Dentes de Dragão é um livro de aventura velho-oeste do autor Michael Crichton. Foi lançado pela editora Arqueiro em 2018.

SOBRE O LIVRO

De família rica, o imprudente estudante de Yale, William Johnson vive fazendo apostas mirabolantes para provar a sua audácia e coragem. Na última que fez, porém, ele não sabia no que estaria se metendo. Provocado por um colega de classe, ele aposta que iria passar uns meses no temido velho oeste americano, local de lendas, boatos e também de muitas mortes. Para sua sorte, um paleontólogo chamado Othniel Marsh, professor da universidade, estava organizando uma excursão para o oeste, em busca de mais fósseis de dinossauros.

Marsh, um cientista arrogante e soberbo, desconfia o tempo todo que espiões supostamente enviados pelo seu inimigo Edwian Cope. Ambos viviam sabotando as pesquisas e conquistas um do outro. Quando Johnson se junta à equipe e comenta que é natural da Filadélfia, terra também de Cope, logo Marsh conclui que ele é um espião e, em meio à viagem no oeste, abandona o rapaz.

“Durmam armados essa  noite, rapazes!”

Willian acaba então perdido em uma pequena cidade do oeste, quando conhece Cope. Diferente do que Marsh falava, Cope era uma pessoa inteligente e visionária, e bem menos arrogante. Cope também estava no oeste a procura de fósseis de dinossauros e, após alguns dias no meio do nada procurando ossos, ele e Willian fazem uma grande descoberta. Porém, ao retornarem com a carga para a cidade, um ataque de saqueadores fazem com que William se separe novamente do grupo. Agora, sozinho, sem dinheiro, pouco conhecimento e uma carga cobiçada por ladrões e pistoleiros, William vai conhecer as verdadeiras histórias do velho oeste americano, e até mesmo se tornar uma.


MINHA OPINIÃO

Michael Crichton é bastante famoso hoje em dia, dada às suas obras que já foram adaptadas para o cinema ou para a televisão. Talvez a sua obra mais notável seja Jurassic Park, adaptada por ninguém menos que o Steven Spielberg e, acredito eu, já um integrante do hall dos clássicos. E atualmente a série de TV Westworld, ainda que não seja uma adaptação, parte da mesma premissa que o roteiro de Crichton tinha no filme de 1973.

O autor tem uma dinâmica muito boa no que tange a mistura entre realidade, ficção e filosofia. Ele consegue criar uma realidade alternativa puramente crível e compreensível, o que torna as suas obras muito prestigiadas. É o caso de Dentes de Dragão. Ainda que a trama si seja ficcional, alguns personagens, locais, eventos e até mesmo pesquisas sobre fósseis condizem com eventos reais. É o caso de personagens como Marsh e Cope, ou dos lendários pistoleiros Earp, por exemplo.

“Interesses semelhantes, professor Cope, levam a caminhos semelhantes.”

Em meados dos anos 1876 acontecia no velho oeste americano uma busca frenética por fósseis que, mais tarde, ficaria conhecida como Guerra dos Ossos. Isso porque os dois mais importantes e contribuintes paleontólogos da época, Othniel Marsh e Edwin Cope, fizeram inúmeras descobertas de espécies de dinossauros (mais de 100 aproximadamente), entre outras espécies animais. Mas ambos eram rivais e constantemente sabotavam pesquisas, destruíam amostras, entre outras coisas. Ambos gostavam de escavar no oeste americano, onde a urbanização ainda estava a passos lentos e havia muita área intocada pelos humanos propícias para encontrar ossos. Era onde também viviam se confrontando. Isso realmente é fato e serviu de ponto de partida para a história em Dentes de Dragão.

Aqui temos um personagem ficcional bastante peculiar. William Johson é um estudante de 18 anos de Yale. Rico e um tanto imprudente, nunca enfrentou desafios perigosos de verdade. Sempre viveu na mordomia burguesa que o leste americano oferecia. Logo, sua visão de mundo era que tudo era fácil de resolver, uma grande aventura sempre. Mas isso muda quando ele chega no oeste e percebe que aquele pedaço de mundo ainda não conhece bem a “civilidade”. Não há leis, regras ou mesmo conversinha mole. No oeste tudo é mais perigoso, assombroso e chocante.

“Como é fácil as pessoas se deixarem enganar pelos sonhos de riqueza e fama, ou até mesmo pela esperança de um mínimo de conforto material!”

Esse choque de realidade traz uma grande mudança no comportamento do protagonista. Se antes ele era imaturo e inconsequente, a estadia no oeste o transformou em alguém mais prudente, determinado e sensato. Depois de meses na convivência de ladrões, pistoleiros, e com a morte rondando cada esquina, ele deixa de lado o estilo “playboyzinho” e passa a se comportar com alguém nativo daquelas regiões, aprendendo costumes, tendo um emprego, ganhando reputação. Tamanho é seu amadurecimento e maturidade que, em dado momento, alguns bandidos da região, como Black Dick, se sentem incomodados com sua presença ao ponto de desafiá-lo para um duelo.

O senso de lealdade do jovem estudante  também se torna grande, sendo que Johnson prefere morrer lutando do que entregar de mão beijada as caixas contendo os fósseis do professor Cope. Mesmo sem saber se Cope está vivo, ou mesmo sabendo que ali no oeste ossos não tem valor comercial, William entendia a real importância deles para a ciência e não achava justo não traze-los à luz.

Se não me falha a memória, é a primeira vez que leio algo do estilo far west. É um estilo bacana e gostoso de ler, com bastante ação e reviravoltas. No far west qualquer um pode ser o vilão da trama, basta uma mal encarada ou um bater de ombros. E neste livro o que não falta são cenas de duelos, tiros, emboscada de índios (no velho oeste havia também a rivalidade entre as tribos sioux – altamente mortíferas – e os crows – mais pacíficos), trapaças, entre outros. O contexto fala por si só e não é preciso muitos detalhes para imaginar as cenas.

Mas ao terminar a leitura, eu cheguei a conclusão de que mesmo sendo uma boa história, ela ainda estava muito crua. Senti a falta de um desenvolvimento maior, tanto da parte dos personagens como também da ambientação da trama. Talvez histórias far west sejam desse jeito, não sei. Mas a impressão que tive é que tudo era muito fácil e amador. Não havia um aprofundamento das cenas. E para mim isso foi um pouco frustrante.

Talvez o autor nunca tenha acreditado no potencial a ponto de dar uma revisada e incrementada e por isso ele tenha ficado “esquecido” nos arquivos até 2017. Claro que isso é apenas uma suposição. Ou pode ser que eu esteja sendo um tanto quanto exigente em relação ao autor, devido à sua fama. Apesar disso, foi uma leitura agradável e rápida, de puro entretenimento, e só por isso já vale a indicação. Afinal, nem toda leitura precisa ser cheia de conceitos aprofundado e criar inúmeros quebra-cabeças; às vezes, pode ser apenas diversão e lazer, uma aventura em letras. E Dentes de Dragão tem isso de sobra.

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DENTES DE DRAGÃO

Autor: Michael Crichton

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

Desde Jurassic Park , nunca foi tão perigoso escavar o passado. Em 1876, no inóspito cenário do Oeste americano, os famosos paleontólogos e arquirrivais Othniel Marsh e Edwin Cope saqueiam o território à caça de fósseis de dinossauros. Ao mesmo tempo, vigiam, enganam e sabotam um ao outro numa batalha que entrará para a história como a Guerra dos Ossos. Para vencer uma aposta, o arrogante estudante de Yale William Johnson se junta à expedição de Marsh. A viagem corre bem, até que o paranoico paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade. William, então, é forçado a se unir ao grupo de Cope e eles logo deparam com uma descoberta de proporções históricas. Mas junto com ela vêm grandes perigos, e a recém-adquirida resiliência de William será testada na luta para proteger seu esconderijo de alguns dos mais ardilosos indivíduos do Oeste.

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