Loira Suicida foi escrito por Darcey Steinke. Ele foi lançado em 2021 pela Companhia das Letras.

Sobre o livro

Jesse tem quase 30 anos e ainda vive de maneira errática pelo mundo na São Francisco, dos anos 1990, ela divide um apartamento e a vida com o namorado, o enigmático Bell, um aspirante a ator. Os dois vivem altos e baixos, principalmente após receberem um convite de casamento de um ex-namorado de Bell. Ao que tudo indica, o namorado da jovem ainda sente algo pelo antigo caso.

“Havia algo rígido em mim que fazia questão dele, não importava quão constrangedor fosse.”

Dividida entre buscar amor do namorado, aprovação dos pais e trabalhar como ajudante de uma rica senhora, a madame Pig, a vida de Jesse segue sem esperar a mudança que virá.


Minha opinião

Aqui está um livro que vai te prender em poucas linhas. Ele é curto, menos de 200 páginas, e é tão envolvente e inebriante que você nem verá o tempo passar durante a leitura. A curiosidade vai conduzindo a narrativa e te transportando para essa época, nesse lugar tão exótico e interessante.

A história é narrada em primeira pessoa, por isso, só sabemos o que Jesse está disposta a nos contar. Ela é uma personagem peculiar que vai dividir opiniões. Notamos que a carência que ela sente vem desde os tempos de criança e, sua necessidade de aprovação, remota de quando ela ainda era muito jovem. Com o passar da leitura, vamos descobrindo mais sobre o seu passado e tentamos entender como ela foi parar em um lugar tão inóspito e distante do que ela foi criada. Afinal, seus pais eram de classe média e o pai era um ministro da Igreja Luterana.

“Já fazia vinte e quatro horas que ele tinha saído. Houve um tempo em que eu achara charmoso esse seu hábito de sumir por aí, mas de repetente aquilo me parecia masoquismo. Eu não queria ser uma daquelas viciadas em indiferença.”

Outro personagem que nos intriga é Bell. Ele é daqueles namorados nocivos, tóxicos e que a tratam de maneira vil. No entanto, ela não consegue se desvencilhar da relação e parece cada vez mais envolvida com ele. Isso nos faz levantar questionamentos e visualizar algumas relações de outros ângulos. Compreendemos que, muitas vezes, alguma decisões são tomadas no impulso e não podemos julgá-las. Todos já tomamos decisões erradas.

Além disso, a relação do casal merece uma análise. Eles parecem tão envolvidos em fazer sofrer um ao outro, que não percebem o quanto estão afundados em um relacionamento sofrido, sem perspectiva e motivado pelo rancor. É muito intensa a forma como eles levam a relação e como demonstram sentimentos. A todo o instante eu me perguntava quando eles perceberiam isso.

“O problema de ser uma mulher moderna, pensei, enquanto a porta da frente se escancarava, é que você tem que fingir ser mais forte do que é.”

Neste livro, adentramos num mundo completamente diferente do que estamos habituados. Figuras dúbias, únicas e ricas completam a narrativa. Elas são cheias de histórias, possuem os seus próprios fracassos e demônios para exorcizar. As descrições do ambientes e pessoas são muito bem detalhadas e decrépitas. Ficamos chocados e fascinados por essa trama tão incomum. Minha única ressalva foi que eu queria mais desta história. Eu poderia passar horas desvendando o passado de Jesse, ouvindo todas as histórias que ela já viveu e juntando cada peça desse quebra-cabeça. Um livro que te deixa triste e reflexivo. Já conhecia essa história?

LOIRA SUICIDA

Autor: Darcey Steink

Tradução: Simone Campos

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2021

Marco do feminismo libertário americano, Loira suicida é uma espécie de diário no qual a jovem Jesse registra sua incursão pelos domínios mais baixos da San Francisco dos anos 1990. Filha de um ministro da igreja luterana, a protagonista do romance abre mão dos valores de classe média para seguir, ao lado do namorado gay, uma peregrinação por um submundo feito de drogas, bebida e sexo. Influenciada por todo um cânone de escritores marginais (Georges Bataille, Jean Genet, Alexander Trocchi, William S. Burroughs etc.) e dialogando com a literatura queer e noir dos anos 1980 e 1990 ― e com autores como Virginie Despentes, Eileen Myles, Jean Rhys, Marguerite Duras, entre outros ―, Darcey Steinke arma uma história a um só tempo melodramática e mordaz, honesta e intensa, em que os labirintos do desejo se chocam à euforia de uma época que parecia começar a girar irremediavelmente em falso. Um romance vigoroso sobre uma mulher e os descaminhos de uma furiosa busca por encontrar o seu lugar no mundo.

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