Dando Um Tempo é da autora Marian Keyes. Ele foi lançado em 2018 pela Bertrand Brasil.

Sobre o livro

Amy O’Connel é uma mulher que já passou dos 40 anos. Ela é casada, tem três filhas e trabalha de maneira frenética para sua empresa crescer e dar lucro. A vida parecia correr bem, pelo menos era o que ela pensava. Quando Hugh, seu marido, perde o pai é como se perdesse um pouco de si também. Ele não consegue se abrir com nenhuma pessoa, nem mesmo com ela e a tristeza parece estar consumindo sua vida aos poucos.

“Vou te contar o segredo da felicidade – continuo. – Encha a cara sempre que puder. Faça compras. Se nada disso funcionar, passe três dias na cama comendo rosquinhas. É o que todo mundo faz.”

Quando ela menos esperava, Hugh aparece dizendo que precisa dar um “tempo”, mas esse tempo são seis meses longe de tudo e todos viajando pelo sudeste asiático. E isso significa que sua relação estará pausada, onde cada um pode fazer o que bem entender. Ouvir tudo isso do seu companheiro de tantos anos é quase como abrir um buraco debaixo dos seus pés. Amy fica completamente perdida e apavorada com a ideia. Apesar dos seus pedidos, ele acaba realmente partindo para uma jornada da qual promete voltar.

Agora, sozinha, ela precisa reaprender a viver. Todos os problemas e preocupações dobram, ela precisa lidar com as filhas, com seus clientes, com os problemas da casa, com os pais e irmãos que formam uma família pouco convencional. No entanto, é neste momento que ela percebe o tamanho da sua força, o quanto ela capaz. Contando com ajuda de sua família, ela vai redescobrir quem ela é. E, se eles estão dando um tempo, é normal que ela saia com outras pessoas, não é mesmo? E quando Hugh voltar (se ele voltar), será que ainda vai ser a mesma coisa? Eles ainda conseguirão manter esse relacionamento?


Minha opinião

Várias pessoas têm aquela série que assistem quando estão meio tristes ou sem esperanças, eu tenho uma autora que leio quando estou assim. Minha história com a Marian começou quando eu era jovem e posso afirmar com toda a certeza que ela é uma das minhas escritoras favoritas. De todos os seus livros, eu não li apenas um. Suas personagens são sempre incríveis, reais e riquíssimas em detalhes (e problemas!). Eu duvido que você não se identifique com pelo menos uma. Mesmo quando ela trata de temas sérios, ela faz isso com leveza e bom humor e quando você percebe, está rindo de tudo ou mesmo aprendendo muito a lidar com os seus próprios problemas.

Todo mundo já teve medo, sentindo aquela vontade de sumir e deixar os problemas para trás. Por isso, me senti tão relutante em odiar Hugh logo de cara. Eu entendia o quanto ele estava sendo egoísta e inconsequente deixando sua esposa e filhas de uma hora pra outra, eu senti a raiva e tristeza de Amy junto com ela, eu desejei que ele mudasse de ideia desde o começo, porque sentia que algo seria quebrado se ele partisse. Quando ele passou pela porta indo embora, eu mesma disse “se você sair, não volta mais”, mas ele foi mesmo assim. Nesse momento eu odiei ele. Entretanto, tentei me colocar no seu lugar, vi tudo pelos seus olhos. Percebi o quanto, em muitos momentos, nos sentimos vazios e desmotivados, em como às vezes as coisas parecem sem sentido e como, cada dia estamos mais próximos da nossa própria morte. Me coloquei no lugar dos dois e ambos os lados são muito dolorosos.

“Sinto que não fiz o suficiente com a minha vida. O suficiente para mim.”

Amy é a força representada em forma de mulher. Quando estava analisando sua trajetória e conhecendo um pouco mais dela, eu só conseguia pensar: eu quero ser exatamente assim quando eu crescer. Mesmo enfrentando dificuldades imensas quando jovem, ela nunca deixou de correr atrás do que ela queria. A motivação que ela tem, o quanto ela consegue contornar os seus problemas e lidar com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, são admiráveis. Já posso afirmar que ela entrou para a minha lista de personagens preferidas.

A família dela é hilária e incrível. Bem estilo do seriado Modern Family onde todas as formas de amor são apresentadas e vividas. Uma família gigante, nada normal e que está sempre junto. Rindo, brigando e dando suporte um ao outro. Com eles ela nunca se sentirá sozinha e sempre terá a quem recorrer. E nessa trama, tão interessante e cheia de reviravoltas, conhecemos um pouco do passado da protagonista e de como foi o começo do relacionamento dos dois, bem como as dificuldades que eles encontraram no início e como lidaram com os anos que passaram juntos.

Os personagens são muito insanos e divertidos e sentimos o coração aquecer, mesmo com todas as suas loucuras. Todos eles tem uma personalidade bem marcante, quase como as irmãs Walsh. Para quem não sabe, a autora tem uma série sobre elas, a primeira irmã apresentada é Claire no livro Melancia, depois dele, ela lançou mais quatro livros contando a história de cada uma das outras irmãs. A minha preferida é a Anna do “Tem alguém aí?”, fica a dica de leitura para conhecer mais sobre a escrita da autora. E um dos meus pedidos para o Papai Noel esse ano, será que ela faça uma série para a família de Amy.

“Só que não cheguei, nunca. Não cheguei a lugar nenhum. Ainda sou uma desajustada, uma mulher cujo marido quer fazer algo sem qualquer precedente – ele não quer ir embora, mas também não quer ficar. Velhos sentimentos de vergonha se apossam novamente de mim com toda a força.

Se eu pudesse te dar uma dica seria: leia Marian Keys. É sério. Essa história me sensibilizou e emocionou de uma maneira que eu não sentia há muito tempo. Ao mesmo tempo em que eu estava quase chorando, também estava gargalhando com as situações e diálogos tão rápidos, inteligentes e bem humorados que a autora constrói.

Além de apresentar tão bem um tema como luto e autoconhecimento, pela primeira vez, ela também trata de algo sério e que nunca é abordado de maneira correta. Não quero dar muito spoiler, mas vocês saberão do que estou falando quando pegarem esse livro. A forma como a autora tratou do assunto, como ela não demonizou o ato, foi muito importante para mostrar de uma vez por todas que nós somos as donas dos nossos corpos. Por isso, não deixe de ler esse livro, ele já foi para os meus favoritos na estante.

DANDO UM TEMPO

Autor: Marian Keyes

Tradução: Carolina Simmer

Editora: Bertrand Brasil

Ano de publicação: 2018

O aguardado novo romance da autora best-seller de Melancia e A Mulher Que Roubou a Minha Vida.
Amy e Hugh vivem o que se pode chamar de casamento perfeito, e apesar de o dinheiro ser curto e o estresse ser muito, sua vida segue uma rotina confortável… até que a morte do pai e de um grande amigo desencadeia em Hugh uma intensa crise durante a qual ele decide que precisa dar um tempo de tudo, sobretudo da vida a dois, e parte rumo ao sudeste asiático, por onde viajará por seis meses. Incapaz de fazer o marido mudar de ideia, Amy sabe que muita coisa pode mudar nesses seis meses. Quando Hugh voltar — se voltar —, será ainda o mesmo homem com quem se casou? E será ela a mesma mulher? Afinal, se ele está dando um tempo do casamento, ela também está, não é?

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