“Somos capazes de sobreviver a coisas horríveis, pois somos tão indestrutíveis quanto pensamos ser. Quando os adultos dizem: “Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem o quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte que é maior que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar.”

Me surpreendi bastante com esse livro. Vi muita gente falando que não conseguia passar dos primeiros capítulos porque o livro era pesado e não cativava, mas não foi assim comigo. Até posso me atrever a dizer que achei Quem é você, Alasca? melhor que A Culpa é das Estrelas, e já explico porque.

A Culpa é das Estrelas é um livro sobre como o câncer e o amor mudam a vida das pessoas. E todo mundo sabe que as pessoas morrem de câncer a todo momento e que tudo isso é muito triste. Quem é você, Alasca? é um livro sobre o amor e sobre a descoberta, que, apesar de no livro retratar adolescentes, traz muito dos conflitos que lidamos mesmo depois de adultos, em como buscamos nos sentir realizados e parte de algo maior.

O livro conta a história de Miles Halter, um adolescente que vive na Flórida, não tem amigos e é fissurado pelas últimas palavras de personalidades conhecidas. Um dia Miles decide que quer ir para o mesmo colégio interno que seu pai estudou, no Alabama, Culver Creek, buscando o seu “Grande Talvez”. O que ele encontra lá porém são amigos que ele nunca teve e uma garota que vai mudar a sua vida. Inseparáveis Miles, Chip (seu colega de quarto) e Alasca passam por trotes, noites de porre e muitas caixas de cigarro.

“Por que você fuma tão depressa?” perguntei. […] Ela sorriu com todo o encantamento de uma criança numa noite de natal e disse: “Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer”.

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O livro tem muitos diálogos e a forma como eles são apresentados não é a minha favorita, mas isso não chegou nem perto de ser um impecilho. Ele é dividido em duas partes, o “antes” e o “depois”. Contar o que divide os momentos é impossível sem entregar o livro e, portanto, não o farei. Mas conforme você lê, as páginas te conduzem a descobrir o mistério sozinha, sem precisar chegar até a página que divide o livro. E depois nada faz você para até desvendar o mistério revelado (se é que isso faz sentido?).

Gosto da forma como John Green construiu o personagem de Miles e me identifiquei muito com ele. Consegui enxergar nele pedaços de mim. A mesma coisa com a Alasca, ela é tão radiante e sombria ao mesmo tempo. Misteriosa e espontânea. Ela é um enigma no livro e se você conseguir compreende-la, percebe que ela é uma representação dos conflitos existentes na nossa vida.

Alasca não tem nada da Hazel (A Culpa é das Estrelas), que é uma menina retraída e tímida, mas vi alguns traços da Margo (Cidades de Papel) nela, como a coragem e audácia. O livro pode ser encontrado com duas capas aqui no brasil, a mais popular nas livrarias é a preta que abre o post. Mas existe outra com meio rosto, que seria da Alasca. Conhecer essa capa foi legal, pois pude dar um rosto de verdade a ela.

Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente.

Passamos por tantas coisas na vida, sejam ruins ou boas e acabamos por carregar farelos desse eventos, influenciando nossas decisões e visões do mundo, mesmo que imperceptivelmente. E em algum momento alcançamos um ponto que não há mais volta, o ponto em que desabamos. E, então, se possível, nos levantamos e seguimos em frente. O tempo entre os acontecimentos e o desabe é o tempo em que ficamos presos nesse labirinto. Infelizmente, é um ciclo repetitivo, e algumas pessoas nem chegam a sair dele, uma vez sequer.

E pensando nas charadas que a vida nos apresenta, deixo pra vocês o questionamento que Alasca deixa no livro:

“Como sairemos desse labirinto de sofrimento? – A.Y.

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QUEM É VOCÊ, ALASCA?

Autor: John Green

Editora: Intrínseca

Ano de publicação: 2013

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras – e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o ‘Grande Talvez’. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young. Inteligente, engraçada, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para o seu labirinto e o catapultará em direção ao Grande Talvez.

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