Feios é o primeiro livro de uma série distópica do autor Scott Westerfeld. O primeiro lançamento no Brasil aconteceu em 2012, mas esse ano uma repaginação nas capas foi realizada e o livro foi relançado em 2016 pela Galera Record.

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Sobre o Livro

No mundo de Tally completar 16 anos é um momento muito esperado. É quando todos os jovens passam por uma cirurgia para se tornarem perfeitos e deixarem de ser feios, como são considerados hoje. Vivendo em uma realidade onde os bonitos são separados dos feios, a garota não vê a hora de se juntar ao seu melhor amigo Peris, que se tornou um perfeito há algumas semanas.

Os feios vivem em um lugar separado e só podem entrar em Nova Perfeição depois da transição. É logo depois de ter feito uma incursão clandestina até lá para tentar encontrar Peris, que Tally conhece Shay, uma feia como ela que também está quase à beira do seu aniversário. As duas se tornam amigas e essa menina acaba levando Tally para conhecer lugares que ela nunca tinha ido, além de lhe contar sobre novas possibilidades.

“Não há beleza perfeita que não contenha algo de estranho em suas proporções.”

Shay lhe conta que há um lugar onde todos vivem bem, onde ser do jeito que elas são não é algo ruim e pra onde elas poderiam ir, porém Tally quer sim ser uma perfeita e não consegue sequer cogitar se manter feia. Mesmo sozinha a outra jovem vai embora e, quando chega a vez de Tally entrar no mundo dos bonitos, quem comanda esse governo acaba exigindo dela que entregue sua amiga ou não fará a cirurgia. Confrontada entre romper com sua lealdade e ficar feia pra sempre, Tally vai se envolver em uma trama que vai além do que a perfeição da superfície deixava transparecer.


Minha Opinião

Feios é uma quadrilogia onde muita gente acaba por defender que a história tivesse parado no primeiro livro. Pra mim, até esse primeiro volume traz alguns problemas complicados. Meu primeiro contato com o autor foi através de Além-Mundos e já tinha notado o quanto ele gosta de caminhar ao redor da história antes de verdadeiramente contá-la.

A escrita de Westerfeld é bem fluída, portanto esse não é um livro difícil de se ler e mesmo suas 400 páginas acabam tendo uma transição rápida. O porém está que, na minha opinião, o livro poderia ter sido bem menor se não tivéssemos passado por alguns momentos a lá “Senhor do Anéis” com muitas andanças e poucos resultados.

A protagonista precisa viajar até um lugar e posteriormente voltará de lá, todas essas páginas onde ela passa por dificuldade que não são nada demais ou que não acrescentam para a história, bem como descrições dos locais onde está, parecem bem desnecessários e acabam por tirar o tempo da história principal e até o ritmo.

O romance do livro é meio repentino, como normalmente acontece, mas também é aceitável. Achei Shay a personagem mais instável, pois conhecemos pouco dela e em cada cena ela tem novas características, que vão de grandes ideias a um ciúme extremo, que vira animosidade e depois revolta novamente. Claramente a amizade que surge entre as duas não tem o mesmo peso para ambas ou sequer chega a ser real.

“Talvez a motivação lógica de todo mundo parecer igual fosse todo mundo pensar igual.”

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Tally parece ser bem coerente enquanto personagem, porém é possível ver que ela fala demais e por vezes acaba morrendo pela língua. Ela foi criada naquela cultura e ser uma feia é algo completamente inaceitável pra ela. Enquanto aos poucos, nós leitores, descobrimos que o conceito de “feio” pra eles é o que nós chamamos de normal por aqui, nos dias de hoje. Não existe realmente a feiura ou a forma grotesca, mas sim a normalidade de pessoas comuns.

Porém, ao passarem pela transformação, não só eles tem a aparência aperfeiçoada como também recebem algumas habilidade sobre humanas, elevando portanto ainda mais a ânsia de se tornar um perfeito. Entretanto, como notamos logo nas primeiras partes do livro, parece haver uma diminuição na inteligência das pessoas, deixando-as mais alienadas. Esse tema também será trabalhado no livro e a forma como foi escolhido para defender as ideias de feios vs perfeitos me pareceu muito interessante.

A ditadura da beleza é algo que está sempre em debate em nossa sociedade. Ao longo dos anos e das culturas a definição de beleza variou muito entre as pessoas e o que hoje temos como padrão, do magro, fino e lindo, era tido como inaceitável em uma época onde o sinônimo de ser bela era ter ancas largas e seios fartos. Com isso, é lógico pensar que em um futuro, que talvez não esteja tão distante, teremos um novo conceito e uma nova cultura sobre isso. Espero porém, que seja mais positiva sobre todos enxergamos a beleza do outro, do que ditar que para fazer parte de uma sociedade é preciso ser perfeito, como no mundo criado por Westerfeld.

Sobre a capa e o fato de muita gente não ter gostado, nem sei bem como me posicionar. Acho que ambas as propostas tem a ver com o livro, mas a anterior parecia direcionar melhor para o foco da história, enquanto essa torna Feios uma distopia mais genérica. Mas, também não era fã das anteriores por não me pareciam pessoas tão “perfeitas assim” e não sou fã de capas com rostos, então vou me abster de comentar. Porém, essa nova proposta formará uma imagem contínua, quando os quatro livros forem colocados lado a lado.

A proposta de trabalhar esse tema é muito interessante e certamente renderia uma história incrível se tivesse gastado mais tempo desenvolvendo esse mundo, do que tirando o foco da história com jornadas em que as descrições não são verdadeiramente relevantes para a trama. Com isso, ainda não decidi se vou dar continuidade com a série, levando em consideração que várias pessoas dizem que o primeiro é o melhor livro e eu já me decepcionei um pouco por aqui. Mas, para os fãs de distopias, que procura por algo novo para se aventurar, Feios pode ser uma alternativa válida, já que conheço várias pessoas que adoram a série.

FEIOS

Autor: Scott Westerfeld

Editora: Galera Record

Ano de publicação: Ano

Tally está prestes a completar 16 anos, e ela mal pode esperar. Não por sua carteira de motorista – mas para se tornar bonita. No mundo de Tally, seu aniversário de 16 anos traz uma operação que torna você de uma horripilante pessoa feia para uma maravilhosa pessoa linda e te leva para um paraíso de alta tecnologia onde seu único trabalho é se divertir muito. Em apenas algumas semanas Tally estará lá.
Mas a nova amiga de Tally, Shay, não tem certeza se ela quer ser bonita. Ela prefere arriscar sua vida do lado de fora. Quando ela foge, Tally aprende sobre um lado totalmente novo do mundo dos bonitos – que não é tão bonito assim. As autoridades oferecem a Tally sua pior escolha: encontrar sua amiga e a entregar, ou nunca se transformar em uma pessoa bonita. A escolha de Tally faz sua vida mudar pra sempre.

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