Original de 1973, Café da Manhã dos Campeões teve sua versão pela Intrínseca em 2019 carregado de ilustrações do próprio autor. Acabou se tornou um clássico contemporâneo nos Estados Unidos.

Sobre o Livro

Com objetivo de satirizar a sociedade estadunidense do século XX, a história é protagonizada por dois homens: Dwayne e Kilgore.

Dwayne é um vendedor de carros e refém do consumo de certas substâncias químicas que vão pondo sua cabeça às loucuras. Já Kilgore é um escritor de ficção científica mas que, por ser incompreendido, teve suas obras publicadas em uma revista pornográfica onde as ilustrações nada se identificam com suas histórias.

“Os piratas eram brancos. As pessoas que já habitavam o continente quando eles chegaram tinham a pele acobreada. Quando a escravidão foi introduzida no continente, os escravos eram negros. Cor era tudo.”

Sem se conhecerem antes, acabam se encontrando em um evento onde suas vidas irão mudar para o resto da vida. Mas antes de se encontrarem, vamos conhecendo coisas estranhas (e até bizarras) da história de vida deles.

Minha Opinião

De todos os livros que já li até agora nunca tive um sentimento de amor e ódio ao mesmo tempo por um livro. Quando terminei o livro passei a dizer: ”este livro é brilhante e ao mesmo tempo horrível.”

Talvez o autor quisesse brincar com os sentimentos de quem lê. No próprio prefácio já dizia que esse livro não era para ser amado. E é a partir daí que as coisas começam a ficar bizarras. Muito bizarras.

O livro de fato começa bem com críticas muito pontuais à alguns pequenos detalhes dos Estados Unidos. Depois as críticas se estendem para alguns tabus e questões sociais como sexualidade e racismo.

“Existem um quatrilhão de nações no universo, mas a nação da qual Dwayne Hoover e Kilgore Trout faziam parte era a única cujo hino nacional era um monte de besteira salpicada de pontos de interrogação.”

Há características únicas que Kurt brinca com o leitor. Primeiro que o narrador da história é participativo e em alguns momentos ele se insere na história mas de uma forma muito diferente da que eu tinha lido até agora. Outro elemento que ele sempre coloca são as repetições de algumas frases que ao longo do tempo vão mudando de significado e criando diferentes interpretações muito interessantes.

Ele também faz questão de a todo personagem que aparece na história descrever qual cor de pele o personagem tem e isso se mescla com os problemas raciais nos EUA que ele aponta indiretamente em sua história.

“O país de Dwayne Hoover e Kilgore Trout, onde ainda havia uma abundância de tudo, se opunha ao comunismo. A nação não acreditava que os terráqueos que possuíssem muito deveriam compartilhar seus bens, a menos que quisessem muito fazer aquilo, e a maioria não queria. Então eles não precisavam.”

Como disse, muita coisa bizarra acontece e a maioria envolve de alguma forma direta ou indireta a pornografia. Não é algo que me agrada em histórias, mas as bizarrices que o autor cria fazem com que tenha um humor único e pastelão nas suas histórias. Provavelmente era esse o jeitinho que ele queria.

É por isso que o livro é horrível e ridículo, mas ao mesmo tempo brilhante e único. Ele insere críticas sociais de uma forma tão humorística e pontual. E quando críticas mais sérias como o racismo ele as põe de forma sincera e nem um pouco simplória. Isso torna essa obra brilhante apesar de suas bizarrices torná-la horrível.

Se você está procurando um livro diferentão, este livro é para você. Aposte nesta leitura e veja depois como se saiu. De uma coisa eu sei: essa história é tão louca que ficarei para o resto da vida amando e odiando este livro.

​CAFÉ DA MANHÃ DOS CAMPEÕES

Autor: Kurt Vonnegut

Tradução: André Czarnobai

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2019

Neste livro — lançado originalmente em 1973, uma sátira sobre guerra, sexo, racismo, sucesso e política nos Estados Unidos — um dos personagens mais emblemáticos e alter ego de Vonnegut, o autor de livros de ficção científica Kilgore Trout, descobre que Dwayne Hoover, um vendedor de carros americano aparentemente normal, está levando a sua ficção ao pé da letra e perdendo o juízo. Com a ajuda de seus famosos desenhos, Vonnegut conduz o leitor por um texto bem-humorado e crítico da sociedade norte-americana neste clássico moderno que o consagrou como um dos autores mais instigantes do nosso tempo.

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