Maria e o Caso das Gravuras Desaparecidas foi escrito pela autora P. J. Brackston e publicado originalmente em 2015. Em 2017 a editora Bertrand trouxe a obra para o Brasil.
SOBRE O LIVRO
Todos já conhecemos a história de João e Maria, dois irmãos que caíram nas garras de uma bruxa malvada ao serem abandonados pelos pais na floresta. Mas o que não sabemos é o que aconteceu a eles já na vida adulta. Bom… não sabíamos.
Alguns anos depois, Maria se tornou a detetive particular mais famosa da Baviera do século XVIII, e desta vez ela se aventura no caso das gravuras de sapo desaparecidas, de ninguém menos que o renomado pintor Albert Durer. No entanto, parece que tudo conspira para que ela não consiga desvendar o caso. Um mensageiro morto e um soldado complicado parecem ter resolvido atrapalhar a investigação. Afinal, o que significa tudo isso?
“Mesmo as cidades mais elegantes têm seus segredos sórdidos…”
Mas nada fará com que ela desista do caso. Com a promessa de um generoso pagamento, ela parte junto de seu irmão brutamontes, que só pensa em comida, às pressas para Nuremberg, uma cidade encantadora, de pessoas elegantes e bem vestidas, e que está no meio de um festival gastronômico. Todo o lugar está abarrotado de pessoas, e o anfitrião dos irmãos é excêntrico e expansivo demais, o que faz com que Maria perceba que terá de usar toda sua astúcia e inteligência para desvendar o mistério das gravuras. Assim como precisa descobrir o que tem de errado com aquela encantadora cidade.
MINHA OPINIÃO
Uma fábula divertida ou uma sátira bem pensada, são definições que se encaixam perfeitamente com relação a esta obra. Trazendo de volta um dos contos mais famosos dos Irmãos Grimm, a autora cria um clima de mistério ao inserir os já encantadores João e Maria em um mundo real, mas ao mesmo tempo cheio de fantasia e personagens característicos de contos de fadas.
Um ponto que faz com que o leitor remeta às memórias da infância é a presença do anfitrião dos irmãos, ele é ninguém menos que o Lobinho, da famosa fábula do “Lobo e o Menino Mentiroso”, que hospeda os forasteiros que chegam a cidade. Mas, é claro, somente pensando em seus próprios interesses.
A maldade desta história, mesmo que remetida de forma sutil, ou através de personagens “inumanos”, é característica de um mundo real, onde as pessoas preocupam-se apenas com seus interesses e em levar vantagem sobre tudo e todos, carregando consigo sentimentos como a ganância e a inveja.
O quanto as aparências podem ser enganosas, até mesmo propositalmente, é um fato apresentado de forma indireta neste livro, mas que traz ao leitor um momento de reflexão, senão um momento em que se pega fazendo ligações com a história e o próprio mundo em que vivemos.
Enquanto Maria é uma detetive de sucesso, João é um brutamontes que só pensa em comer, que parece ter feito da irmã uma figura materna a quem atribui a responsabilidade por seus cuidados. Porém, ao mesmo tempo, o sentimento de proteção e afeto se fazem presentes ao longo de toda a narrativa. É claro que sempre pensamos que a coragem e a bravura são importantes para enfrentar perigos, mas muitas vezes, apenas uma companhia pode trazer essa segurança, mesmo que isso não seja dito em voz alta. A autora explora bem a relação entre os personagens, não só quanto aos protagonistas mas a cada um deles.
“Se há uma guloseima para ser empacotada, sou seu homem! Isso é uma arte, você sabe.”
É claro que mesmo tendo sido criada sob circunstâncias diferentes e em um tempo diferente, esta obra é destinada àqueles que estejam dispostos a em embarcar em uma nova visão de um clássico já conhecido. Apesar de não se tratar de um reconto, inicialmente me peguei tentando fazer ligações com o que é exposto aqui e a história original, buscando decidir qual dos finais me agradaria mais, mas acabei percebendo que posso acreditar em ambos, afinal, cada história é uma aventura diferente.
Um emaranhado de surpresas intrigas é criado através de cada aspecto inserido propositalmente nesta narrativa. Apesar de remeter a um conto já conhecido, a autora cria para seu universo várias particularidades, como por exemplo, duendes faxineiros, a inserção de personagens de outros contos e muitos outros. Sendo ao mesmo tempo uma história infanto-juvenil, um mistério e uma sátira, a obra garante ao leitor uma viagem inesquecível através de um mundo de peculiaridades encantadoras.


MARIA E O CASO DAS GRAVURAS DESAPARECIDAS
Autor: P.J. Brackston
Editora: Bertrand Brasil
Ano de publicação: 2017
Quando as gravuras de sapo de Albrecht Durer desaparecem, seu herdeiro sabe exatamente a quem recorer. Maria (sim, a própria) – agora com 35 anos e morando com seu irmão, João – é a detetive particular mais famosa de seu país. E não deixará nada atrapalhar seu caminho até Nuremberg para assumir esse caso.