Código dos Homens Honestos foi publicado pela primeira vez em 1825 e foi escrito pelo francês Honoré de Balzac. Em 2018 foi publicado no Brasil pela editora Nova Fronteira.

SOBRE O LIVRO

Como um guia ou um manual para todos aqueles que, em sua honestidade, acabam sendo enganados por larápios e trapaceiros, como por exemplo: o estado da França em 1825. Visando tratar não de roubos realizados por minorias desfavorecidas que muitas vezes fazem do ato seu sustento, mas ao contrário, dos bem instruídos que tiram vantagem de sua suposta inteligência para enganar o homens honestos.

A criação de Balzac conta com o formato de um código, assim como os de Direito: com livros, capítulos e parágrafos onde cada um tratará de uma espécie de “enganador”: os ladrões de galinha, o tabelião, o advogado, os corretores de câmbio e diversos outros.

“Há homens capazes de roubar de você suas boas ideias, suas melhores invenções, suas descobertas: é uma das escroquerias mais frequentes.”

A crítica ao Estado como protetor, do roubo como uma máquina de lucros e a importância da desonestidade em meio à sociedade é o que o livro propõe ao leitor, trazendo à tona técnicas e meios de se enganar e ser enganado. 


MINHA OPINIÃO

O código dos homens honestos ou, como era conhecido, A arte de não se deixar enganar por larápios, não foi o primeiro livro do escritor Balzac, mas considerado mais tarde como a porta de entrada para o que se tornou sua obra prima: a comédia humana.

Sendo conhecido como um escritor que escrevia às pressas e por ter uma vida um tanto conturbada, talvez já fosse esperado que Balzac seguisse para linhas narrativas como estas, que tratam em sua essência sobre a humanidade e seus comportamentos, nem sempre tão aprováveis.

Apesar de ter sida escrita há mais de dois séculos, a obra continua sendo uma realidade em uma sociedade que insiste em fazer de sua evolução, mera aparência. E aqui, mesmo disfarçado em interpretações, me refiro à evolução do caráter. O Estado democrático continua não o sendo a ponto de tornar a desconfiança mera superstição, os homens continuam se achando mais espertos que os demais, e é claro, a desigualdade ainda existe.

“A vida pode ser considerada um perpétuo combate entre ricos e pobres…”

Durante a leitura do prólogo, o autor já nos dá um gostinho do que será tratado aqui: a ignorância do legislador ao não prever outras espécies de roubo que não aqueles materiais, a ganância desenfreada da humanidade, os custos do dinheiro e do poder. Além disso, são utilizadas situações ilustrativas para narrar e descrever as formas com que homens honrados podem ser enganados, sendo estes aqui: “um homem jovem, amante dos prazeres, rico ou a quem o dinheiro seja legítimo, alegre, franco, espirituoso, simples, nobre, generoso”.

Uma das situações, em minha opinião, mais ousada e talvez até mais bem colocadas pela época em que foi escrita, foi a questão da Igreja e seu modo de fazer com que pessoas se sintam melhores e mais honradas em estar lhe “dando” dinheiro, por sua própria vontade de fazer o que é certo, enquanto seus líderes se vangloriam de sua esperteza a cada pedacinho de metal caído na cestinha para o dízimo.

Diante disto, acredito que já saibam o que podem esperar os leitores que se dispuserem a dar uma chance ao autor, não só neste, mas em outros livros de sua obra, deixando aqui a impressão que tive de que esta seja uma excelente porta de entrada pra o mundo balzaquiano, um mar de reflexões e críticas que se mantém atuais mesmo com o passar de quase 200 anos.

O CÓDIGO DOS HOMENS HONESTOS

Autor: Honoré de Balzac

Editora: Nova Fronteira

Ano de publicação: 2018

Como obra pré-Comédia humana, ‘Código dos homens honestos’ (1825) preconiza temas marcantes dos romances de Balzac. Com sua habitual ironia e seu estilo característico, neste manual de sobrevivência contra os larápios e impostos da cidade grande, Balzac nos traz o retrato da sociedade da época, abordando o declínio de valores como honra, segurança e confiabilidade pela imposição cada vez maior do valor econômico de tudo. Seu texto mantém-se extremamente atual, ao revelar a natureza humana centrada no poder do dinheiro e a criatividade daqueles que procuram maneiras ilegítimas de obtê-lo.

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