A Ilha dos Mortos é o livro que fecha a série As Crônicas dos Mortos, do autor Rodrigo de Oliveira e foi lançado em 2016 pela Faro Editorial.

Sobre o livro

O Condomínio Colinas não existe mais. Os sobreviventes tentam se reerguer em uma ilha chamada Ilhabela e que fica localizada no litoral norte do estado de São Paulo. O tempo passou. Algumas alianças foram formadas, certas perdas foram inevitáveis, novos casais se formaram e o ser humano precisou reconstruir tudo novamente. Mais uma vez, aqueles que ficaram nessa infestação de zumbis tiveram suas esperanças postas à prova. Agora temos um sistema muito mais organizado, novos líderes e novos tipos de zumbis.

“Aquelas criaturas tinham agora uma aparência ainda mais aterrorizante. Após décadas vagando pela Terra, alguma delas sem comer há anos, a pele dos seres secara nos ossos, ficando completamente cinzenta e cheia de escaras.”

Um líder nato, com um humor ácido é a nova esperança dessa gente. Matheus, filho de Ivan e Estela é conhecido como O Leão do Vale. Agora ele é um homem responsável pela segurança de uma cidade inteira. A primeira completamente livre de zumbis e isolada pelo mar das diversas hordas que ficaram do outro lado. Incluindo um inimigo que eles acreditavam estar derrotado. Tanto tempo depois eles ainda não venceram todos os zumbis e nem conseguiram adquirir paz. Já faz um tempo que eles constataram que os mortos vivos estão cada vez mais agressivos e famintos, além de muitos terem sofrido mutações.

O que aconteceu com os sobreviventes depois da última e derradeira batalha? Conheceremos novas pessoas que terão grande importância, perderemos personagens muito queridos e reencontraremos outros crescidos. E será aí que observaremos as suas diferenças, já que teremos um grande traidor entre eles. Recheado de intrigas e mentiras, você encontrará aqui muitos desafios e a certeza de que essa gente ainda não encontrou a sua redenção.


Minha opinião

Finalmente teremos o desfecho dessa série sensacional e surpreendente. Desde o começo, tive uma excelente experiência com essa trama, por se tratar de um tema que gosto muito e por ser de um autor brasileiro. Apesar de parecer apenas “mais uma história sobre zumbis”, fui surpreendida por algo muito mais elaborado e rico em detalhes que não passaram despercebidos aos meus olhos. Uma mistura de terror com sobrevivência e religião. Questões morais foram levantadas, o bem e o mal se enfrentaram diversas vezes e eu estava ansiosa por saber como o autor terminaria uma série que é das minhas favoritas.

Bem, ele terminou como deveria terminar. Não posso dizer que fiquei completamente satisfeita com o que encontrei aqui, mas sei que seria muito difícil fazer um final diferente com os elementos que haviam sido apresentado desde o começo. Provavelmente não fiquei tão satisfeita por estar acostumada com finais onde tudo fica bem resolvido e todos saem felizes (na maioria das vezes), mas como tratamos de um apocalipse aqui, não podemos esperar que todos saiam realizados e nem que o bem impere em um mundo infestado por essa praga.

O final deixa abertura para uma continuação. Que será entregue em “A Era dos Mortos“, onde o autor promete arrematar o que ficou mal explicado lá atrás. Foi triste notar que o mal estava mais perto do que imaginávamos, mas o que esperar do ser humano? Mesmo não sendo o final que eu desejava, foi um afinal real. Um final verdadeiro. E admiro muito a coragem do escritor em fazer isso. Sei que muitos não se sentirão satisfeitos com ele, mas é bom sair da nossa zona de conforto do felizes para sempre, pois a vida não é assim. Teremos a realidade jogada na nossa cara sem dó.

“Ele cobriu o rosto com as mãos e recomeçou a soluçar de forma convulsiva. Nunca se sentira tão vulnerável em toda a sua vida. Porque dessa vez havia se deparado com um adversário absolutamente invencível e impiedoso.”

Aqui a história pula trinta anos depois dos últimos eventos. Eu não sabia como os últimos sobreviventes chegaram lá, fui contemplada com diversas novidades e as lacunas só foram sendo preenchidas ao avançar com o livro. O comando está nas mãos do filho mais velho do casal que ajudou a construir a primeira comunidade de sobreviventes. O pequeno Matheus agora é um homem e ajuda a liderar aqueles que restaram. Ele demonstra grande tino para liderança, além de ser muito justo e honesto. Ele é quase uma cópia do pai.

O fluxo de personagens é muito intenso. E vários terão destaque aqui. Muitos já terão nos deixado no decorrer desses anos e nem teremos tempo para despedidas. Cada um dos que conhecemos na infância, apresentará uma personalidade diferente. Teremos pessoas unidas pelo bem comum da sociedade e tantas outras que querem apenas o poder. Juntamente a isso, a figura de grandes e terríveis traidores será visível. Não se engane com as aparências. E o mais importante: prepare-se para grandes surpresas!

Fiquei imaginando as dificuldades encontradas ao começar uma nova comunidade em um pedaço de terra onde eles não tinham nem metade dos recursos que existiam no antigo condomínio. Eles só provaram que o ser humano possui uma grande força de vontade para se reerguer frente as maiores adversidades. O que me incomodou e MUITO nesse livro, foi o sistema criado pelos sobreviventes, quase como o que temos hoje. Com um prefeito, vice e com leis, sendo uma delas completamente absurda! Eu entendo a necessidade de repovoar um lugar, mas obrigar as mulheres a terem filhos? Durante a leitura precisei exercer de todo um controle para vencer essas partes e não atirar o livro na parede.

“A menina estava crucificada de cabeça para baixo numa placa de trânsito, com as mãos e os pés atravessados por lascas de metal arrancadas dos veículos que foram improvisadas como estacas. A cabeça havia sido arrancada e fincada no topo da placa, e o fio do rádio fora usado para amarrá-la.”

A mim parecia que o sofrimento dessa gente nunca mais teria fim. Desde o começo esperei aquela batalha que seria a final, a decisiva. E não fui surpreendida por ela, pois já esperava que algo assim acontecesse. Mas, os desdobramentos que seguiram ela, que aconteceram na ilha, foram inimagináveis e me deixaram realmente triste. Eu não esperava por isso, mas acredito que seria a realidade mais uma vez aparecendo. Liberdade, sacrifício e muita força de vontade são as palavras que marcam esse enredo.

Uma história principal, com várias secundárias. Sendo uma envolvendo um monstro na floresta, algo mais inusitado e outra com uma investigação policial. Novamente teremos o foco tirado dos zumbis. O livro não foi perfeito e não apresentou o final que eu desejava, mas qual livro que é? O que vale muito mais é todo o caminho percorrido durante essa saga tão original desde o primeiro livro.

O autor deu um viajada nesse último livro? Sim, mas é possível aceitar isso que ele nos apresentou, não é nada completamente descabido. É dos livros mais enrolados, mas que fecha de maneira original com aquilo que começou. Os problemas enfrentados pelos humanos serão maiores e diversos, por isso não espere muitas felicidades aqui. Venha preparado para enfrentar os seus maiores medos e para concluir, pelo menos em partes, tudo aquilo que começou!

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A ILHA DOS MORTOS

Autor: Rodrigo de Oliveira

Editora: Faro Editorial

Ano de publicação: 2016

Muitos anos se passaram desde que a maior colônia de sobreviventes do Apocalipse zumbi se transferiu para Ilhabela. Com o tempo, eis que surge uma evolução dentre os próprios mortos- vivos: os zumbis estão mais selvagens, ágeis e violentos… Este livro traz o surgimento de uma nova era, cruel e implacável, em que a perseverança dos sobreviventes e seus líderes será testada de forma muito diferente. Um livro cheio de reviravoltas, movimentos bruscos, cenas impensáveis.

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