Morte lenta é o livro de estreia do autor Matthew Fitzsimmons e é um lançamento de 2017 da Faro Editorial.

SOBRE O LIVRO

Após anos pagando por seus erros passados, Gibson Vaughn, famoso hacker dos Estados Unidos por revelar um esquema de corrupção dentro do Congresso, vê sua vida terminando em miséria, solidão e desesperança. Além disso, se obriga a viver com uma lembrança dolorosa, que já dura dez anos: o desaparecimento de Suzanne Lombard.

Filha do atual vice-presidente dos Estados Unidos, Benjamin Lombard, a garota desapareceu sem deixar nenhuma pista, e esse se tornou um dos maiores casos sem resolução de todos os tempos da polícia americana. Porém, um contato inesperado fará com que Gibson acredite que há esperança de encontrar as respostas que tanto procura. O ex-chefe de segurança de Benjamin diz à Gibson que encontraram pistas do possível sequestrador, e que Vaughn é a única pessoa que poderá ajudar a pegá-lo de forma mais rápida.

“Pode imaginar o que é passar dez anos sem saber se a sua menininha está viva ou morta? É sofrimento demais para uma família suportar.”

Vendo uma nova oportunidade de mudar de vida e fazer justiça pela garota, que era como uma irmã para ele, Gibson vai se juntar à equipe da Abe Consulting e rastrear a rede em busca do suposto sequestrador, custe o que custar. Porém, quando mais perto Vaughn chega do criminoso, mais segredos vão aparecendo e uma intrincada rede de conspiração vai se formando envolta, inclusive, na família Lombard.  Ao descobrir o que não deveria, Gibson atrai atenção de pessoas poderosas e que farão de tudo para manter a verdade escondida, inclusive, matá-lo.


MINHA OPINIÃO

Esse livro foi uma leituras que demorou muito para ser concluída, porém, que manteve o tempo todo a história atrativa e nem um pouco cansativa. São apenas 320 páginas, mas a riqueza de detalhes, descrições e envolvimento dos capítulos fazerem parecer um livro de 500.

Para um livro de estreia, Matthew começou muito bem. A trama criada por ele é uma das mais ricas com qual eu já tive contato. Além de misturar dois assuntos que gosto muito – conspiração política e hackers -, o autor também se preocupou em apresentar personagens cativantes e com muita história para contar, sem esquecer de tocar em temas críticos e sérios.

Esse foi inclusive um dos motivos que fizeram com que eu lesse o livro mais devagar. Há muitos detalhes sendo apresentados, descrições sobre ambientes e muitas vezes haviam duas ou três páginas só falando sobre como determinado personagem era no passado. Porém, o que mais gostei foi exatamente esse “excesso” de informações, pois dessa forma, a história se tornou muito mais crível e também, muito mais interessante. Gosto muito de quando os personagens são bem explorados, respondendo já antecipadamente as perguntas que poderíamos fazer durante a história e que certamente atrapalharia a absorção da trama. Desconfio muito de histórias onde personagens simplesmente chegam sabendo de tudo, sem a gente os conhecer melhor.

“Você não pode deixar que o passado controle seus passos.”

Gibson Vaughn é um personagem com alta explicação. São páginas e páginas que contam o passado do protagonista e que nos convencem de como ele é atualmente. Desde muito jovem Gibson já invadia e hackeava sistemas do governo. Seu nome é uma lenda no mundo da internet até os dias atuais, porém seu sonho acabou quando foi preso. O motivo fora que ele descobrira um esquema de corrupção envolvendo o atual vice-presidente dos Estados Unidos, Benjamin Lombard, na época ainda senador, e seu pai, Duke Vaughn, assessor de Lombard. Esse fato foi também um dos motivos pelo qual ele nunca mais teve uma boa relação com o pai, e após a morte dele, ficava se culpando pelo ocorrido.

Gibson não é uma pessoa qualquer. Sua longa jornada de altos e baixos pela vida lhe deram grandes lições, desde como se manter anônimo na internet até como ser uma pessoa normal fora dela. Hoje ele é um pai de família atencioso, humilde, e que, apesar de ser separado da esposa, sempre faz de tudo que pode para manter o bem-estar dela e de sua filha, Ellie. Porém, Gibson também nunca deixou de ser um hacker inteligente e audacioso. Ainda que não mexa mais com isso, nutre uma grande paixão por hackear sistemas e descobrir falhas de segurança na rede.

Ainda que Vaughn seja um ótimo personagem e conduza a maior parte da trama, eu gostei muito mais da Charles. Charles é uma mulher silenciosa, ambiciosa e muito, mas muito esperta. Está sempre um passo à frente dos demais, e seu conhecimento técnico em computação, armamento e logística de guerra me despertaram grande admiração. Ela não se deixa intimidar, toma as suas próprias decisões e não passa nem perto do clichê de personagem indefesa. Há vários momentos inclusive, que é ela quem conduz a narrativa, apresenta as soluções e salva a vida dos rapazes.

“A verdade era simples: na história humana, de que outra maneira alguém conseguiria se tornar, sem derramamento de sangue, a pessoa mais poderosa do mundo?”

A trama criada por Mattew é envolvente, e a cada capítulos vamos descobrindo mais detalhes sobre as novas pistas que podem levar ao paredeiro de Suzanne Lombard e também sobre quem pode estar envolvido no seu desaparecimento. Inclusive, ouve dois grandes momentos em que o livro me surpreendeu muito. A primeira grande surpresa foi na segunda metade do livro, quando Gibson está chegando cada vez mais perto das pistas certas e, inesperadamente, um contato em particular o fará mudar tudo o que sabia sobre o desaparecimento de Suzanne. Já o segundo grande momento é mais próximo ao final do livro, quando vamos ter uma reviravolta e novamente vamos ter de repensar o que sabemos da história toda e, principalmente, do que sabemos de alguns personagens.

A história de Morte Lenta, entretanto, não é apenas sobre conspiração política e/ou sobre o desaparecimento da garota. Ele fala discretamente de dois assuntos muito importantes. Um deles não posso mencionar pois se tornará evidente no final da história. O outro, entretanto, é sobre a pedofilia. Esse é um assunto bastante delicado, mas importante, pois afinal, é uma realidade. Pela internet, qualquer um pode ter o rosto, a nacionalidade e a idade que quiser. Uma criança, em sua inocência, não sabe se quem está do outro lado é quem diz ser, e muitas vezes, acaba acreditando. E em sua grande maioria, do outro lado da tela há pedófilos assediando crianças, marcando encontro com elas e tudo mais.

No livro, em uma parte inclusive, haverá um relato de como um grupo de pedófilos usava a deep web para trocar imagens, vídeos e até mesmo encontrar crianças para praticar os seus atos libidinosos. Infelizmente sabemos que no mundo real isso acontece. Só para citar um exemplo do quão real é esse assunto, uma pesquisa feita alguns anos atrás apresentou que 76% dos pedófilos do mundo todo estão no Brasil. Acredito que a intenção do autor ao expor esses temas é mostrar a gravidade do assunto e conscientizar o leitor de que precisamos ficar atentos com quem as crianças andam conversando pela internet, e acima de tudo, identificar possíveis sinais de investidas desses criminosos.

“A Esperança é um câncer. E o resultado? Das duas, uma: ou você nunca descobre a verdade e durante o processo é corroído por dentro até não restar mais nada. Ou ainda pior: você descobre e acaba atravessando o para-brisa a noventa por hora, porque a esperança lhe garantiu que você podia dirigir sem sinto de segurança.”

Um dos pequenos motivos que me fizeram não dar cinco estrelas ao livro é que, quando cheguei ao fim, ainda senti que algumas pontas ficaram soltas. Há dois ou três personagens que ficaram sem explicação do que aconteceu com eles, se morreram, se viveram, enfim, não ficou claro onde foram parar. Pode ser que tenha ficado em aberto de propósito mesmo ou, quem sabe, venha a ser explicado no segundo livro do autor, que ainda não tem previsão por aqui. Não são detalhes que impactam de forma grandiosa o livro, mas para mim, uma ou duas frases já seriam o suficiente para deixar a trama completa, fechadinha, sem espaço para questionamentos.

A edição física do livro está muito linda, a capa é metalizada e há efeitos de luz que tornam o livro muito belo. Dentro dele também, em cada capítulo há uma espécie de gotas de tinta salpicada, como se algo tivesse espirrado sobre as folhas. O papel é amarelado e mais grosso do que o comum, mas bastante macio. Único detalhe que já não gostei logo de cara foi em relação ao tamanho da fonte, que está menor do que o convencional. Fora isso, é um trabalho muito bem feito.

Morte Lenta me surpreendeu e já estou ansioso para conhecer o novo livro do autor, que decidiu escrever mais livros com o personagem Gibson, tornando-o em uma série. Só posso dizer que fiquei muito contente com a grandiosidade e riqueza de detalhes da história e que certamente vai conquistar muitos fãs de suspense policial, conspirações políticas e, principalmente, para todos que gostem de aventuras envolvendo hackers.

MORTE LENTA

Autor: Matthew Fitzsimmons

Editora: Faro Editorial

Ano de publicação: 2017

Dez anos atrás, Suzanne, uma garota de 14 anos, simplesmente desapareceu sem deixar qualquer vestígio. Filha do então senador Benjamin Lombard, agora poderoso vice-presidente dos EUA, o caso continua sem solução e se transformou numa obsessão nacional.
Para Gibson Vaughn, renomado hacker e mariner, trata-se de uma perda pessoal. Suzanne era como uma irmã para ele. No décimo aniversário do desaparecimento da garota, o ex-chefe de segurança de Benjamin Lombard pede a ajuda de Gibson para realizar uma investigação secreta e entrega a ele novas pistas.
Assombrado por memórias trágicas daqueles dias, Gibson acredita ter agora a chance de descobrir o que realmente aconteceu. Utilizando as suas habilidades, já em suas primeiras pesquisas descobre uma rede de múltiplas conspirações em torno da família Lombard e se depara com adversários poderosos – e perigosos – que farão qualquer coisa para silenciá-lo. Ao mexer no vespeiro, novas informações e personagens vêm à tona, a identidade de Gibson é revelada, tornando-o igualmente vulnerável.
E enquanto navega por essa teia perigosa de fatos, ele precisa estar sempre um passo à frente se quiser descobrir a verdade… e se manter vivo.

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