Moby Dick é o sexto romance de Hermann Melville, lançado em 1851. A edição lida foi a da Companhia Editora Nacional, de 1957.

Sobre o Livro

Ismael é um homem de praticamente nenhum dinheiro e, por conta disso, não se prendia em nenhum lugar, especialmente em terra firme. Sempre que começava a se sentir miserável em terra, partia para o mar, mas não na condição de passageiro e sim, de marujo. Assim, podia ficar onde gostava e ainda ser pago por isso.

“Sou atormentado por uma coceira interminável por coisas distantes. Eu adoro navegar por mares proibidos.”

Sem demora, Ismael faz sua pequena trouxa e partiu para Nantucket, uma cidade que tem como forte embarcações de caça às baleias, pois as riquezas e qualidade de vida giravam em torno do óleo de baleia e outras coisas extraídas delas. Logo ele fez amizade com um sujeito que, num primeiro contato, achou que fosse lhe matar, o “canibal” Queequec, que nada mais é do que o príncipe do lugar de onde veio. Rapidamente, os dois se tornaram amigos e conseguiram um trabalho no mesmo baleeiro, chamado Pequod.

A expedição duraria 3 anos e estaria sob comando do Capitão Ahab. Só depois de muitos dias o Capitão sai de sua cabine e da as caras para seus marinheiros, explicando, de forma poética e filosófica, o verdadeiro objetivo daquela viagem: vingança. Ele queria por fim à vida de Moby Dick, a cachalote branca que arrancou sua perna.


Minha Opinião

Até eu começar a escrever essa resenha, pensar em resenhar Moby Dick me dava dor de cabeça devido a responsabilidade que eu pensava ter em mãos. O peso que um livro carrega ao ser chamado de clássico é, definitivamente, esmagador para quem irá escrever sobre ele. Mas, esquecendo desse imenso detalhe e levando em consideração que a edição eu que li foi uma resumida, vamos, enfim, a resenha.

Este livro não se trata apenas da caçada insana de uma baleia específica, mas também, e principalmente, tudo que está por trás disso. Se pararmos para pensar, caçar uma baleia específica no meio de um imenso oceano é uma atitude lunática, mesmo que a baleia seja facilmente reconhecida por conta de suas características peculiares. Outra coisa que não faz sentido algum, é fazer isso por vingança, como se a baleia tivesse alguma culpa de ferir um humano, uma vez que só o fez para se defender, já que estava sendo agredida em seu distante e tranquilo habitat.

O que se passa na cabeça de um homem que quer se vingar de uma baleia? Pode-se dizer que uma pessoa assim está em sua perfeita capacidade mental? Independente da resposta, o ego falou mais alto e aquele capitão jamais concordaria em morrer sem por fim à vida daquele Leviatã. Além disso, convence uma legião de marinheiros a comprarem a sua briga, embora existisse aqueles que discordavam, que nada podiam fazer senão seguir às ordens do lunático.

“Vingança contra um irracional! Vingança contra um monstro marinho que o atacou apenas movido pelo instinto cego! Isso é loucura! Ter ódio a um animal até me cheira a blasfêmia.”

Se você tem qualquer apreço pelos animais, assim como eu, vai passar metade do livro torcendo para que alguma baleia engula todos aqueles homens, que não medem esforços para matá-las em prol de riquezas. Há descrições bem explícitas de como o serviço é feito, desde a lançada do arpão até a parte da limpeza de toda a sangria que resta. É angustiante e na grande maioria do tempo, nojento.

Como a edição que eu li foi uma resumida, infelizmente, toda a parte documental foi retirada, ou seja, as partes em que falam detalhadamente sobre os barcos, rotas marítimas, baleias, e como são extraídas as riquezas destas. A obra completa é basicamente uma aula sobre esse trabalho que era tão importante na época, mas que hoje é proibido na maioria dos países (ainda bem).

É claro que a versão original é a ideal para ser lida, tenho certeza que além dessa parte técnica, muita história ficou de fora nessa versão que eu li, por isso que não excluo a possibilidade de ler a versão completa algum dia, mas para quem não tem muito tempo ou simplesmente não tem interesse em aprender sobre tudo que envolve a baleação, uma versão resumida de alguma editora confiável tapa o buraco.

A verdade é: eu não tinha dinheiro para comprar uma versão completa de Moby Dick, que se você for pesquisar valores, irá arregalar os olhos. Porém eu também não queria ler qualquer edição, até que num certo dia, garimpando um sebo, me deparei com essa edição traduzida por Monteiro Lobato. Eu não pensei duas vezes se compraria ou não! É uma edição muito, muito velha, que já está super frágil mas que é incrivelmente bonita. Tem uma diagramação super confortável e páginas grossas, que junto com o português rebuscado, me transportaram para uma outra época.

A leitura desse livro, principalmente agora em pleno 2019, faz com que você se coloque ou a favor de Moby Dick, ou contra Moby Dick, não há meio termo, não há nuances. Se você é a favor, é porque questiona e acha incorreta e lunática às razões insensatas do Capitão Ahab. Se você é contra, bom… deixo sua mente imaginar o que será que eu penso nesse caso.

Em suma, Moby Dick é um incrível livro que não só fala sobre a baleação em si, como também de uma atitude humana comandada pelo ego e o quão uma persona, mesmo que maluca, é capaz de influenciar muitas outras e persuadi-las a fazer o que se quer, mesmo que seja algo sem sentido, errado, e coloque em risco a vida de diversas pessoas…

 

MOBY DICK

Autor: Hermann Melville

Tradução: Monteiro Lobato e Adalberto Rochsteiner

Editora: Companhia Editora Nacional

Ano de publicação: 1957

Moby Dick é o livro que retrata, do modo magistral, a eterna luta entre o homem e a natureza: o marinheiro destemido, persistente, vingativo, e o monstro marinho bravio e aparentemente invencível.

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