Bom dia, Verônica é um livro dos autores nacionais Raphael Montes e Ilana Casoy lançado no brasil pela Darkside Books em 2016, com nova edição em 2019. Atualmente, ambas edições não estão mais disponíveis, sendo comercializado pela editora Companhia das Letras, com nova edição.
Sobre o Livro
Verônica é uma secretária da polícia civil de São Paulo no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa e vive uma rotina monótona. Tudo muda quando, em mais um dia que ela acreditava que seria comum, Marta Campos vai a delegacia fazer uma denúncia de um golpe que havia sofrido através de um site de relacionamentos.
Sentindo-se deprimida e humilhada pelo golpe que havia sofrido, tudo piora quando Carvana, o delegado, faz pouco caso da história de Marta. Novamente humilhada e desprezada, ela salta da janela da delegacia para a morte, sendo testemunhada por Verônica e suas últimas palavras direcionadas a ela: “agora ele vai ser capaz de me amar”.
“Comigo em ação, sem dúvida, o mundo seria um lugar melhor.”
Verônica tenta insistir na investigação do caso, mas é recusada pelo chefe. O que ela não esperava era que mais um caso caísse em sua mesa: ela recebe uma ligação de uma mulher chamada Janete, que afirma que seu marido mata mulheres. Mais uma vez acaba por ver um caso desprezado pelo delegado.
Assim, cansada do descaso de Carvana com a maioria dos casos que surgem na delegacia, movida por um senso de justiça por Marta além de intrigada com suas últimas palavras, e preocupada com a segurança de Janete, ela embarca em duas investigações por conta própria. Contudo, os casos, principalmente do marido de Janete, um membro da polícia militar, se mostram mais macabros do que ela poderia imaginar.
Essa foi minha segunda tentativa de leitura desse livro, e dessa vez bem sucedida. O livro tem dois pontos de vista: Verônica com suas investigações e Janete, esposa de um abusador e assassino de mulheres. Na primeira vez que li, abandonei a leitura em aproximadamente vinte por cento devido a primeira cena mais descritiva que acontece no livro. Violência sexual não é um gatilho para mim, mas me gerou tremendo desconforto que não consegui dar continuidade na leitura, então reforço o aviso de gatilhos aqui.
Quando peguei o livro pela segunda vez, já sabia o que viria, e também que a tal descrição se tratava muito mais de um pensamento distorcido da personagem do que um retrato da realidade e assim prossegui até o fim da leitura.
“Não chorei as dores do mundo, mas minhas dores já eram suficientes para me inundar por completo.”
Inicialmente o ponto de vista de Janete foi muito mais interessante e torcia para que capítulos dela surgissem, e mesmo seguindo dessa forma até o final da leitura, as partes de Verônica se tornaram mais interessantes com o tempo à medida que a investigação sobre a história de Marta avançava. Então, em dado momento, estava envolvida por ambos os casos.
Entretanto, houve um ponto negativo na narrativa de Verônica: a narrativa propriamente. Os capítulos de Verônica tinham uma descrição mais simples e direta, menos rebuscada, o que eu considero uma narrativa mais “fraca”, principalmente levando em conta o gênero. Contudo, a história estava tão interessante que esse detalhe não prejudicou completamente a minha experiência, mas não posso dizer que passou despercebido.
Aliás, Verônica foi extremamente irritante. Vi suas atitudes, além de burras, como imprudentes e inconsequentes, não pensando um palmo além do próprio nariz e seu senso de justiça completamente distorcidos. Ações que colocam pessoas em risco, manipulação disfarçada de preocupação e vontade de ajudar. Além do descaso com a própria família, incluindo seus filhos. Apesar de tudo isso, foi uma personagem que eu gostei de não gostar, e não algo que afetou negativamente a leitura.
No entanto, o final do livro me fez pensar muito se esses traços não eram propositais, o que aparentemente eram, considerando o desfecho da personagem. Então, valeu ainda mais a pena passar raiva com Verônica.
“Perdi meu mundo naquele dia e não sobrava ninguém para sustentá-lo.”
Fazer teorias me é algo intuitivo. Eu não penso sobre, normalmente elas vem a minha mente, então não é algo que acontece com toda leitura, e em “Bom Dia Verônica” tive algumas, mas que estavam erradas no fim. Porém, muitas vezes eu nem sabia o que esperar, principalmente relacionadas ao final.
E que final! Me parece que qualquer livro que tenha Raphael Montes terá um final impecável. Com certeza foi surpreendente por ser algo que eu não estava esperando, mas é muito mais que isso. O elemento surpresa ficou mais para a criatividade e para a revolta. Além disso, como já citei, mudou a minha perspectiva sobre a Verônica e fez a leitura valer ainda mais a pena. Aumentei meia estrela na avaliação por conta dele.
“Bom dia, Verônica” foi uma leitura onde meu envolvimento foi crescendo ao longo dela e me despertou diversos sentimentos. Indico o livro para aqueles que gostam de suspenses/thrillers, principalmente de histórias que fazem o estômago revirar e para os fãs do Raphael Montes.
BOM DIA, VERÔNICA
Autor: Raphael Montes e Ilana Casoy
Editora: Darkside Books
Ano de publicação: 2019
A rotina da secretária de polícia Verônica Torres era pacata, burocrática e repleta de sonhos interrompidos até aquela manhã. Um abismo se abre diante de seus pés de uma hora para outra quando, na mesma semana, ela presencia um suicídio inesperado e recebe a ligação anônima de uma mulher clamando por sua vida. Verônica sente um verdadeiro calafrio, mas abraça a oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas e decide mergulhar sozinha nos dois casos. Um turbilhão de acontecimentos inesperados é desencadeado e a levam a um encontro com lado mais sombrio do coração humano.