Menina Boa, Menina Má é da autora Ali Land. Ele foi lançado em 2018 pela Record.

Sobre o livro

O mundo está cheio de psicopatas, mas o que fazer quando a sua mãe é uma? A jovem Annie precisa lidar com esse dilema. Sua mãe é uma assassina em série. Ela já tirou a vida de nove crianças. Em determinado momento, a filha não aguenta e a denuncia para a polícia. Agora, sua mãe é levada para a prisão e ela precisa depor no tribunal.

Agora ela possui uma família adotiva e seu nome é Milly. Com os Newmonts ela aprenderá como é ter uma família de verdade. Com os problemas existentes entre os pais, com uma nova escola e a filha do casal, Phoebe. Essa jovem poderá ser um grande problema para ela.

“Uma coisa que entrava no meu quarto toda vez que eu me permitia dormir. Chegava rastejando por debaixo da porta, sibilava para mim, se chamava mamãe. Ainda se chama.”

Milly precisará se adaptar a esse novo lar, novo mundo e planejar tudo que dirá no tribunal, além de aprender a viver longe da mãe. Depois de 15 anos. Ela aprenderá que existem pessoas boas e más no mundo. Mas qual das duas ela será?


Minha opinião

O que pode acontecer com uma criança exposta a tanta violência? Quando sua vida é moldada em um relacionamento doentio e abusivo? Onde afeto e carinho não fazem parte do seu vocabulário? Aqui, nessa história, encontrei um relato visceral de uma jovem que foi abusada durante a vida inteira, e pior, pela própria mãe. Quase podemos sentir esse livro pulsar com tantos sentimentos envolvidos.

Annie, agora Milly, nos narrará sua história, como se fosse um relato. Um relato feito para sua mãe. Uma assassina cruel, que abusou dela de todas as formas possíveis, que a torturou, mas que, mesmo assim, ainda é detentora do seu amor. Essa trama mostrará que um amor doentio também pode vir da nossa família e que a dependência cria monstros. Apesar de tudo, notamos sempre essa forte ligação entre ela e a mãe. E isso foi o mais surreal. Era de se imaginar que depois de tanto sofrimento, tudo que ela mais gostaria era de se livrar da mãe. Mas, como se livrar da única pessoa que ela teve a vida inteira? Seu único contato mais íntimo?

Esse livro é uma mistura de tudo. Transitamos por diversas sensações conforme o desbravamos e desvendamos o que está nas entrelinhas. Esse é outro fator que chama a atenção: não temos as piores cenas retratas fielmente. Tudo é muito sutil. Acredito que em grande parte pela gravidade da situação. E o mais apavorante é que não precisa ter nenhum desses detalhes mais profundos, só o que fica no ar já é o suficiente para nos fazer sentir completamente desconfortáveis.

“Li num livro uma vez que gente violenta tem a cabela quente, enquanto psicopatas são frios de coração. Quente e frio. Cabeça e coração. Mas e se a gente sai de uma pessoa que é as duas coisas? O que acontece?”

Milly é uma personagem que vai intrigar você do início ao fim. A dor que ela nos transmite, seu desespero, suas crises, são todas muito reais. Os dilemas que ela enfrenta, a dificuldade em se relacionar, tudo que ela passa nas mãos dos colegas. Tudo isso nos mostra uma menina frágil que sofreu muito nas mãos de uma mãe violenta, mas, no entanto, ela mostra outra face em alguns momentos. Uma face que nos apavora. É incrível essa dualidade. Boa e má. Ela pode ser as duas ao mesmo tempo? Quais os segredos que ela esconde?

A tortura psicológica consegue ser maior que a física. O quanto isso pode moldar o caráter de uma pessoa? Imagine a confusão de sentimentos e conflitos internos que ela deve ter travado? Ela tem uma visão completamente equivocada sobre relacionamentos. Por isso, essa é mais uma das razões para descontar as frustrações no seu corpo. Causando dor para esquecer.

“Uma seta vermelha, então a frase: MENINA BOA vs. MENINA MÁ, sublinhada com um círculo em voltar.”

Eu não consigo nem conceber o quanto isso causa um impacto tenebroso na vida de alguém. E, livros assim, sempre me lembram da real natureza humano. Do quanto existem pessoa doentes por baixo de sorrisos e boas atitudes. Cada personagem é uma caixinha de surpresas. Além de mostrar que toda pessoa possui um lado bom e outro mau, também veremos que nenhuma família é perfeita, que as pessoas dificilmente são aquilo que elas passam por cima de uma camada de bom senso e atitudes aceitáveis pela sociedade.

O que me chamou muito a atenção foi que estamos acostumados a ver essas maldades vindas de homens, quando uma mulher, principalmente uma mãe, demonstra esse tipo de atitude ficamos chocados, mas também percebemos que, de fato, isso existe. Mais do que imaginamos. O mais apavorante dessa trama, além dos assassinatos das crianças, é a presença da mãe na vida de Milly. Ela parece um fantasma que a acompanha e está sempre na sua cabeça. Uma voz que a guia e que ao mesmo que ela tenta repudiar esse contato, ele também tudo que ela sempre teve na vida. Essa é uma leitura essencial para os fãs do gênero!

MENINA BOA, MENINA MÁ

Autor: Ali Land

Tradução: Claudia Costa Guimarães

Editora: Record

Ano de publicação: 2018

Os corações das crianças pequenas são órgãos delicados. Um começo cruel neste mundo pode moldá-los de maneiras estranhas Nome novo. Família nova. Eu. Nova. Em folha. A mãe de Annie é uma assassina em série. Um dia, Annie a denuncia para a polícia e ela é presa. Mas longe dos olhos não é longe da cabeça. Os segredos de seu passado não a deixam dormir, mesmo Annie fazendo parte agora de uma nova família e atendendo por um novo nome — Milly. Enquanto um grupo de especialistas prepara Milly para enfrentar a mãe no tribunal, ela precisa confrontar seu passado. E recomeçar. Com certeza, a partir de agora vai poder ser quem quiser… Mas a mãe de Milly é uma assassina em série. E quem sai aos seus não degenera…

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