Flores para Algernon é um livro do autor Daniel Keyes, publicado pela Editora Aleph em 2018.

Sobre o livro

Charlie Gordon é um homem de 32 anos que apresenta sérias limitações mentais. Ao que tudo indica, ele foi abandonado pela família, estuda em uma escola para pessoas com algum tipo de deficiência mental e trabalha em uma padaria de um amigo de seu tio.

Charlie enfatiza sobre sua condição e sobre como se sente sozinho, não tem muitos amigos, apenas se relaciona com sua professora e seus colegas que trabalho (que gostam de pregar peças nele).

Logo no início entendemos que Charlie passará por uma cirurgia que ainda não foi testada em seres humanos, apenas em um rato chamado Algernon. Essa cirurgia tem como objetivo contribuir para que Charlie consiga desenvolver sua Inteligência e elevar seu QI, ultrapassando um QI de 200.

Mas as duas perguntas são: será que a cirurgia vai dar certo? E será que os problemas de Charlie serão resolvidos?

“Eu disse que toda minha vida eu quiz ser intelijente e não burro.”


Minha opinião

O livro é construído de forma epistolar. Charlie inicia sua fala com “relatórios de progresso” e assim que conseguimos acompanhá-lo durante todo o livro. Logo ao iniciar a leitura, a fala de Charlie é escrita de forma totalmente errada, com erros de português e assim conseguimos ter uma imagem mais elaborada de como o personagem realmente é.

Em seus relatórios de progresso, conseguimos perceber o sofrimento de Charlie e suas expectativas com a cirurgia. A figura dos professores que vão realizar o experimento é quase a imagem de Deus para o jovem,  Doutor Strauss e Professores Nemur e Burt, e ele deposita muita confiança neles e em sua professora, Alice.

Charlie conta um pouco sobre sua vida e seu discurso é marcado por uma certa ingenuidade quando ele lida com acontecimentos. Um exemplo disso é ele achar que seus colegas de trabalho gostam dele, mas a forma com que eles demonstram é através de brincadeiras que beiram a humilhação do rapaz. Mas ele não entende dessa maneira, e sim como se fosse uma verdadeira amizade.

Charlie também conhece o rato Algernon, o único ser vivo submetido a mesma cirurgia que fará. Algernon é um roedor extremamente inteligente e capaz de resolver alguns “problemas” em um labirinto montado no laboratório da universidade. O rapaz é submetido a uns exercícios similares ao do rato, mas não consegue resolvê-los.

“ Burt disse esse daqui é o Algernon e ele pode fazer o quebra cabessas du labirinto muito certo.”

A história começa a virar quando o jovem passa pela cirurgia e começa apresentar um progresso intenso e acelerado. Conseguimos perceber seu avanço com os relatórios de progresso, onde ele escreve de forma correta e mais elaborada, fazendo com que o leitor consiga perceber nitidamente sua mudança.

A partir desse momento, ele também passa por sessões de terapia e começa a lembrar de situações de seu passado. É aí que a leitura começa a ficar pesada e difícil, pois percebemos a intensa angústia de Charlie ao compreender que as pessoas costumavam humilhá-lo, até mesmo sua mãe e irmã.

“mas eu não deveria me sentir mal se descobrisse que nem todo mundo é bom como eu penso.”

Acredito que descobrir o que acontece após a cirurgia é algo que cada leitor deve experienciar, então qualquer coisa após isso pode ser um grande spoiler sobre a história. Mas minha experiência com essa leitura foi algo fascinante.

Devorei o livro em dois dias. Ele despertou inúmeros sentimentos em mim: revolta, tristeza, felicidade, e angústia. A história de Charlie me faz pensar inúmeras coisas, desde nossa necessidade extrema de julgar qualquer ser humano até a evolução da ciência para resolver todos os problemas.

“ As pessoas acham engraçado quando alguém estúpido não consegue fazer as coisas do mesmo jeito que elas.”

Acompanhar o personagem em formato de relatos, e posteriormente, de diários faz com que o leitor tenha uma grande afinidade com Charlie e desenvolva um olhar diferente sobre todos os acontecimentos da vida do rapaz.

Os questionamentos de Charlie são intensos e necessários, fazendo com que o próprio leitor seja carregado por essas perguntas. O final é algo que mexeu muito comigo e garantiu uma ressaca literária daquelas.

O livro está sendo utilizado como leitura obrigatória nos Estados Unidos, e agora eu entendo a sua relevância. Um livro necessário, capaz de nos permitir inúmeros sentimentos, e com uma história muito original!

FLORES PARA ALGERNON

Autor: Daniel Keyes

Tradução: Luisa Geisler

Editora: Aleph

Ano de publicação: 2018

Com excesso de erros no início do romance, os relatos de Charlie revelam sua condição limitada, consequência de uma grave deficiência intelectual, que ao menos o mantém protegido dentro de um “mundo” particular – indiferente às gozações dos colegas de trabalho e intocado por tragédias familiares. Porém, ao participar de uma cirurgia revolucionária que aumenta o seu QI, ele não apenas se torna mais inteligente que os próprios médicos que o operaram, como também vira testemunha de uma nova realidade: ácida, crua e problemática. Se o conhecimento é uma benção, Daniel Keyes constrói um personagem complexo e intrigante, que questiona essa sorte e reflete sobre suas relações sociais e a própria existência. E tudo isso ao lado de Algernon, seu rato de estimação e a primeira cobaia bem-sucedida no processo cirúrgico. Perturbador e profundo, Flores para Algernon é tão contemporâneo quanto na época de sua primeira publicação, debatendo visões de mundo, relações interpessoais e, claro, a percepção sobre nós mesmos. Assim, se você está preparado para explorar as realidades de Charlie Gordon, também é a chance para perguntar: afinal, o mundo que sempre percebemos a nossa volta realmente existe?

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