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Primeiramente, quero dizer que eu fui batizada e fiz catequese como manda o figurino, mas não posso me declarar uma cristã praticante porque não é a verdade. Quando eu preciso, eu converso com Deus, e a gente se entende. Mas o meu Deus não é o mesmo da Biblia ou de outra religião. Ele é meu e portanto tem a minha interpretação pessoal. Nunca pensei muito se ele é homem ou mulher, preto ou branco, bonito ou feio. A única coisa que sei é que quando preciso falar com ele, normalmente eu olho para o céu.

Mas, apesar das diferenças de crenças de cada um, acredito que todos conheçam as histórias da Bíblia, principalmente as mais famosas, como a da Arca de Noé, Adão e Eva, Caim e Abel.

Quando anunciaram um filme sobre Noé, confesso que minha primeira reação foi achar divertido, e pensar WTF?. Dai saiu o trailer e até estava ok, então comecei a ponderar sobre ir assistir. O que aconteceu, foi que nas últimas duas semanas os blogs “bambambam” foram bombardeados com resenhas, releases e vídeos sobre o filme.

Isso me incomodou um monte e vou explicar porque. Eu acesso vários tipos de blog, dependendo do que quero saber. Meu feed de blog é super eclético, com temáticas de moda, seriados, livros, resenhas, papos cabeça e por ai vai. Então eu me surpreendi quando vi que as ações de divulgação de Noé estavam sendo feitas nos blogs de moda (não vou citar quais aqui, porque se você acessa, tenho certeza que também reparou e se não acessa nem vai querer saber). Como publicitária, achei a estratégia um tanto quanto equivocada.

Mas, devido ao tamanho do auê, resolvi ir ver o maldito filme, pra poder criticar de boca cheia, tendo então opinião para falar. Peguei minha tradicional pipoca, me aboserei na poltrona, e, depois de 40 minutos de filme comecei a olhar o relógio pra ver se já não tava na hora de acabar.

O filme é grandioso, mas tedioso. As cenas são bem construídas e a atuação do Russel Crowe é impecável, mas logo de início da pra saber porque a Igreja e entidades religiosas meteram a boca no filme. SPOILER. Pra começar a porra, quem constrói a Arca não é Noé, são gigantes de pedra, os supostos guardiões, que fazem todo o trabalho pesado. Só vi Noé atando umas cordas e passando uma gulesma (????) entre as madeiras. E esse é só o primeiro item estranho/duvidoso.

O diretor Darren Aronofsky pegou uma obra clássica e criou toda uma nova crença, o que pode ser confuso, principalmente para aquelas pessoas que acreditam em tudo que veem, ou crianças mesmo (quando eu fui ver, apesar de ser de noite, haviam várias entre 10 – 13 anos). A história proposta na Bíblia é bem vaga, então o roteiro teve bastante espaço para criar e foi ai que a coisa fugiu um pouco do controle.

O termo Deus nunca é usado, sendo ele sempre chamado de “Criador“. Ele não vai ao encontro de Noé para explicar porque ele deve construir a Arca, no filme Noé começa a ter sonhos e alucinações, e em certos pontos é até incoerente com suas decisões, parecendo que ao seguir a vontade do Criador, perde a sua humanidade e passa a ser apenas uma ferramenta para um fim pré estabelecido.

A outra coisa que me deixou bastante confusa foi que, na obra original, Noé leva a esposa e os três filhos, com suas respectivas esposas, e dai cria-se a humanidade novamente. O que já é estranho, porque, teoricamente eles vão se relacionar entre primos. Mas se todo mundo veio de Adão e Eva, no início irmãos se relacionavam, sendo o incesto algo natural? Desculpa mas eu não tenho conhecimento suficiente da Bíblia para responder isso. Mas dai no filme a coisa fica ainda mais esquisita. Só vai esposa para o mais velho, que é a Emma Watson, dela nascem duas meninas e entende-se então que essas duas meninas vão ser as esposas “obrigatoriamente” para os outros irmãos. Ou seja, amor de tios e sobrinhas. Ok. Mas dai um dos irmãos resolver ir embora. Então vai ter uma coitada que sobrou ai na história, ficando, literalmente pra titia!

Não sei se fui clara, ou se dei um nó no cérebro de quem ler isso, mas enfim, fiquei confusa. Citei só esses dois pontos, mas na verdade há uma série de fatos que são completamente resultados da imaginação do diretor/roteirista.

Pode até parecer um pouco conservador da minha parte, mas eu gostaria que o filme fosse mais fiel a obra original e menos contraditório. Não acho que seja um filme que valha a pena ir assistir nos cinemas, mas quando não tiver nada pra fazer, acho que da pra dar uma olhada sim.

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Sinopse

Noé (Russell Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer Connelly) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.

 

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