Bottoms - Clube de Luta para Meninas (2023) | Crítica

Clube de Luta para Garotas, ou Bottoms, é um filme de comédia adolescente lançado em 2023, com Ayo Edebiri (The Bear) e Rachel Sennott (Shiva Baby). Está disponível no Brasil pela Amazon Prime Video.

Duas lésbicas “feias e sem talento”, PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri) são apaixonadas por líderes de torcida populares, mas não parece haver qualquer chance de terem sucesso.

Quando acabam acidentalmente ferindo o astro do time de futebol da escola, os boatos de que já foram presas as excluídas decidem criar um clube de autodefesa para conquistar garotas bonitas.

Com um título tão infantilmente engraçado como “Bottoms” (traduzido pela internet como “Passivonas”) e um elenco tão bom, seria trágico que esse filme fosse apenas mais uma tentativa de resgatar a aura das produções jovens dos anos 2000.

Clube de Luta para Meninas é refrescante: usa clichês como sua base, mas se mantém interessante ao colocar protagonistas LGBTQIA+ e apostando no absurdo para construir a comédia.

O filme não se leva a sério e é esperado que o espectador também não. O que começa como uma história básica de adolescentes deslocadas vai aos poucos revelando a complexidade dos assuntos que trata e o estranho universo que habita.

Os problemas do mundo real são representados de forma hiperbólica, deixando ainda mais óbvio o quão ridículos são. É hilário ver a torcida pelo time de futebol americano masculino do colégio Rockbridge Falls, tratando seus jovens como celebridades. Ao mesmo tempo há momentos em que sua risada é interrompida pelo pensamento de “espera, isso é bem horrível na verdade”.

Tem um aluno preso em uma jaula, garotas vendendo roupa íntima e planos que envolvem explosões, em meio a tudo isso, ainda é possível se relacionar.

Essas particularidades no tipo de humor e os elementos bizarros da narrativa não são interessantes para todas as pessoas, que podem sofrer com um pouco de vergonha alheia ou não achar graça nas mensagens distorcidas.

O conflito principal é baseado em uma trama de mentiras e falhas de comunicação que estão destinadas a desmoronar em algum momento. Exige um nível de suspensão de realidade para não ser muito frustrante.

O maior mérito do sucesso dessa história vai para as protagonistas e suas respectivas atrizes. É incrível ver plots tão clássicos de comédias pelo ponto de vista LGBT+, mantendo todos os elementos e personagens questionáveis, mas os atualizando e acrescentando camadas de críticas que passam até pelo humor mais tosco.

Josie (Ayo Edebiri) é uma ótima linha condutora para a história, uma jovem sem esperanças no amor que parece ser consideravelmente decente – ao menos perto de sua companhia caótica, PJ (Rachel Sennott). Mesmo com todas as razões possíveis para serem odiadas, a dupla é hilária de acompanhar.

Com lésbicas egoístas, improvisos impressionantes, socos e líderes de torcida, Clube da Luta para Meninas é a recomendação perfeita para os que sentem falta de comédias jovens e não tem medo de uma narrativa não convencional.