um multimilionário, integrante de uma das dinastias mais tradicionais e respeitadas de Cingapura, herdeiro de um império que não conhece limites e de uma fortuna impossível de ser avaliada. E não contou nada disso para a namorada.

“Para mim, chega de estar ao lado desses asiáticos podres de ricos, dessas pessoas cujas vidas giram em torno de ganhar dinheiro, gastar dinheiro, de ostentar dinheiro, de comparar dinheiro, de esconder dinheiro, de controlar os outros com dinheiro, de arruinar a vida dos outros com dinheiro.”

A viagem se transforma em uma aventura cheia de descobertas, relacionadas não somente aos segredos de Nick, mas também a um mundo cheio de uma megalomania que abraça a arte, a alta costuma, os investimentos financeiros e várias outras questões de gente muito diferente de nós, simples mortais da classe trabalhadora. E não é só a protagonista que fica abismada com todas essas descobertas, o leitor também se vê envolvido nas disputas e intrigas familiares, em passeios gastronômicos exclusivos e nos desfiles de grifes famosas. Este livro é uma viagem incrível para os sentidos, um mergulho profundo em uma parte da cultura asiática que é para poucos.


Minha Opinião

Quando li a sinopse deste livro e descobri que iria virar filme, fiquei bem curiosa para conhecer a história. Comecei a leitura toda animadinha achando que era um romance divertido e fofinho, daqueles que faz a gente suspirar e se derreter conforme a narrativa avança. Claro que eu não podia estar mais enganada! Primeiro veio a confusão: a narrativa em terceira pessoa oferece vários pontos de vista, são personagens demais, que se misturam numa miscelânea de famílias e títulos que nem sempre fazem muito sentido. Daí vem o nome desses personagens, as expressões usadas em diferentes dialetos, as particularidades de cada família, uma explosão de informações que fazem a leitura se demorar demais. Mas se não for assim, devagar, a gente não retém a informação; e assim muito da narrativa pode perder o significado.

Passado esse susto inicial e após aprender a fazer bom uso das enormes notas de rodapé, vem o choque, que é sentido conforme a própria protagonista vai se dando conta de onde se meteu. Ela é uma mulher simples, daquelas ‘gente como a gente’, que trabalha para pagar as contas e que não faz questão de abrir mão do que é necessário para viver qualquer tipo de luxo. Então ela se depara com viagens de primeira classe, passeios de carro com escolta, passeios por lugares exclusivos e paradisíacos, pessoas usando marcas famosas enquanto tomam o brunch. A descrença dela nisso tudo é a nossa própria descrença, porque nessa história tudo é demais. Tudo é excessivamente demais. E acredito que foi justamente aí que o autor acertou.

“- Não faço a menor ideia de quem essas pessoas são. Mas uma coisa eu posso garantir: essa gente é mais rica do que Deus.”

Quando o Kevin Kwan leva estes personagens à Cingapura e começa a explicar como funciona a hierarquia das famílias, ele não está apenas falando sobre fortuna e tradição, ele está satirizando uma parte da cultura asiática que é narcisista e preconceituosa até com os seus. Isso fica claro quando acompanhamos a Rachel tentando entender e aceitar a família de Nick; com um pai que fugiu para a Austrália para viver velejando e aproveitando a vida porque sua saúde mental dependia disso. E com uma mãe fria e manipuladora que acredita ser a detentora do poder sobre a vida de todos e que não mede esforço para conseguir o que deseja.

Eleanor quer decidir quem fica com quem, quando e onde. E não gosta nada quando percebe que seu filho está apaixonado por uma mulher que não tem o ‘pedigree’ que ela considera necessário. Aqui, onde sucesso profissional não é algo que se valorize e aonde o casamento e a maternidade são o maior status de sucesso para uma mulher (independente se é isso que ela almeija para a própria vida), é inaceitável que o herdeiro de uma nas maiores fortunas da Ásia decida juntar as escovas de dentes com uma simples professora.

“Trinta segundos depois de saber o nome dela e onde morava eram o bastante para Eleanor pôr em ação seu algoritmo social e calcular precisamente o local que a mulher ocupava em sua própria constelação, com base em quem eram seus parentes, qual o seu valor liquido aproximado, a origem de sua fortuna e quais escândalos familiares teriam ocorrido nos últimos cinquenta anos.”

O preconceito e a opressão, que estão enraizados em todo o núcleo, mas principalmente nas personagens femininas, se mostram nas várias esferas da narrativa, de diversas maneiras e tamanhos. Desde o desejo de se ter a pálpebra dupla das ocidentais (característica associada à beleza) recorrendo muitas vezes a procedimentos estéticos para isso, até o costume de aceitar uma traiçãozinha no casamento, porque o que importa é manter as aparências e divórcio é uma palavra que não existe em nenhum dos vocabulários dali. É por isso que a gente se depara com casamentos e amizades de aparências, relações superficiais e cheias de manipulações que transcendem qualquer maquinação já vista.

E no meio disso tudo a gente vai reconhecendo que existe também uma parte boa, que nos é apresentada na forma de Astrid, prima de Nick e uma das personagens mais interessantes deste livro; Colin, o noivo, o melhor amigo do protagonista, que guarda no peito mais sentimentos do que deixa transparecer; e Peik Lin, a amiga maluquinha e de coração enorme que Rachel tem a sorte de ter por perto.

Mesmo que conheçamos personagens amorzinhos que vêm para equilibrar um pouco a balança, a gente se depara com cada situação inacreditável, que só consegue digerir porque o autor fala sempre em tom de ironia, sempre tirando sarro, sempre satirizando o excesso.  É por isso que, entre uma risada histérica e um suspiro horrorizado do leitor, mantém nossa atenção presa nas páginas até que o final chegue e a gente ainda queira mais. Esse querer mais, aliás, vem não somente porque a gente tem consciência de que a história pode render mais leituras interessantes (e filmes), mas principalmente porque o livro termina em uma parte crucial, deixando o leitor com uma sensação de ‘e agora?’.

Essa sensação ruim diminui um pouco ao sabermos que a sequência deste livro, ainda sem data de publicação por aqui, vai justamente trabalhar as questões que ficaram em aberto. China Rich Girlfriend, portanto, ‘fecha’ a história de Rachel e Nick, enquanto o terceiro livro desta série, Rich People Problems, direciona sua atenção para outros personagens da trama. Ah, aproveito para deixar uma dica: façam uso as informações extras que o autor disponibiliza. O gráfico que existe nas primeiras páginas e que apresenta resumidamente cada personagem não está ali em vão. Muito menos as notas de rodapé (que muitas vezes são gigantes). Sem essas ferramentas a leitura pode ser muito complicada. Isso porque são muitos personagens, tantos que a gente se perde, esquece quem é quem, não consegue pronunciar os nomes e muito menos memorizar de qual clã aquela pessoa faz parte. São tantos números, dados estatísticos e referência a pessoas aparentemente famosas que se a gente bobear, acaba não lembrando mais do próprio nome.

ASIÁTICOS PODRES DE RICOS

Autor: Kevin Kwan

Editora: Record

Ano de publicação: 2018

Best-seller internacional que inspirou uma das mais aguardadas adaptações cinematográficas do ano. Quando Rachel Chu chega a Cingapura com o namorado para o casamento de seu melhor amigo, imaginava passar dias tranquilos com uma simpática família. Só que Nick não mencionou alguns detalhes, como o fato de sua família ter muito, muito dinheiro, que ela viajaria mais em jatinhos particulares do que de carro e que caminhar de mãos dadas com um dos solteiros mais ricos da Ásia era como ter um alvo nas costas. Logo, Rachel percebe que não será poupada das fofocas e intrigas. Isso sem falar na mãe de Nick, uma mulher com opiniões bem fortes sobre com quem o filho deve – ou não – se casar. Um passeio pelos cenários mais exclusivos do Extremo Oriente – das luxuosas coberturas de Xangai às ilhas particulares do mar da China Meridional –, Asiáticos Podres de Ricos é uma visão do jet set oriental por dentro. Com seu olhar satírico, Kevin Kwan traça um retrato engraçadíssimo do conflito entre os novos-ricos e as famílias tradicionais em seu romance de estreia, que já fez milhares de leitores chorarem de tanto rir no mundo todo..

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