Não Confie em Ninguém é um livro de Charlie Donlea, mesmo autor de “A Garota do Lago”, publicado em 2018 pela Faro Editorial.

Sobre o Livro

Sidney é uma cineasta que vem ganhando cada vez mais popularidade por investigar casos de pessoas condenadas inocentemente e provar a inocência das mesmas. Dessa forma, ela recebe inúmeras cartas de presidiários com pedidos para que reabra seus casos, jurando serem inocentes.

Dentre todas essas cartas, um caso chama a atenção. Em uma viagem com amigos, o namorado de Grace é assassinado e ela condenada pelo crime. Dez anos se passaram desde sua condenação, e ela alega que os investigadores negligenciaram seu caso para não prejudicar o turismo do local.

“A única coisa mais espetacular do que um turista morto era uma americana acusada de matá-lo.”

Sidney reabre o caso a partir de um documentário investigativo em tempo real, onde ela apresenta os episódios conforme vai descobrindo novas pistas, e o mesmo vem alcançando cada vez mais expectadores e quebrando recordes. Entretanto, algumas descobertas fazem com que o caso tome um rumo muito diferente do que Sidney esperava, colocando não só seu documentário em risco, mas também a sua vida.


Minha Opinião

Primeiro eu gostaria de apontar que considero que a sinopse oficial contém spoiler. Não é algo muito revelador, no entanto, é um acontecimento que muda o rumo da história e acontece muito depois da metade do livro. Saber dele não estragou minha experiência, mas fiquei esperando por ele, o que poderia ter sido uma surpresa boa se eu não soubesse. Então, se querem uma dica minha: não leiam ela. Na minha versão aqui na resenha, deixei esse fato de fora.

A história é intercalada entre passado e presente, algo que me parece estar em todas as obras do autor. Contudo, em Não Confie em Ninguém, Charlie Donlea inovou ao apresentar os fatos do passado, principalmente, através do documentário.

Porém, apesar de ser um ponto positivo para mim, também foi negativo. Isso se dá por conta de as passagens do documentário serem apresentadas de forma narrativa e apontado que o conhecimento dos fatos se dava através de entrevistas, as quais acompanhamos no presente. Para mim foi difícil compreender como essa narrativa estava sendo apresentada visualmente, se através de simulações, por exemplo. Entretanto essa confusão gerou um “travamento” no início do livro, mas acredito ter sido um aspecto bem especifico da minha experiência, podendo não afetar outras pessoas.

Outro ponto que prejudicou o início do livro, e esse é inteiramente minha culpa, foi o fato de eu ter iniciado a leitura esperando um Deixada Para Trás, meu livro favorito do autor. Apesar de serem escritos pela mesma pessoa, ainda são histórias diferentes, então o desenvolvimento também será. Isso significou que achei o desenvolvimento ruim? Não, porque ele é de extrema importância para o desenrolar os fatos e em nenhum momento o livro foi maçante ou chato. Apenas não encontrei o que entrei buscando, mas isso não significa necessariamente que tenha me desagradado.

Apesar desse início ter sido um tanto “difícil”, depois dos 70% a história virou surto atrás de surto e me vi presa no livro, e isso superou a minha experiência inicial. Mas reitero, não é apenas 30% do livro que valeram a pena, e sim a obra como um todo.

“Qualquer promotor consegue condenar um culpado, mas é necessário um promotor especial para condenar um inocente.”

O primeiro grande plot twist, que vem a partir daquela informação que está presente na sinopse oficial, foi totalmente inesperado e mudou tudo que havia sido apresentando na história até então. Eu poderia ter esperado por qualquer coisa, menos pelo o que aconteceu e com certeza tal revelação entrou para minha lista de melhores reviravoltas.

A partir daqui se tornou difícil confiar em alguém, o que já não era algo muito fácil anteriormente, visto que muitos personagens parecem ter razões para terem cometido o crime. Assim, o autor apresenta alguns personagens como potenciais culpados, muitas vezes dando a entender que eles são, porém nunca trocando essa acusação rápido demais, permitindo que eu criasse as minhas próprias teorias a partir do que ele apresentou.

Outro aspecto que gosto muito nos livros do Charlie Donlea, completando o que falei no paragrafo anterior, é justamente essa característica de fazer com que diversas pessoas pareçam suspeitas, e também desviando o nosso foco de quem realmente é o “vilão” e muitas vezes me fazendo esquecer completamente de teorias que, no fim, estavam certas. Então mesmo acertando, eu errei, e eu adoro como o autor consegue sempre me enganar.

“Matar alguém exige perfeição, timing, e sorte. Eu esperava que esses três atributos estivessem ao meu lado nesse entardecer.”

Em relação aos acontecimentos que encerram o livro, eu acredito que pode ser frustrante para algumas pessoas. Acho-o irônico e definitivamente não é o tipo de desfecho que normalmente se encontra e é esperado em livros do gênero, ainda mais levando em consideração todo o contexto da história de Não Confie em Ninguém.

Entretanto, para mim foi justamente isso que fez com que eu gostasse: o fato de Charlie Donlea entregar algo que provavelmente não é aquilo que o leitor desejava que ocorresse e sair do padrão já conhecido. A princípio, até fiquei um tanto contrariada, porém o autor acrescenta uma peça no final, que deixa uma fagulha de esperança, a qual foi algo que auxiliou para que eu gostasse da conclusão.

Também gostaria de comentar que a personagem “Livia”, uma das protagonistas de Deixada Para Trás aparece nesse livro e foi muito bom reencontrar uma personagem que me cativou muito. Lembrando que são histórias independentes.

Há outro personagem, esse apresentado em Não confie em ninguém, que a princípio ficou confuso quem ele era, qual seu propósito na história, mas conforme ele foi sendo desenvolvido e as questões em volta dele esclarecidas, comecei a gostar muito do mesmo, e agora ele tem um cantinho especial como Livia.

No fim, a experiência geral foi muito boa, e o livro apenas não se tornou um favorito por conta de minha dificuldade inicial. Recomendo para pessoas que gostam de histórias com bastante plot twist, reviravoltas e revelações surpreendentes e para aqueles que adoram criar teorias, porque esse livro dá inúmeras aberturas para tal, desde seu início.

NÃO CONFIE EM NINGUÉM

Autor: Charlie Donlea

Tradução: Carlos Szlak

Editora: Faro Editorial

Ano de publicação: 2018

O destino de Grace Sebold toma um rumo inesperado durante uma tranquila viagem com o namorado. O rapaz é assassinado… e ela é condenada pelo crime. Depois de dez anos na prisão, surge a chance de Grace provar sua inocência ao conhecer a cineasta Sidney. Em um documentário que exibe as falhas do processo, a cineasta questiona se a condenação foi fruto de incompetência policial ou se a jovem foi vítima de uma conspiração. Antes do término das filmagens, o clamor popular leva o caso ser reaberto, mas um novo fato provoca uma reviravolta: Sidney recebe uma carta anônima afirmando que ela está sendo enganada pela assassina. A cineasta começa a investigar o passado de Grace e quanto mais se aprofunda na história, mais dúvidas aparecem. No entanto, agora, o que está em jogo não é apenas a repentina fama e carreira, mas sua própria vida.

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