Juntando os Pedaços é o novo livro da autora Jennifer Niven, lançado pela Seguinte em 2016.

Sobre o Livro

Libby Strout foi chamada de “a adolescente mais gorda dos Estados Unidos” quando teve de ser resgatada de sua própria casa por um guindaste ao não conseguir mais cruzar pela porta. Um vídeo vazou na internet e hoje com milhões de visualizações ainda marca a vida da garota, que começou a comer compulsivamente após a morte da mãe, aos 10 anos. Dois anos e meio depois Libby já emagreceu 136 quilos, e ainda está 90 acima do peso ideal, mas acredita que está na hora de voltar para a escola e enfrentar as pessoas.

Porém, é claro que não será algo fácil e seu primeiro obstáculo será o grupo de garotos que quer lhe pregar uma peça. Nesse grupo está Jack, um garoto que sofre escondido com uma condição médica, onde não reconhece os rosto das pessoas, o qua dificulta bastante sua vida. Jack é um cara legal, mas vai entrar na onda pra manter sua reputação, mas não sem antes já preparar suas desculpas.

“Prosopagnosia (pro.so.pag.no.si.a) s.f. 1. incapacidade de reconhecer o rosto das pessoas, geralmente como consequência de dano cerebral. 2. estado em que todas as pessoas são estranhas a alguém.”

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Quando o universo de Libby e Jack se cruzam há tanta diferença entre eles, mas também algumas semelhanças. Ambos lutam com algo que lhes incomoda e o que poderia ser uma rivalidade datada, vai acabar se transformando em amizade e compreensão. Porém, antes de tudo, ambos precisarão passar por cima de seus problemas e, principalmente, pré-conceitos.


Minha Opinião

Esse é o meu primeiro contato com a escrita da Jennifer Niven, pois ainda não li seu primeiro lançamento, Por Lugares Incríveis. Vi muitas pessoas reclamando sobre alguns aspectos desse livro e confesso que isso acabou por me motivar ainda mais a ler.

Juntando os Pedaços é um livro que junta duas condições, mas que certamente tem como assunto principal a Gordofobia. Confesso que esse é um termo recente pra mim, já que faz apenas alguns anos que entrei em contato com ele pela primeira vez, mas foi o suficiente para que eu me pegasse repensando uma série de coisas.

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O primeiro fato a ser ressaltado é o quanto é importante falar sobre esse assunto, principalmente porque muitas pessoas não compreendem o que isso significa ou simplesmente desmerecem o termo, como se fosse algo que não existisse. Mas existe, é bem sério e precisamos pensar juntos sobre isso. Conforme somos criados, uma série de pequenos conceitos são inseridos na nossa cabeça, como que ser magro é melhor que ser gordo, ditadura da beleza, machismo, que os negros são pessoas inferiores e uma série de outras tantas coisas. Porém, é conforme vamos nos confrontando com a verdade e o significado de tudo isso que devemos evoluir nosso pensamento, e encontrar um ponto onde perdamos todos os “pré-conceitos” estabelecidos por outros ou pela sociedade, e possamos pensar a partir da nossa própria cabeça.

Não é algo fácil, e sabemos que a luta de cada uma das muitas pessoas que se encaixam nesses diversos grupos é constante e difícil. Porém, o primeiro passo é sempre trazer a luz para os fatos e esclarecer. Todos nós já tivemos um pensamento gordofóbico em algum momento da vida, mesmo que de forma ingênua, sem saber o que estava pensando. Coisas como “o que aquele garoto bonito vê naquela gorda”, “sentou no meu lado e vai me esmagar” ou “podia arredar pra um lado pois toma conta de todo o corredor”, são pensamentos que cruzam nossa mente com tanta naturalidade que nem parece errado eles estarem ali. Mas é, e precisamos aos poucos nos condicionar a mudar nossa visão sobre as coisas, pra que isso se desfaça.

Não vou discorrer muito sobre isso, pois é sempre muito complicado falar sobre uma situação que não vivemos. O que eu queria mesmo era esclarecer que até aquilo que pra você soa como “normal”, pode ser ofensivo ou danoso para quem está recebendo do outro lado e que sim, é preciso ter cuidado.

“‘- É um absurdo que alguém se permita ficar tão gordo e é um absurdo que seu pai não faça nada a respeito. Espero que você sobreviva a isso e se entenda com Deus. Existem pessoas passando fome no mundo e é vergonhoso comer tanto enquanto outros não tem o suficiente para sobreviver.’
Então eu me pergunto: o que o ensino médio pode fazer comigo que já não tenha sido feito?”

Tendo dito tudo isso, quero apontar que a Libby é a estrela do livro. Ela está decidida, tem muita personalidade e, por mais que tenha dúvidas em sua mente, resolveu que está na hora de enfrentar o mundo novamente. Ela fraqueja, sofre, mas levanta a cabeça e vai a frente. E, pra mim, somente sua história teria sido o suficiente para sustentar todo o livro, principalmente porque não consegui acreditar completamente no personagem de Jack. E, aqui começam os detalhes que pra mim prejudicam a trama.

É difícil entrar na minha cabeça que ele tenha conseguido esconder de toda a família e amigos que ele não os reconhece. Como que ninguém percebe que nas festas de família ele não reconhece ninguém? Ou que ele passe batido por seus amigos todos os dias a não ser que seja chamado? Ou tantas outras situações que poderiam ser citadas aqui, e portanto eu vejo nisso um furo que não consegui ignorar. Acho que teria ficado mais plausível se pelo menos a família tivesse conhecimento (porque são relapsos hein!).

“Apenas as pessoas pequenas – pequenas por dentro – não aguentam o fato de alguém ser grande.”

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Aqui, um ponto super relevante é que o personagem é apresentado como alguém gordofóbico, mas da forma como mencionei lá em cima, sem associar exatamente o que ele está fazendo ou pensa como algo errado. Isso, conectado ao fato de que ele precisa se apegar em algumas características físicas das pessoas para poder tentar reconhece-las, gera vários comentários ambíguos durante o livro, como por exemplo quando ele diz que quando ela emagrecer mais ele não a identificará, já que seu tamanho é o que gera o reconhecimento na cabeça de Jack. Porém, ao longo da história e, principalmente ao seu final, consegui encontrar um Jack um pouco mais maduro e ciente dos atos que está cometendo, encontrando um pouco mais de verdade na situação.

Mesmo eu não tendo concordado com o romance que surgiu na história, e seja da opinião que seria melhor se fosse só amizade, eu acabei por curtir bastante a leitura. Juntando os Pedaços não é um livro livre de problemas, mas chega aos leitores com uma mensagem muito importante e que deve ser levada em consideração. A gordofobia está presente no dia-a-dia de todas as pessoas que estão acima do peso e é preciso compreender que os comentários, as piadas e os olhares machucam de verdade, e que julgar uma pessoa por seu peso não é algo que se possa ou deva fazer.

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JUNTANDO OS PEDAÇOS

Autor: Jennifer Niven

Editora: Seguinte

Ano de publicação: 2016

Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

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