Atenção!

Esse livro contém relatos sobre guerra, violência, abuso e exploração sexual feminina.

Herdeiras do mar é um livro da autora Mary Lynn Bracht, enviado no mês de março de 2020 pelo clube de assinaturas Tag inéditos e publicado pela Editora Paralela em junho.  

Sobre o livro

Hana e Emi são duas irmãs sul coreanas da linhagem das Haenyeo, mulheres mergulhadoras da Ilha de Jeju. Hana, a mais velha, já realiza seus mergulhos com a mãe, e apaixonou-se pelo estilo de vida das Haenyeo.

Enquanto a segunda guerra mundial toma proporções alarmantes, a Coreia do Sul passa por um período de ocupação japonesa, onde o povo foi obrigado a deixar todos os seus costumes e língua nativa de lado.

Em um dia de mergulho, Hana percebe um soldado japonês se aproximando de sua pequena irmã e corre para tentar escondê-la. O plano de Hana dá certo, mas precisa confrontar o soldado, o qual acaba a levando para um destino totalmente incerto.


Minha opinião

Esse livro virou um dos meus favoritos da vida. A história é horrível, triste e difícil, mas me senti grata por saber sobre ela. A pesquisa que a autora fez por trás dessa história é fascinante, onde entendemos mais sobre os crimes cometidos na guerra e sobre fatos que – talvez- nunca saberíamos.

A história das duas irmãs não é real, ela foi romantizada pela autora, mas os acontecimentos sobre guerra, ocupação japonesa, diversas mortes e exploração sexual infantil foram fatos reais. Meninas asiáticas foram levadas para os confins do mundo para serem feitas de mulheres de consolo (termo utilizado pela própria autora) e apenas em 1991 a ativista Kim Hak-sun foi a primeira dizer sua verdade sobre a exploração feminina na segunda guerra mundial.

“Mil quartas-feiras saúdam os olhos de Emi, que está em meio à multidão diante da embaixada japonesa. As manifestações semanais tiveram início em 1992, e até hoje, na milésima quarta-feira, ainda não foi tomada nenhuma medida em favor das mulheres sobreviventes.”

A narrativa intercala entre as duas irmãs, mas de início já entendemos que a fala de Hana está no passado e a de Emi no presente. Cada capítulo finaliza com a sensação de que queremos saber mais sobre o que vai acontecer, e dessa forma a leitura se torna muito fluída.

A história vivida pelas irmãs é cruel. Chorei em diversos momentos lendo sobre a violência que essas irmãs e outras mulheres foram obrigadas a passar. Hana é uma personagem forte, que luta até o final contra o seu destino e pensa em sua família – principalmente em sua irmã- em todos os momentos.

“Palavras são poder, seu pai lhe disse certa vez depois de recitar um de seus poemas políticos. Quanto mais palavras você conhece, mais poderoso você fica. É por isso que os japoneses proibiram nossa língua nativa. Limitando nossas palavras, eles estão limitando nosso poder.”

Já a história de Emi foi uma das que eu mais chorei. Mesmo Hana tendo passado pelos horrores da guerra nas mãos de homens cruéis, Emi foi destinada a amargura. Teve que cuidar de um lar despedaçado, um pai morto violentamente, uma mãe sofrida, e posteriormente, um marido abusador. Ver a construção sobre a vida dessa personagem é algo doloroso, principalmente pela sua incansável busca pela irmã.

Além disso, conhecer melhor sobre a cultura sul coreana e uma pequena parte da tradição desse povo foi algo fantástico no decorrer dessa leitura. As Haenyeo são responsáveis por prover seus lares, um sistema que tenta ultrapassar a ideia de patriarcalismo bem presente em séculos passados.

Mulheres mergulhadoras que utilizam apenas a força de seus pulmões, e que podem imergir até 10 metros de profundidade. Sem contar que nos dias atuais, mesmo sendo poucas mulheres que ainda fazem parte das Haenyeo, a maioria tem entre 60 e 90 anos!

“Se ainda estão falando sobre nós, não vamos desaparecer.”

Esse livro entrou para a lista de um dos meus favoritos. Mesmo a história sendo triste e terrível, é necessária de ser contada!

HERDEIRAS DO MAR

Autor: Mary Lynn Bracht

Tradução: Julia de Souza

Editora: Paralela

Ano de publicação: 2020

Quando Hana nasceu, a Coreia já estava sob ocupação japonesa, e por isso a garota sempre foi considerada uma cidadã de segunda classe, com direitos renegados. No entanto, nada diminui o orgulho que tem de sua origem. Assim como sua mãe, Hana é uma haenyeo, ou seja, uma mulher do mar, que trabalha por conta própria seguindo uma tradição secular. Na Ilha de Jeju, onde vivem, elas são as responsáveis pelo mergulho marinho — uma atividade tão perigosa quanto lucrativa, que garante o sustento de toda a comunidade. Como haenyeo, Hana tem independência e coragem, e não há ninguém no mundo que ela ame e proteja mais do que Emi, sua irmã sete anos mais nova. É justamente para salvar Emi de um destino cruel que Hana é capturada por um soldado japonês e enviada para a longínqua região da Manchúria. A Segunda Guerra Mundial estava em curso e, assim como outras centenas de milhares de adolescentes coreanas, Hana se torna uma “mulher de consolo”: com apenas dezesseis anos, ela é submetida a uma condição desumana em bordéis militares. Apesar de sofrer as mais inimagináveis atrocidades, Hana é resiliente e não vai desistir do sonho de reencontrar sua amada família caso sobreviva aos horrores da guerra. Em Herdeiras do mar, Mary Lynn Bracht lança mão de uma narrativa tocante e inesquecível para jogar luz sobre um doloroso capítulo da Segunda Guerra Mundial ainda ignorado por muitos.

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