Marina é o quarto romance (1999) do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón, publicado no Brasil em 2011 pela editora Suma.

Capa de Marina

Sobre o Livro

A história segue as incríveis aventuras de um jovem de quinze anos que prefere passar a maior parte de seus dias vagando pela cidade a estudar. Oscar Drai desaparece repentinamente de seu internato em Barcelona, e durante sete dias, ​​ninguém sabe seu paradeiro. A partir de então, ele relembra o que aconteceu.

Tudo começou quando ele explorava um bairro antigo da cidade.  Oscar se depara com uma casa nos arredores de Barcelona que, como ele logo descobre, pertence a Germán Blau, um enigmático artista idoso e sua filha, Marina. A garota leva Oscar a um cemitério, onde eles assistem a um ritual macabro que ocorre no último domingo de cada mês. Exatamente às dez horas da manhã, uma mulher envolta em uma capa de veludo preto desce de sua carruagem para colocar uma única rosa em um túmulo sem identificação.

Quando Oscar e Marina decidem segui-la, eles iniciam uma jornada que os transporta para uma Barcelona esquecida do pós-guerra – um mundo de aristocratas e atrizes, inventores e magnatas – e revela um segredo obscuro que os espera no misterioso labirinto sob as ruas da cidade.

“Nada melhor do que ler a respeito do problema dos outros para esquecer os próprios. Guerras, fraudes, assassinatos, hinos, desfiles e futebol. O mundo continuava igual.”

À medida que Oscar e Marina descobrem mais e mais pistas sobre essas pessoas, percepções horríveis começam a aparecer.  As histórias que vão sendo retratadas são fascinantes e desafiam todas as convenções.


Minha Opinião

Marina é um romance que se entrega a grandes temas e histórias arrebatadoras. Seu enredo é bastante inusitado, mas o autor Carlos Ruiz Zafón se safa de seu absurdo por pura convicção e emoção manipuladora.

Com uma mistura de literatura gótica, romance, horror e mistério, Marina apresenta uma escrita fluida, descritiva e cheia de suspense. Em termos de história, este livro contém um mistério dentro de um mistério: a mulher de preto era um enigma, mas Marina também carregava seu próprio segredo.

“As vezes as coisas mais reais só acontecem na imaginação, Óscar – disse ela – A gente só se lembra do que nunca aconteceu.”

Como o próprio autor mensiona na nota introdutória, os protagonistas são um pouco mais jovens quando comparados aos seus trabalhos mais recentes, como A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo, e há um certo ar de romance infantojuvenil disperso ao longo da história de Marina. Existem alguns momentos engraçados e cativantes entre os dois personagens principais. Essas pequenas pausas de alívio ajudam a acompanhar a narrativa com alguma variedade e evitam que ela se torne maçante.

Não vou entrar em muitos detalhes, mas devo mencionar que existem algumas cenas bastante comoventes que giram em torno de deformidades físicas e do horror. Apesar de angustiante, senti que eles complementam o mistério e provocam uma sensação real de tensão, perigo e até medo.  A atmosfera sombria definitivamente prevalece, especialmente durante os segmentos de terror, mas isso não quer dizer que o romance não tenha nenhuma redenção alegre. O livro apresentou um final poderoso, mas inesperado, com um sabor agridoce.

“A natureza é como uma criança que brinca com as nossas vidas. Quando cansa dos brinquedos quebrados, ela os abandona e substitui por outros.(…) É responsabilidade nossa recolher as peças e reconstituí-las.”

Carlos Ruiz Zafón criou mais uma vez uma obra de escrita totalmente única aproveitando ao máximo o que Barcelona tem para oferecer. É um mistério envolvente repleto de personagens que deixarão sua marca na memória do leitor, uma aventura que funde gêneros e provoca sensações intensas.

Se você gosta de histórias de aventura com mistério e romances góticos, certifique-se de adicionar este livro à sua lista. Leia também a resenha de outro livro do autor, A Sombra do Vento aqui.

MARINA

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Tradução: Eliana Aguiar

Editora: Suma

Ano de publicação: 2011

Antes de lançar o best-seller mundial que o consagrou, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos, Carlos Ruiz Zafón já tinha escrito diversos outros livros no início de sua carreira. Dentre esses, Marina, que já contém alguns dos traços estilísticos presentes em A Sombra do Vento, é o último antes do grande sucesso literário de Zafón. “De todos os livros que publiquei, Marina é um dos meus favoritos”, afirma Zafón. “É possivelmente o mais indefinível e difícil de categorizar de todos os romances que escrevi, e talvez o mais pessoal de todos eles. Neste livro, Zafón constrói um suspense envolvente em que Barcelona é a cidade-personagem, por onde o estudante de internato Óscar Drai, de 15 anos, passa todo o seu tempo livre, andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões. É um desses antigos casarões aparentemente abandonados que chama a atenção de Óscar, que logo se aventura a entrar na casa. Lá dentro, o jovem se encanta com o som de uma belíssima voz e por um relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas ele se assusta com uma inesperada presença na sala de estar e foge, assustado, levando o relógio. Dias depois, ao retornar à casa para devolver o objeto roubado, conhece Marina, a jovem de olhos cinzentos que o leva a um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre à mesma data, à mesma hora. Os dois passam então a tentar desvendar o mistério que ronda a mulher do cemitério, passando por palacetes e estufas abandonadas, lutando contra manequins vivos e se defrontando com o mesmo símbolo – uma mariposa negra – diversas vezes, nas mais aventurosas situações por entre os cantos remotos de Barcelona. Tudo isso pelos olhos de Óscar, o menino solitário que se apaixona por Marina e tudo o que a envolve, passando a conviver dia e noite com a falta de eletricidade do casarão, o amigável e doente pai da garota, Germán, o gato Kafka, e a coleção de pinturas espectrais da sala de retratos. Em Marina, o leitor é tragado para dentro de uma investigação cheia de mistérios, conhecendo, a cada capítulo, novas pistas e personagens de uma intrincada história sobre um imigrante de Praga que fez fama e fortuna em Barcelona e teve com sua bela esposa um fim trágico. Ou pelo menos é o que todos imaginam que tenha acontecido, a não ser por Óscar e Marina, que vão correr em busca da verdade – antes de saber que é ela que vai ao encontro deles, como declara um dos complexos personagens do livro.

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