Escrito pelo estadunidense Dan Brown, autor de O Código da Vinci, foi publicado no Brasil pela Sextante em 2005.

Sobre o Livro

A Agência de Segurança Nacional, NSA, desenvolveu um grandioso computador capaz de decifrar códigos encriptados em um curto tempo, o TRANSLTR, superando qualquer tecnologia de segurança estatal. Agência responsável por manter em sigilo operações militares, políticas e diversos outros assuntos estatais, ela se vê em um grande problema que ameaça o sigilo das informações do governo estadunidense.

Um ex-funcionário da agência, Ensei Tankado, deseja se vingar do seu passado modificado pelos ataques nucleares em Hiroshima e Nagasaki que afetou sua família e deixou suas mãos deformadas. Sedento por vingança, Tankado ameaça a NSA e o super computador TRANSLTR com um código indecifrável, o Fortaleza Digital. Ele submete a NSA em um único caminho: que divulgassem a existência do TRANSLTR para o mundo todo a fim de acabar com o sigilo. Caso não fosse divulgado, sérias consequências ocorreriam com o TRANSLTR e a NSA.

A réplica de um quado de Salvador Dali estava pendurada perto dele. Muito adequado, pensou Becker. Surrealismo. Estou preso em um sonho surreal.

Após Tankado ser descoberto morto na Espanha, momentos depois de sua ameaça à NSA, o comandante Strathmore, atuante nas instalações da agência, convoca para ir à Espanha o professor especialista em línguas, David Becker, indo na busca de um anel que pode conter a chave de acesso para impedir o Fortaleza Digital. Enquanto isso, o comandante convida a matemática Susan, namorada de David e especialista em decodificar mensagens criptografadas, a impedir que o Fortaleza Digital ameace o sigilo do super computador.


Minha Opinião

Dan Brown tem um peso muito grande de reconhecimento com seus suspenses baseados em uma série de elementos técnicos e intrínsecos como em O Código da Vinci que já está resenhado aqui. Não é a toa que Fortaleza Digital é mais um deles. Sendo meu primeiro contato com o autor, fui surpreendido com uma série de problemas que me fizeram questionar seu peso qualitativo.

A premissa da história é interessante. De uma perspectiva que poucos sabem, o autor soube muito bem nos aderir a um universo da tecnologia, dos códigos e dos números. Pode algum leitor se sentir perdido, porém conseguirá ir se acostumando conforme entender as raízes de toda a trama. Somos apresentados a uma agência pouco conhecida e por um corpo de personagens com habilidades desconhecidas. Você é apresentado a uma perspectiva diferente de construção de um suspense envolvente. Pode somar isso ao fato da escrita dele ser extremamente fluída e simplória, algo que esperava o contrário.

– Este é um dos problemas de contratar os melhores, comandante. Algumas vezes eles são melhores que você.”

Se passando hora nos Estados Unidos e hora na Espanha, a dinâmica do suspense se torna ainda mais envolvente. Apesar desses elementos que comprometeriam horas de um dia nas páginas deste livro, fui pego por uma jorrada de clichês. Enquanto a história se desenrolava, parecia que eu estava vendo um filme de ação estadunidense de sessão da tarde. Você pode encontrar vários esteriótipos comparando esses filmes com este livro: o uso das palavras ”maior” e ”os melhores” são facilmente encontradas na narrativa para descrever a NSA e sua equipe. Nos diálogos, piadinhas envolvendo mulheres e seu corpo. Além disso você tem um inimigo que deseja se vingar dos EUA que ameaça sua soberania. E sempre, o inimigo é o estrangeiro. A bola da vez foi um inimigo japonês vingativo e não um russo invocado ou um chinês comunista.

Durante toda a história, o autor colocou Tankado como o inimigo da história. No seu desenrolar, vemos que a situação é bem mais complexa, alimentando o clímax final da história. Porém, em momento algum Tankado deixou de ser o bonzinho, e se tornou o principal causador do caos em todo o livro. Fato é, podemos compreender, em partes, o por quê desta prepotência estadunidense que conhecemos até hoje nos filmes da Hollywood. O livro foi publicado originalmente em 1998, uma década de finalização da Guerra Fria e o posicionamento dos EUA como principal potência mundial. É a partir daí que podemos entender tamanhos esteriótipos presentes nesse livro, e consequente, também, nos filmes da época.

Os personagens não me conectaram muito. Torcia por Becker sair ileso de sua aventura na Espanha e ao mesmo tempo conhecia alguns detalhes culturais do país. Outros detalhes questionei por não saber a veracidade do que é narrado. Susan, por outro lado, está sempre buscando uma forma de solucionar o Fortaleza Digital e por isso, cada vez mais somos apresentados, através dela, da complexidade do seu trabalho na agência.

Dizem que, quando chega a hora da morte, tudo se torna claro. Ensei Tankado sabia agora que isso era verdade.”

Mas nada superou o que eu já esperava: um final totalmente pré-moldado como nos filmes da Hollywood. A história se finaliza com os EUA crente que salvou o mundo dos países subdesenvolvidos vistos como sujeitos perigosos. O inimigo estrangeiro vencido e o final feliz para todo o sempre. Se já ouviu alguma história assim, esta aqui não será diferente. Porém, o que importa nesta história não é seu final, e sim seu conteúdo enraizado na decifração de códigos.

Considerando o contexto da década de 90 quando este livro foi publicado, eu invisto em um ponto muito positivo nesta história: o poder de dar a voz a um ramo totalmente desconhecido que trabalhe com códigos, com segurança, tecnologia e informação. Os interessados e atuantes na área de TI, computação e semelhantes, é, sem dúvida, um suspense obra-prima. Ignorando os clichês, qualquer leitor poderá encontrar nessas páginas uma nova experiência. Basta desbravar o desconhecido.

FORTALEZA DIGITAL

Autor: Dan Brown

Tradução: Carlos Irineu da Costa

Editora: Sextante

Ano de publicação: 2005

Em Fortaleza Digital, Brown mergulha no intrigante universo dos serviços de informação e ambienta sua história na ultra-secreta e multibilionária NSA, a Agência de Segurança Nacional americana, mais poderosa do que a CIA ou qualquer outra organização de inteligência do mundo. Quando o supercomputador da NSA, até então considerado uma arma invencível para decodificar mensagens terroristas transmitidas pela Internet, se depara com um novo código que não pode ser quebrado, a agência recorre à sua mais brilhante criptógrafa, a bela matemática Susan Fletcher. Presa numa teia de segredos e mentiras, sem saber em quem confiar, Susan precisa encontrar a chave do engenhoso código para evitar o maior desastre da história da inteligência americana e para salvar a sua vida e a do homem que ama. Uma corrida desesperada se desenrola paralelamente nos corredores do submundo do poder, nos arranha-céus de Tóquio e nas ruas de Sevilha. É uma batalha de vida ou morte que pode mudar para sempre o equilíbrio de forças no mundo.

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