A Mulher na Janela é um suspense do autor A. J. Finn, lançamento de 2018 da editora Arqueiro.

Sobre o Livro

Anna Fox sofre de agorafobia e não sai de casa há quase um ano. Isso é decorrência de algo que mudou a sua vida e também afastou seu marido e a filha Olívia. Isolada em um casarão, a psicóloga agora divide seu tempo entre ver filmes antigos, ajudar pessoas em um fórum na internet e espionar os vizinhos através de sua câmera. É um parco entretenimento até onde os seus olhos a permitem ir e sua mente não.

“Bisbilhotar é como fotografar a natureza: a gente não interfere no que está vendo.”

As coisas ficam um pouco turbulentas quando uma nova família se muda para uma das casas do outro lado do parque. Tudo parece normal, até que ela presencia um crime pelas suas lentes e ninguém parece acreditar nela. Com sua mistura de vinho e a medicação pesada que toma, Anna perde sua credibilidade e começa a duvidar de si, enquanto tenta montar o quebra cabeça que parece ir se fechando à sua volta.


Minha Opinião

Se você já leu ou assistiu A Garota no Trem, talvez soe familiar, mas mesmo com alguns detalhes em comum, a trama segue um caminho bem diferente. A Mulher na Janela foi uma das melhores leituras que fiz até agora em 2018 e me deixou agoniada com todo o desenrolar da narrativa.

Eu normalmente sou boa em matar charadas de livros de suspense, e esse tem muitas. Tanto que começamos a ser surpreendidos por elas antes mesmo da metade e já é possível para o leitor perceber que terá de duvidar de todo mundo pra ver se encontra alguma verdade no meio da confusão. São três saltos de revelação, sendo o último o gran finale. E pra dois deles eu não estava preparada.

“Qual será o problema dessa casa? É nela que o amor se instala para morrer.”

Há, claro, dicas ao longo da narrativa e é possível sacar algumas coisas, mas a dúvida que paira constantemente no ar sobre o que é real e o que foi imaginado pela mente alucinante da personagem dá um peso diferente ao que achamos que sabemos e passamos a duvidar também do que já lemos e armazenamos como prova. E isso é muito legal!

Anna tem um problema com a bebida, mas ela não é de toda errada. Ela faz acompanhamento médico, faz exercícios, tenta ajudar os outros, faz aulas de francês. Mesmo isolada e sofrendo com a fobia de por um passo pra fora, ela “tenta” manter a sanidade. Aliás, até grande parte do livro, o álcool que ela consome nem chega a nos incomodar, porque não vemos a confusão que a cabeça dela pode estar montando, e é provavelmente por causa disso, que somos surpreendidos.

Quando se tratando de casos assim, acho que o que mais me frustra é ver que mesmo sabendo que é aquele consumo desenfreado que faz com que a personagem perca qualquer crédito, ela segue com ele até estar tudo extremamente bagunçado a um ponto de quase não haver retorno. Mas isso tem também o lado interessante: fui ficando tão irritada com a situação, prevendo que a qualquer momento aquilo se voltaria contra ela novamente, que voltei meus olhos a esse ponto e talvez não tenha analisado tão bem as reações ao redor. Assim como Anna.

“Como médica, digo que o paciente precisa estar num ambiente que ele seja capaz de controlar. Essa é a minha avaliação clínica. Como paciente, digo que a agorafobia não veio para destruir minha vida: ela agora é a minha vida.”

Será que imaginou o que viu? Será que é tudo uma armação? Será que estão mentindo pra ela? Será que ela está ficando doida? É uma espiral de tantos questionamentos, pensamentos e fatos, que vamos ficando confusos junto com a personagem. E, acho que uma das coisas mais legais é a indução que sofremos. Anna é psicóloga, então ela sabe ler as pessoas pelo menos um pouco. Com essas leituras ela nos dá dicas. Mas será que suas leituras estão corretas ou sua mente prega ainda mais peças?

A Mulher na Janela trabalha mais do que o suspense, há temas importantes sendo debatidos aqui, como a agorafobia, o alcoolismo, o consumo errado de medicamento, a importância do acompanhamento psicológico, violência familiar, violência contra a mulher e uma série de outras questões que serviriam como spoiler se eu mencionasse aqui.

Digo a vocês que eu simplesmente DEVOOOOREI esse livro e fiquei agoniada com cada salto que a história dava. Eu precisava descobrir o que viria a seguir, onde aquilo tudo ia dar. E aos poucos eu também fui desassociando de A Garota do Trem, que é um livro que eu curti muito.

O livro é todo do ponto de vista de Anna, e apesar de suas mais de 300 páginas, a escrita do autor é muito fluida. Certamente quero ler mais coisas dele quando tiver a oportunidade, pois suspense é um gênero que negligencio um pouco, exatamente por normalmente pegar as sacadas antes. Mas com o A Mulher na Janela, foi bem mais do que eu estava esperando.

Então, se você curte um bom suspense ou quer uma indicação de por onde começar, fica aqui a dica. É uma leitura instigante, que mexe com o leitor e faz você questionar várias coisas. Acho que essa é uma das sacadas mais legais até, o fato de que A. J. Finn trabalha tantas coisas aqui, que é exatamente essa base de problemas que esconde as coisas que deveríamos ver, porque estão ali, bem do outro lado da janela.

A MULHER NA JANELA

Autor: A. J. Finn

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

na Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e… espionando os vizinhos.
Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir.
Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle?

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