Estudo Independente é o segundo livro da trilogia O Teste, da escritora Joelle Charboneau. Foi publicado pela editora Única em 2015.

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*Esta resenha contém spoiler do livro anterior

SOBRE O LIVRO

Cia está na Universidade e junto com Tomas, destaca-se como uma das alunas mais promissoras. Ela conseguiu sobreviver a primeira parte do Teste e agora está apta a se tornar uma líder de sua comunidade. Ao contrário dos demais alunos, Cia não perdeu sua memória por completo e isso lhe atormenta todos os dias. Ela escuta a gravação que fez no comunicador do seu irmão momentos após concluir o Teste e tenta não acreditar nas palavras que ouve. Mas não pode contar a ninguém. Precisa sofrer sozinha.

Após presenciar um acontecimento com um colega de sua classe, ela descobre que ao realocar acadêmicos, na verdade, eles são eliminados. Isso a deixa chocada e com muito medo, então decide fugir da universidade com Tomas, mas sabe que ao fazer isso poderá condenar a vida de toda a sua família também. Sem saber o que fazer, ela é abordada por um oficial de Tosu City que anteriormente se mostrou ser seu único amigo ali dentro.

“Por mais que sempre quisesse acreditar no meu pai, quando ele dizia que sou capaz de fazer qualquer coisa, sei que não sou. Não posso deliberadamente fazer uma escolha que poderia acabar com a minha vida. Não sou líder. Sou covarde.”

O oficial então se revela um espião do movimento rebelde que aguardava o momento certo para recrutar a jovem Cia, já que ela é extremamente inteligente e se mostraria uma ótima aliada na revolução. Cia não quer confiar nas palavras daquele homem, mas decide lhe ajudar por hora. Com isso, após algumas semanas ela começa a se encontrar com pessoas que supostamente também são parte integrante dos rebeldes.

Porém, algo inesperado vai acontecer e mudar todos os seus planos. Agora, Cia tem a prova que precisava para desmascarar o Teste e tentará usar isso ao seu favor e iniciar a rebelião. Buscando apoio dos rebeldes infiltrados, eles combinam o dia específico para dar início a batalha de vida ou morte que estão prestes a enfrentar.  Só não imaginavam que para isso, teriam de enfrentar um inimigo próximo ao Teste e, pior de tudo, que até agora escondia o seu verdadeiro propósito.


MINHA OPINIÃO

Depois de ler o primeiro livro, eu fique bastante ansioso para saber como Cia iria fazer para seguir com o seu plano de derrubar o teste e os organizadores dele. A história do segundo livro é mais densa e com um pouco menos de ação, mas focada nos passos que a protagonista toma em relação ao Teste, e também sobre o fato de não lembrar de praticamente nada dele, pelo menos não de início.

“Preciso conservar ar, mas minha respiração fica apressada e desconfortável. Saber que minha vida está nas mãos de alguém que no passado tentou me matar me enche de terror.”

O segundo livro conduz a personagem pelo segundo nível do Teste: a Universidade. Nessa etapa, a personagem não terá que correr de animais mutantes ou de pessoas tentando matá-la o tempo todo, mas também não estará a salva de emboscadas criadas pelos veteranos. Na faculdade, além de ela ter que direcionar os seus estudos sobre as áreas governamentais, ela precisará aprender a confiar em seus novos colegas – e a desconfiar de outros –  se quiser continuar viva em sua missão.

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A Malencia Vale dessa vez é mais segura de si e ao mesmo tempo mais destemida. Muito de sua inocência do primeiro livro desaparece nesse. E claro que isso condiz com tudo o que a personagem já passou. Após ficar cara a cara com a morte, não seria de se espantar que ela desejasse com todas as forças a vingança e o fim de seus opressores. Além disso, a evolução emocional e da personagem dá um grande salto e não temos uma Cia morrendo de amores por seu amigo de infância, Tomas. E o interessante, também, é que ela usará qualquer palavra, pensamento ou ação contra seus colegas, se assim julgar necessário.

“A professora Holt falou sobre a importância da confiança. No entanto, à minha frente está a evidência do contrário.”

Por essa mudança na personalidade da personagem, que se torna mais “fechada” e com pensamento e ações mais complexas, a narrativa acaba ficando mais pesada e muitas vezes cansativa, já que é constante as explicações que a autora precisa fazer para não deixar lacunas na narrativa. Além disso, esse livro também preenche alguns deslizes do anterior, dando mais informações sobre o passado da sociedade e praticamente abolindo o romance da história. A presença de Tomas é quase zero, sendo que a justificativa que a autora criou é a de que ele vai estudar em outro bloco da universidade, deixando Cia completamente sozinha na sua jornada.

“Apesar dos pesadelos que têm me atormentado, tentei evitar a lembrança do tempo que passei trancada dentro de uma caixa de aço ou da vingança que queria exigir quando fui solta. A única coisa que a vingança traz é mais destruição. Mais morte.”

Há dois momentos de tensão grande na narrativa, que é quando ela precisa novamente confiar em pessoas desconhecidas para passar no teste criado pelos veteranos e também no momento em que o grupo rebelde começa a ser apresentado. No primeiro caso, alguns conflitos pessoais vão surgir, e não é de se espantar de ela criar novas inimizades. Afinal, ela quer pensar da melhor forma possível antes de agir, enquanto alguns querem agir antes de pensar. Já o segundo momento de tensão começa a surgir após Cia descobrir as intenções que estão por trás da organização do grupo rebelde.

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Ainda que o livro tenha uma estrutura distópica clichê (problema – rebelião – solução), o foco nos rebeldes quase fica em segundo plano, sendo que função disso é preparar o terreno para o próximo livro. Por esse motivo, a história ficou exaustiva em vários momentos. Se o livro tivesse ido mais direto ao ponto, a narrativa teria ficado mais fluida e atrativa. Claro que o final surpreende pois nesse momento a autora quebra o raciocínio do leitor, que até aquele ponto praticamente já sabe quem são os vilões e quem são os mocinhos. Logo no final, a entrada de dois personagens já apresentados no primeiro livro farão com que o leitor se pergunte: afinal, quem é quem na história toda? Essa pergunta, entretanto, somente o terceiro livro poderá nos contar.

“A professora Holt falou sobre a importância da confiança. No entanto, à minha frente está a evidência do contrário.”

É válido dizer que para quem gosta de distopias e, principalmente, já leu e gostou do primeiro livro, não irá se decepcionar com este segundo. Mesmo com um ritmo mais lento, Estudo Independente é cheio de críticas sociais e ideológicas, e o tempo todo o leitor precisa manter a mente aberta para compreender e julgar as ações das personagens.

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ESTUDO INDEPENDENTE

Autor: Joelle Charbonneau

Editora: Única

Ano de publicação: 2014

Cia Vale tem dezessete anos e tem tudo o que sempre sonhou: um amor perfeito, um lugar na Universidade e um futuro como uma das líderes da Comunidade das Nações Unificadas. No entanto, apesar de todos os esforços do governo para apagar a memória de Cia, ela ainda lembra o que aconteceu. Ela precisa escolher entre ficar em silêncio e proteger a si mesma e as pessoas que ama ou expor o Teste e o que ele na verdade é, um programa assassino que deve ser impedido. O futuro da Comunidade depende dela. No segundo volume da saga de Joelle Charbonneau, a chance de fazer parte da revitalização de uma civilização pós-guerra colide com o desejo de fazer o que o coração manda. Selecionado pelo USA Today no TOP TEN Summer ReadsEscolha dos livreiros independentes de 2013

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