Descendo do Palco é o segundo livro de Boston Boys, da autora Giulia Paim. O lançamento é de 2017 pela Globo Alt.

*Esta resenha contém spoiler do livro anterior

Sobre o Livro

Em Boston Boys I conhecemos Veronica Adams, a Ronnie, e toda a sua história desastrada envolvendo a Boy Band que dá nome ao livro. O primeiro volume termina com a possibilidade do trio se transformar em quarteto, quando Suzie, mãe de Ronnie e agente dos garotos, tem a ideia de buscar um novo integrante para a banda. Boston Boys II – Descendo do palco, inicia deste ponto e acrescenta à trama personagens que prometem aumentar a dose de trapalhadas na história.

Ronnie sabia desde o começo que não seria tarefa fácil mexer na composição de Boston Boys. Não somente porque o público já estava acostumado com o trio Mason, Ryan e Henry, mas porque tinha certeza que o egocêntrico vocalista não aceitaria perder o foco dos holofotes assim, tão facilmente. Mas Suzie não ouve a opinião da filha e decide que essa mudança pode aumentar não só o interesse, mas atenção dos fãs da banda.

“Como era bom poder confiar nele novamente! A quem eu estava enganando? Estava com saudade daquele folgado mimado insuportável”.

A seleção para escolha do novo integrante traz à história Daniel Young. Seu possível papel na banda e na série de TV, bem como a amizade que surge entre ele e Ronnie, mexe não só na estrutura física da banda, mas também com o sentimento de diversos personagens, Mason principalmente. A partir daí já podemos imaginar a quantidade de confusão em que os adolescentes vão se meter, nos mais diversos cenários: festas luxuosas, viagens inesquecíveis, estúdios de gravação ou no jardim da casa de Ronnie, normalmente habitado pela furiosa paparazzi Piper Longshock.

Além disso tudo, Boston Academy entra na jogada. Uma nova série de televisão promovida pela mesma emissora, com público alvo igual e premissa semelhante, promete causar um alvoroço na vida de Ronnie e dos garotos. Isso porque essa novidade pode balançar a vida profissional e pessoal desses adolescentes, afinal, agora eles terão concorrentes. A impressão é que Boston ficará pequena para essa turma.


Minha Opinião

A sequência de Boston Boys mantém as mesmas características de seu antecessor, usando humor e drama para dar o tom da história. O livro inicia com a ideia de que a banda está mais fortalecida, que a quase saída de Mason – no livro anterior – serviu para estreitar os laços não somente entre os três garotos, mas entre Ronnie, sua irmã Mary e a amiga, Jenny. Mas, como no universo criado por Giulia Paim tudo que é bom dura pouco, toda essa harmonia é colocada em risco quando Daniel surge na trama. Era de se esperar que este novo elemento diferenciasse o ritmo história, e de fato faz.

Posso dizer que Daniel é meu personagem favorito, ou, pelo menos, o mais factível. Um garoto talentoso, que trabalha para conseguir realizar seus sonhos, cuidadoso com a irmã caçula e aquele tipo de amigo que todo mundo gostaria de ter por perto.  O personagem rapidamente ganha a afeição da protagonista, que a princípio torce para que ele se torne um Boston Boy, mesmo sabendo o quanto isso pode abalar as estruturas da banda. Essa aproximação dos dois acaba despertando sentimentos contraditórios em Mason e esse clima de disputa perdura por toda a história, sendo responsável por diversas cenas que deveriam ser dramáticas ou engraçadas, mas que pecam pelo excesso. Isso deixa a sensação de que algumas situações aconteceram de maneira forçada não só para os personagens, mas principalmente para o leitor.

“Se ‘compreensão de sentimentos’ fosse uma matéria na escola, eu com certeza estaria de recuperação”.

A reunião para falar sobre as mudanças na banda é um exemplo disso. Suzie, mãe de Ronnie e agente da banda, continua se comportando de maneira passivo-agressiva, e por conta disso toma uma decisão nada adequada para alguém com a idade e posição que ela ocupa. Essa atitude coloca o leitor diante de uma cena cheia de gritos histéricos, olhares furiosos e corações partidos, com direito a plateia e tudo, de maneira totalmente desnecessária. A partir desse ponto confesso que a leitura se tornou mais difícil para mim, pois fortaleceu uma sensação de ‘forçação de barra’ que senti no livro anterior, e que me acompanhou até o final desta continuação.

Boston Boys é uma série interessante? Talvez seja. Para quem curte um estilo semelhante ao de fanfics, para quem gosta de ver personagens vivendo situações irreais ou desprovidas de bom senso, a leitura pode agradar. No meu caso, essas características foram justamente o que não me permitiram um maior encantamento com a narrativa. Aqui os personagens têm em torno de 16 anos, com exceção da irmã de Ronnie e Daniel, que são mais novas, ou dos adultos.

“[…] não importava quanto as coisas pareciam estar normais, sempre teria mais confusão na vida de alguém envolvido com Boston Boys.
Mas, sinceramente, não gostaria que minha vida fosse de nenhum outro jeito”.

Mesmo assim todo o núcleo demonstra comportamentos que estão aquém de suas idades, ou seja, infantilizam falas e atitudes de tal maneira que a história perde a credibilidade. Pode ser engraçado ver duas mulheres adultas fazendo joguinhos acerca do próprio trabalho, e para isso motivando uma competição desnecessária entre adolescentes? Pode. Pode ser interessante ver um filho tendo nas mãos o poder de decisão sobre a felicidade da própria mãe? Talvez. Tem leitor que aprecia, eu não gostei.

Nesta sequencia a autora acrescenta novos personagens que ganham importância ao longo do livro, mas também dá mais visibilidade a figuras que conhecemos em Boston Boys I. Piper ganha força e atenção, nos fazendo questionar qual seu papel nisso tudo: é uma perseguidora enlouquecida ou uma provável aliada? A Mãe de Mason aparece novamente permitindo que o leitor tenha um vislumbre da sua relação com o filho, desta maneira é possível compreender um pouco mais sobre a personalidade de Mason e alguns de seus comportamentos mais irritantes.

A ideia de romance entre Ryan e Karen continua subentendida, mas os sentimentos entre Ronnie e Mason ganham um novo tom. No fim das contas acredito que o livro pode ser capaz de agradar quem conseguiu se envolver com os personagens ou quem curtiu a história desde o começo, e o plot twist no final deixa a sensação de que esses leitores vão aguardar ansiosamente a continuação; infelizmente este não é o meu caso.

BOSTON BOYS #2: DESCENDO DO PALCO

Autor: Giulia Paim

Editora: Globo Alt

Ano de publicação: 2017

Depois de quase se separarem, os “Boston Boys” estão de volta, mais unidos do que nunca. Quer dizer… Isso até descobrirem que um novo membro irá ingressar na banda. Mas este não é o único problema dos garotos: em breve estreará um programa adolescente concorrente descarado de “Boston Boys” e os elencos das duas séries travarão uma disputa desonesta para ver qual é a melhor. E em meio a gravações, novas festas, uma nova viagem e, como sempre, novos mal-entendidos, vários climas de romance vão florescer…

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