A ilusão do tempo é um lançamento da editora Morro Branco em 2017, do autor Andri Snaer Magnason.

SOBRE O LIVRO

Vitória era apenas mais uma garotinha comum vivendo com seus pais uma vidinha pacata da classe média americana. Com a crise financeira que acometeu seu país, e seus pais trabalhando cada vez mais, ela se via sem atenção e tudo o que ela queria era passar um pouco mais de tempo com eles além dos momentos em que assistiam os noticiários de TV.

Até que um dia um anúncio trouxe a mais inovadora tecnologia, a “Timax”, uma espécie de caixa do tempo, onde uma vez lá dentro, o tempo parava sem que se percebesse, e assim fugir da crise era uma realidade possível.

“Quem aproveita bem os anos, louvado é…”

Quando os pais de Vitória decidem comprar a caixa, todos os seus problemas parecem estar solucionados. Com a família lá dentro, toda a percepção de tempo é perdida, até que a garotinha desperta de seu sono e descobre que nada está como haviam deixado, o apartamento da família assim como o resto da cidade parecem ter sido tomados pela relva e pelos animais. Preocupada com o que poderia acontecer e confusa por não saber até aonde aquilo iria chegar, ela parte em busca de explicações e ajuda, antes que seja tarde demais, já que todos os outros adultos continuam a dormir profundamente.


MINHA OPINIÃO

Enquanto conversa com o leitor, criando uma reflexão intensa sobre o quão rápido passa o tempo e como somos levados a deixar de aproveitá-lo, o autor cria toda uma trama de fantasia encantadora. Um aspecto interessante foi a forma como ele usou da infância para criar a esperança de amadurecimento e desenvolvimento da humanidade como um todo e, a visão de um futuro melhor, quando somente as crianças acordam de dentro de suas caixas enquanto os adultos continuam adormecidos.

A narrativa acontece em dois tempos, inicialmente no presente e logo após o despertar da protagonista, e no passado, quando ela encontra a senhorinha, Dona Rosa, que começa a contar uma história de um tempo distante. A visão da idosa com relação ao tempo e ao amadurecimento se destaca enquanto ela conta para as crianças uma fábula que tem uma moral diferente para cada um que a escuta.

“E o tempo queima suas antigas asas, se desprende dos laços que fora amaldiçoado a usar.”

Um questionamento interessante que o livro nos traz é o fato de que nós, seres humanos, estamos sempre esperando que os problemas do mundo se resolvam sozinhos enquanto buscamos a cada dia uma nova fuga. A caixa do tempo “Timax” é exatamente esta fuga, um lugar no qual os humanos não são atingidos pelos problemas da crise enquanto o tempo passa sem que eles tenham conhecimento.

Na história contatada por Dona Rosa, um rei antigo tenta dominar o mundo sem dominar o tempo, algo impossível. E assim se destaca o quanto a humanidade mostra sua obsessão por controle e sua disposição em passar por cima de cada ser para conquistar seus objetivos.

Colocando em xeque o papel dos seres humanos na sociedade enquanto seres ativos, o autor cria um tempo em que como meros espectadores, estes não se fazem necessários. O fato de Andri Snaer ter sido político em seu pais traz uma impressão de proximidade e coerência à narrativa com o tempo em que vivemos, onde confianças já não podem mais ser delegadas a outro, onde não se pode mais apenas assentar, observar e aplaudir.

Uma fábula encantadora que promete conquistar o coração não só dos jovens mas de qualquer um que leia. Para os fãs de “As crônica de Nárnia” esta é uma ótima pedida. O trabalho gráfico da editora cria um aspecto de introversão, onde o que se mostra por fora esconde o que há dentro, o que exprime maravilhosamente bem a essência do livro. Esta é, sem dúvida, uma história que vale a pena ser lida!

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A ILUSÃO DO TEMPO

Autor: Andri Snaer Magnason

Editora: Morro Branco

Ano de publicação: 2017

Quando as coisas não vão nada bem e os economistas preveem uma enorme crise financeira, a família de Vitória – assim como o resto do mundo – decide se esconder em suas misteriosas caixas pretas à espera de tempos melhores. No entanto, após vários anos, a caixa de Vitória se abre e a menina se vê em uma cidade em ruínas. Sem rumo, ela caminha por prédios e ruas tomadas por florestas e animais selvagens, até chegar à uma casa onde crianças se reúnem em torno de uma senhora para ouvir a história de um rei ganancioso que conquistou o mundo, mas desejava conquistar o tempo. Para poupar sua bela princesa dos dias escuros e sombrios, normais ou sem valor, ele a coloca em uma caixa mágica transparente como cristal, mas feita de uma seda de teia de aranha tão densa que o próprio tempo não consegue penetrar. Vitória aos poucos percebe uma conexão entre sua própria história e a do reino mágico. Junto com seus novos amigos, ela precisa encontrar uma forma de consertar o mundo antes que seja tarde demais.

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