Treze anos após o grande sucesso de Avatar (2009), o diretor e roteirista James Cameron volta a Pandora, com Avatar: O Caminho da Água (2022), e a retumbante promessa de revolucionar o cinema.

Desta vez dividindo o roteiro com Amanda Silver e a produção com Jon Landau, Cameron reviveu a franquia que detém até hoje a maior bilheteria registrada. Os efeitos visuais foram coordenados por Pavani Rao Boddapati, e a música é de composição de Simon Franglen.

No longa, anos se passaram após os acontecimentos de Avatar. Sully (Sam Worthignton) e Neytiri (Zoe Saldana) construíram uma família e vivem em paz, até que um velho inimigo volta ao ataque, e não só eles como toda a Pandora se vê sob ameaça. Acompanhamos então a jornada do grupo enquanto buscam refúgio com o povo do mar, até que a luta se torne inevitável.

A sinopse é extremamente genérica, e o trailer se apoiou pesadamente no (incrível) visual, sem entregar quase nada da trama. Isso me deixou muito apreensiva, ainda mais quando combinado com as 3 horas e 15 minutos de filme, o que seria um tempo absurdamente longo para algo que não parecia ter história em si. Mas eu não podia estar mais errada: não tirei os olhos da tela em nenhum momento. Cada minuto é utilizado para desenvolver o arco principal, arcos narrativos secundários (dos quais houve vários) ou a construção de mundo, expandindo a mitologia.

O que me leva ao fato de que não senti ser totalmente necessário conhecer em detalhes o primeiro filme. Acrescentaria muito na compreensão, claro, mas saber o que aconteceu no geral é mais do que o suficiente, e pontos mais essenciais são explicados em maior detalhe nesta sequência.

Afinal, na maior parte do tempo acompanhamos as crianças do filme, que comandam a história enquanto o passado de seus pais a inicia. Lo’ak (Britain Dalton) é o verdadeiro protagonista, com seus inúmeros erros juvenis, ainda que vindos de um bom coração, e seus irmãos, sejam de sangue ou criação, o acompanham nas aventuras: Neteyem (Jamie Flatters) é o mais velho, correto e que segue os passos do pai; Kiri (Sigourney Weaver), com sua conexão espiritual com Pandora; Spider (Jack Champion), o humano que vive entre os Na’vi; e a pequena Tuk (Trinity Bliss).

Não vou dizer quem é filho de quem, não só por alguns serem uma surpresa, mas também porque a mensagem do filme perpassa muito fortemente a noção de família como algo muito maior do que isso.

Como uma extensão da temática familiar vem todo o aspecto da relação entre sociedade e natureza, já parte do primeiro filme da franquia e realmente o carro chefe deste segundo. Tudo o que acontece pode ser interpretado sob o olhar da importância de reconhecer o mundo ao redor como parte de nós, além das críticas ao olhar capitalista da humanidade sobre a natureza. Inclusive, acredito que a motivação pessoal do vilão seja um pouco “boba” por ser mais uma fachada para essa crítica do que algo por si só.

E se toda essa dinâmica dos personagens entre si e com a natureza já é linda por si, os visuais dispensam comentários. Tudo na animação parece absurdamente real, e a fotografia usa disso a cada momento. Infelizmente, o maior problema do filme também vem da tecnologia: a velocidade da imagem oscilava em diversos momentos, causando um certo ruído, e as sequências de ação acabaram muito semelhantes a animações de videogame, o que destoava muito do tom geral.

Dois outros pontos que podem ser considerados negativos, mas que pessoalmente não me incomodaram, dizem respeito à trama. Como já disse, há várias pequenas narrativas e tudo progride de forma bem lenta, principalmente os elementos relacionados à conexão com a água e seus animais. Além disso, há detalhes que ficam, sim, sem resposta, e enquanto Avatar funcionava bem sozinho, O Caminho da Água carece da sequência prometida para “amarrar” a história.

O caminho da água não tem começo nem fim.

Me parece estranho comentar a atuação em um filme tão impressionantemente computadorizado, e ainda assim posso dizer que todos no elenco fizeram um trabalho excelente. Talvez à exceção de Jamie Flatters, o qual senti que teve os diálogos menos fortes, os demais acrescentaram um tom profundamente visceral à personagens já tão vívidos no visual.

No final das contas, Avatar: O Caminho da Água não é tão impecável quanto esperado, mas me surpreendeu com a sensibilidade da trama, e com certeza encanta em vários pontos. Senti as dores e motivações dos personagens e terminei o filme em lágrimas, o que na minha opinião torna o longa mais especial do que o aspecto técnico tão aguardado.

AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA

Diretor: James Cameron

Elenco: Sam Worthignton, Zoe Saldana, Britain Dalton, Jamie Flatters, Sigourney Weaver, Jack Champion, Stephen Lang, Kate Winslet

Ano de lançamento: 2022

Uma década após os eventos do primeiro filme, Avatar 2: O Caminho da Água começa a contar a história da família Sully: Jake, Neytiri e seus filhos. A trama apresenta os perigos que os esperam, os esforços que fazem para se manterem seguros, as batalhas que enfrentam para sobreviver e as tragédias que suportam.

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros