No Mar é o livro de estreia do jornalista holandês Toine Heijmans. O livro foi publicado em 2015 pela Editoda Cosac Naify.

Sobre o livro

Donald é um homem na casa dos 40 anos que aproveita a licença remunerada para navegar pelo Mar do Norte. Na última parte da travessia, ele tem a companhia de Maria, sua filha de sete anos. Donald está passando por uma crise existencial, frustrado com a vida, insatisfeito com a carreira e decepcionado com o modo que se relaciona com a família. Hagar, sua esposa, apoia a viagem do marido, pois acredita que fazer essa travessia, sonho antigo, é o remédio para que ele volte para a família renovado.

“De vez em quando a gente faz coisas que sabe que seria melhor não fazer. Mas faz assim mesmo. Já me perguntei bastante por que é desse jeito.”

Um velejador amador que sente estar apto para a aventura. Tudo indica êxito: a previsão do tempo é boa, a travessia não é muito complexa e o barco está em excelentes condições. Todavia, as coisas não acontecem como planejado. Ele é surpreendido por uma tempestade.

Cansado e com a travessia mais difícil e perigosa por causa da tempestade, ele toma todos os procedimentos necessários e vai em busca da filha na cabine, mas não a encontra. Procura por todos os lados, sem sucesso. E agora, onde está Maria?


Minha opinião

O livro foi muito bem recebido no pais de origem, o que garantiu uma adaptação televisiva. Na França, o autor foi agraciado com o prêmio Médicis Étranger.

Devo confessar que não tinha expectativas em relação ao livro. Comprei em uma promoção relâmpago e o que mais me chamou a atenção foi a capa e nacionalidade do autor. Para minha surpresa, fiquei encantada com todos os sentimentos que o livro me despertou durante a leitura.

Suspense psicológico não é um gênero que costumo ler com muita frequência, mas me agrada bastante e a narrativa em primeira pessoa deu um ritmo mais dinâmico para a leitura. A história demora para decolar , mas passada a estranheza, o enredo intrigante e a narrativa envolvente, nos puxa para as páginas da história.

Donald é um personagem que está vivenciando uma crise existencial. Ele está insatisfeito com sua carreira e não entende a razão de não ter alcançado patamares mais altos, já que sempre foi dedicado ao trabalho. Estressado por ver funcionários mais jovens em cargos por ele cobiçado, acabou por se acomodar no trabalho, e agora a sua única forma de escape é o veleiro que comprou. Por isso, não pensa duas vezes em usar o sabático para realizar seu sonho de atravessar o Mar do Norte.

Nosso Capitão aproveita para levar a filha, pois deseja estreitar os vínculos que ficaram enfraquecidos por causa da dedicação ao trabalho. Ele tem consciência de que perdeu momentos importantes com a família e deseja reparar o fato. Porém, as coisas não saem conforme o planejado e Maria desaparece antes do fim da viagem.

“Mães não querem que seus filhos cresçam; pais, sim. Pais não veem a hora de que seus filhos cresçam o bastante para poder fazer com eles coisas de pai”

A narrativa é repleta de tensão. O turbilhão que acontece na mente do protagonista nos prende até o fim. Seu desespero e negação são perturbadores e nos sentimos impotentes sem saber o que aconteceu com Maria. O livro é imperdível! É impossível não se envolver e se comover com a situação de Donald e Maria.

O autor nos faz refletir sobre nossas prioridades, nossos medos, a forma como reagimos a eles, sobre reconhecer os erros e buscar ajuda. Também aborda a importância da família e de dar valor as pequenas alegrias da vida. Outro ponto marcante é a paternidade, o amor entre pai e filha, de viver experiências significativas capazes de estreitar o vínculo entre eles, de se sentir um bom pai, de ser mais presente na vida dela e não apenas o provedor.

O livro foi muito bem trabalhado, o designer da capa é lindo e conversa bem com o enredo. A diagramação é confortável e torna a leitura prazerosa, no início o livro pode parecer truncado por causa, mas a narrativa e a ambientação são tão envolventes que nos adaptamos rapidamente. Uma curiosidade em relação a diagramação são as entradas do texto que simulam as ondulações do mar.

O autor se inspirou em histórias reais para escrever o livro. A primeira foi a história de Donald Crowhurst, navegador amador, que morreu numa competição após enviar relatórios falsos sobre sua localização e desempenho em alto-mar. A segunda foi uma matéria jornalística sobre uma menina que desapareceu nas dunas. O pai vendo a filha nas dunas, correu para alcançá-la, ela acreditando se tratar de uma brincadeira, corria para mais longe dele, até não ser mais encontrada.

No Mar é um livro inquietante que mexe com o leitor. Dizem que os melhores perfumes estão nos pequenos fracos e o mesmo pode ser dito deste livro, pois, apesar das poucas páginas, experimentamos uma miríade de sentimentos.

NO MAR

Autor:Toine Heijmans

Tradução:Mariângela Guimarães

Editora:Cosac Naify

Ano de publicação:2015

Em meio a uma imensa crise pessoal e profissional, Donald, um homem de 40 anos, sai numa viagem de três meses pelo Mar do Norte, a bordo do veleiro Ishmael. Nos últimos dias do trajeto, terá a companhia de sua filha de sete anos, Maria. Será a primeira vez que os dois ficarão sozinhos, sem os cuidados da mãe, Hagar. Quase chegando a seu destino final, ele perde a filha de vista e as coisas começam a sair de seu controle. Esse narrador, nada confiável, escreve a experiência num diário de bordo, numa clara referência a Donald Crowhurst, navegador amador que morreu durante uma competição ao redor do mundo, em 1969, depois de mandar uma série de falsos relatórios afirmando que estaria na rota correta e muito perto de cumprir o trajeto. Ao longo de No mar, aspectos importantes da vida do narrador vão sendo revelados: eis um homem que oscila entre a autoconfiança absoluta e uma grande insegurança, fragilizado e cindido entre a vida que deseja ter e a que tem de fato.

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