A Garota no Trem é da autora Paula Hawkins e foi lançado no Brasil pela Record em 2015.

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Sobre o Livro

Rachel Watson pega o trem das 8h04 todos os dias de Ashbury para Londres para ir trabalhar. Ela passa sempre pelas mesmas coisas e já conhece tudo de cor e salteado em sua cabeça. Ela está passando por uma fase difícil em sua vida, após se separar do marido, fracassar em seu trabalho e estar consumindo muito álcool.

Como forma de descontrair durante o trajeto, ela cuida a vista, principalmente as casa ao lado daquela que morava com o ex-marido, e que agora ele divide com sua nova mulher – aquela com quem ele a traiu –  e sua filha, ainda bebê. E existe uma casa que chama muito a sua atenção.

“Eu não sou quem eu costumava ser.”

Ela observa um casal que parece ser perfeito. A jovem é bela e sexy e seu marido também. Eles não tem medo de compartilhar suas intimidades, afinal só há o trem entre eles e o rio. Porém, recentemente, parece que algo mudou e há mais rispidez entre eles. Tudo isso, inclusive seus nomes ela fantasia em sua cabeça e cria história para cada um.

Em uma dessas viagens, Rachel vê a mulher na varanda com um homem que não é seu marido e isso não a ajuda, já que a mesma foi quebrada pela traição. Após passar uma noite tumultuada pelo álcool e acordar ensanguentada no dia seguinte sem se lembrar de nada além de alguns fatos aleatórios, Rachel descobre que a mulher da casa que ela observa está desaparecida. Megan Hipwell sumiu. E agora, quando pensa sobre isso, Rachel começa a pensar se não teve algo a ver com isso.


Minha Opinião

Depois que eu terminei de ler esse livro me questionei do porquê de ter demorado tanto para resolver lê-lo. Eu me dou super bem com thrillers, mas é difícil tirar toda a surpresa e êxtase que as pessoas normalmente tem com eles. Mas com A Garota no Trem foi assim, muita tensão e uma leitura de tirar o fôlego.

Vamos começar por Rachel e todos os problemas que ela carrega. Ela é uma personagem difícil de gostar, de se identificar ou de torcer. Ao longo da trama tudo o que desejamos a ela e que pare de se auto sabotar e siga em frente, se recupere. Mas é muito difícil pra ela e parece haver sempre algo a puxando em direção ao problema.

Ela é uma alcoólatra e isso não ajuda a manter sua reputação intacta, principalmente quando tem algo a dizer sobre seu paradeiro na noite do desaparecimento de Megan. Ninguém acredita nela. Nem a própria. Ela esqueceu tudo o que passou e os flashes que vem e vão podem ser reais ou confusões de sua cabeça a imaginação.

Antes de tudo isso ela tinha uma vida boa, casada com o homem que amava e desejava muito ter filhos. Quando isso não aconteceu e todos os métodos foram testados sem sucesso, a vida de Rachel começou a desmoronar. Devido a todos os seus problemas, o marido se cansou dela, arrumou uma amante e a deixou a mercê de seus próprios atos. E, foi na bebida que ela encontrou conforto.

“- Porque você está aqui? Porque eu tenho medo de mim mesma.”

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Ainda sem superar isso ela ainda procura e observa Tom, o que deixa sua atual esposa em pânico, principalmente por causa do bebê. Mas isso acaba colocando Rachel ainda mais perto da casa de Megan, já que ela é vizinha da casa que agora o ex-marido divide com a nova mulher. Ela é uma personagem quebrada, sombria, tortuosa e pouco confiável em suas memórias.

Já Megan tem uma história bem mais complicada do que o que Rachel fantasiou em sua cabeça e seu problema é o oposto do que a outra teve. Megan vive uma vida dos sonhos, mas que não necessariamente é os seus sonhos. Ela perdeu muito no passado e isso à assombra, junto com o desejo constante do marido de ter filhos, o que ela não quer.

Anna, a atual mulher de Tom, também tem o seu papel e ajuda a construir mais partes do quebra-cabeças que é o desaparecimento de Megan. Ela vive assustada com as investidas de Rachel e não entende como ela ainda é capaz de atormentar o ex-marido.

Todas as três são narradoras do livro e vamos acompanhando seus pontos de vista ao longo da trama. A narrativa não é linear e voltaremos no tempo em alguns pontos para conhecer melhor principalmente a história de Megan e ir, aos poucos, juntando algumas peças pra ajudar a resolver o mistério de seu desaparecimento. Os suspeitos são óbvios: o marido, que pode ter descoberto que a mulher o traia; ou Rachel, a louca que ninguém confia e que estava rondando o local. Mas no fim do dia, será que eles são realmente os únicos suspeitos?

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Capa nacional, lançada em 2015.

Acho que o que mais me fisgou foi a forma como a trama vai envolvendo o leitor lentamente. A autora dá o suficiente para que tenhamos nossas próprias teorias, mas também dá margem para que descubramos antes quem realmente esteve envolvido no desaparecimento de Megan, porém nada disso tira a intensidade do final. Há tanto mais a ser descoberto do que somente isso. Há mais camadas a serem reveladas e é aterrador quando acontece.

A Garota no Trem não é um livro de ação, é um suspense melancólico que vai deixar você nervoso, com raiva dos personagens e apreensivo pelo final. E, quando ele finalmente chega, a aura de suspeita ainda permanece, não há exatamente um final feliz a se esperar.

Com isso, digo a vocês que essa foi uma das leituras que mais gostei de fazer em 2016 e que fiquei extremamente surpresa com a densidade da trama e a forma como me vi mergulhada nos conflitos das personagens. Todas elas tem falhas e, ainda assim, é muito difícil julgar. Paula Hawking tramou muito bem seus fios nesse livro e, para mim, supera em muito o aclamado Garota Exemplar de Gillian Flynn.


Nos cinemas

O filme chegou aos cinemas em 2016 com Emily Blunt no papel de Rachel Watson e digo a vocês que, apesar de revelar demais em alguns momentos, pelos trailers, também apresenta uma adaptação fiel e muito bem feita do livro. O ar melancólico, o desconforto, o suspense, e principalmente o fato de deixar o espectador completamente impotente frente ao que está acontecendo estão presentes, e a interpretação dos atores é muito boa. Rachel está perfeita em sua confusão e a paleta mais fria a acompanha, enquanto os tons mais vivos ficam a cargo da Megan de sua imaginação e de Anna em sua vida bem estruturada. Se você ainda não conferiu, não deixe de assistir!


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A GAROTA NO TREM

Autor: Paula Hawkins

Editora: Record

Ano de publicação: 2015

Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas dágua, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason , Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess na verdade Megan está desaparecida.
Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.

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