Crenshaw é a fantástica história de um gato gigante e imaginário escrita por Katherine Applegate e trazida ao Brasil no ano de 2016 pela Plataforma 21.

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SOBRE O LIVRO

Jackson e sua família vivem tempos difíceis, aparentemente as coisas vão de mal a pior e logo provavelmente ele e sua família – incluindo sua irmã e sua cachorrinha –  terão que voltar a morar em sua minivan. Apesar de ser só um garotinho, Jackson carrega grandes angústias, como o fato de seus pais viverem aos cochichos sobre a situação da família e nunca compartilharem com ele o que está realmente acontecendo.

“Ninguém precisa carregar o peso do mundo sobre os ombros, Jackson menos ainda. E o sarcástico Crenshaw é o companheiro que ele realmente precisa. Alguém imaginário o suficiente para lhe dizer algumas verdades…”

É sob este cenário que um velho amigo de Jackson resolve reaparecer: Crenshaw. Ele é, nada mais nada menos do que um gato gigante imaginário. Ele aparece, aparentemente, nos momentos em que Jackson mais precisa. No começo, o garoto não fica muito a vontade com sua presença e tenta se convencer de que ele é um mero produto de sua imaginação, afinal de contas, ele já tem dez anos e ninguém na sua idade é capaz de ter amigos imaginários? No entanto, a sinceridade e a sabedoria do gato começam a trazer-lhe grandes ensinamentos sobre a vida.


MINHA OPINIÃO

Desde a última leitura que fiz sobre um livro infantil com a temática de amigos imaginários, confesso que acabei tendo uma quedinha por esse tipo de história. É claro que o tema que o livro vem discutir pode ser pesado se colocado sob a perspectiva de um garotinho de apenas dez anos, e que talvez, o amigo imaginário, cujo título do livro carrega o nome, sequer estivesse presente se não por esse aspecto.

No entanto, é preciso olhar para estas histórias por um ponto de vista mais leve e descontraído, por onde acabamos sempre tirando alguns ensinamentos, e a maioria deles, vem de alguém tão presente que se torna real.

É claro que é uma leitura de entretenimento juvenil, mas no fim das contas, aprendi que estas, talvez por resgatar o melhor que temos em nós, o nosso lado nostálgico e “infantil”, são capazes de nos alcançar em nosso eu mais profundo e puro. Se tivesse o poder de convencer a todos, diria que lessem, não só este, mas vários outros livros que seguem a mesma temática e que se deixem encantar.

“A vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos.”

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Vivemos uma vida agitada, é um mundo repleto de situações difíceis, assim como a que Jackson e sua família enfrentam, e aparentemente nos achamos muito maduros ou autossuficientes para sequer considerar dividirmos nossos problemas com alguém, seja ele real ou imaginário. Mas acredito profundamente, que talvez, não devesse ser assim.

Começaremos falando sobre Crenshaw, ele me lembrou muito o Cheschire Cat, ou “Gato de Cheschire”, aquele gatinho cor de rosa meio maluco criado por Lewis Caroll. Ele é um personagem independente, que participa da história além dos outros personagens. Um exemplo disso seria o fato de que, mesmo sendo o amigo imaginário de Jackson, ele tem uma vida para contar, experiências e momentos vividos longe do garotinho. Ele é, como a própria narrativa diz, “imaginário o suficiente para dizer algumas verdades”, e acredito que esse aspecto seja o principal de sua personalidade: ser imaginário. De longe, o melhor amigo do qual um garotinho com problemas tão complexos precisa, alguém para lhe ensinar e mostrar coisas que a princípio se perderam, até mesmo pelas preocupações com as quais o menino lida, mesmo sendo tão pequeno.

Apesar de ser uma personagem secundária, não podemos nos esquecer de Marisol, a pequena vizinha e amiga de Jackson, que conforta seus dias fazendo passeios com os cachorros dos vizinhos para passar o tempo. A garotinha parece acreditar nos pontos positivos da vida acima de tudo, e é claro, confia em Jackson a ponto de acreditar que amigos imaginários são reais!

Apesar de ser uma criança enfrentando problemas familiares, Jackson é o exemplo de uma criança nada mimada e super madura, que parece querer o bem de sua família, custe o que custar, mesmo que isso signifique entrar em confronto com seus próprios pensamentos e dar ouvidos a um gato imaginário. Acredito que o que mais encante nele é sua maturidade, o seu modo de criar sobrepor seus sentimentos para alegrar sua pequena irmãzinha, abrir mão de seus bens pessoais em uma venda de garagem para ajudar aos pais, e é claro, sempre ter ideias que ajudem a melhorar as coisas. Ele é um garotinho com uma imaginação enorme e uma força de vontade encantadora que nos encanta a cada página.

Apesar de ser um livro de duzentas e poucas páginas, o que pode parecer muito para uma “pequena” história, contendo páginas amareladas e letras de tamanho confortável a leitura é rápida e bem fluida. E acreditem, ela não tem nada de pequena, talvez, seja tão grande quanto Crenshaw.

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CRENSHAW – A FOME DA IMAGINAÇÃO

Autor: Katherine Applegate

Editora: Plataforma 21

Ano de publicação: 2016

Fatos são importantes para cientistas, que é o que eu quero ser quando crescer. Fatos são muito melhores que histórias. A primeira regra dos cientistas é: sempre há uma explicação lógica para as coisas. Eu só tinha que descobrir qual era. Talvez aquelas jujubas roxas não fossem reais, e eu só estivesse cansado ou doente. Delirando, até. Talvez tivesse pegado insolação na praia. Eu não tinha certeza do que era insolação, mas parecia algo que podia fazer gatos voadores e jujubas mágicas. Talvez eu estivesse dormindo, preso em um sonho longo, estranho e bem irritante. As jujubas na minha mão não pareciam extremamente reais? Talvez eu só estivesse com fome. A fome pode fazer a gente se sentir bem estranho. Até meio louco.

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