Nossos Dias Infinitos é da autora Claire Fuller e foi lançado em 2016 pela editora Morro Branco.

Sobre o livro

Com apenas 8 anos Peggy já aprendeu as dificuldades que a vida pode reservar para alguém. Ela vivia com o pai, James Hillcoat, e a mãe em Londres. Sua vida consistia em estudar, brincar e participar das brincadeiras do pai. Que geralmente envolviam alguma forma de sobrevivência no meio da floresta. Seu pai tem verdadeira fixação por isso e acredita que o fim pode estar próximo.

Certo dia, ele a leva para uma cabana numa floresta européia no meio do nada. Ele afirma que a sua mãe e todas as pessoas do mundo estão mortas. Os únicos sobreviventes são ele a jovem Peggy. Neste lugar isolado e sem recursos eles passam a viver com o pouco que a natureza dá. Lá ela aprende a se defender e sobreviver no meio de um inverno rigoroso.

“Eles acham que me esqueci das coisas que realmente aconteceram e inventei outras.”

Nisso temos um pulo temporal para 1985. Agora, temos uma Peggy com 17 anos, após sair dessa cabana isolada onde vivia com o pai. Ela parece bem debilitada e passa narrar os fatos que aconteceram desde que ela desapareceu. Quando todos achavam que ela estava morta, ela retorna para contar tudo o que viveu. Com uma narrativa simples e cheia de sentimentalismo, ela abre o seu coração para o leitor que junta os pedaços do que aconteceu com ela durante todos esses anos.


Minha Opinião

Sabe aquelas histórias que te deixam com um aperto no coração? Essa é uma história pesada. Por todo o seu conteúdo e por tudo o que Peggy viveu. A maneira como ela vai nos contar seus anos vivendo isolada no meio do nada com o pai, que parece ter enlouquecido, são cheio de detalhes que nos mostram todo o terror que ela vivenciou e como ela, na sua cabeça de criança, fez para lidar com tudo.

Já começamos o livro logo de cara sabendo que a história sofreu uma ruptura. Juntamos os pedaços conforme Peggy nos confidencia. Toda a dificuldade que ela encontra para se adaptar a essa nova Londres, para reatar seus laços com a mãe que acreditava estar morta e com o irmão, que nasceu após sua partida, são de cortar o coração. A fragilidade com que ela foi lançada nesse mundo moderno e diferente do que ela está lembrada nos mostram o quanto ela ainda sofrerá.

“As paredes eram feitas de tábuas de madeira e, onde algumas haviam caído, buracos escuros sorriam, amargos, com bocas desdentadas.”

Primeiramente, é impossível começar a analisar essa trama sem falar do seu pai. James é um personagem muito peculiar. Suas explosões, seus acessos e todas as loucuras que ele acredita me preocuparam desde o começo. É estranho pensar que ninguém viu que existia algo de errado com ele. James participa de um grupo que acredita no fim do mundo e vive planejando uma forma de sobreviver a essa desgraça. E é a partir disso que ele passa a treinar Peggy.

Eu senti muita pena por Peggy. E muita raiva de seu pai. Eu não acreditava que uma pessoa podia levar um filho para um lugar desolado, mentir, fazer toda uma tortura psicológica e deixar que uma criança passe por todo o tipo de dificuldade. As memórias dela parecem muito confusas e temos os detalhes e a visão de uma criança de apenas oito anos. Todo esse tempo vivendo no meio do nada e de maneira tão precária deixou nela mais que apenas marcas físicas.

“Com aquela última marca, o tempo parou para nós em 20 de agosto de 1976.”

O reencontro com sua mãe é extremamente delicado. Ute é uma pianista conhecida e consagrada. Sempre pareceu meio distante da filha e, agora, precisa aprender a se reaproximar dela. Acontece que ela não é mais a mesma criança que Ute conheceu há quase nove anos. Torcemos para que essa história tome um novo rumo.

Toda a hora eu me perguntava: o que aconteceu com o pai? Como Peggy conseguiu fugir? Quem é esse estranho homem que ela afirma ter conhecido na floresta? Todas essas perguntas nos fazem devorar esse livro. O final, já digo, é de cortar o coração. Terminei de ler e precisei de um tempo para digerir tudo o que li. É uma história forte de todas as formas e nos choca de uma maneira surreal. Principalmente por tudo ser narrado por ela. Que tentou entender o que acontecia, mesmo sendo apenas uma criança.

Eu não sei recomendo essa leitura para todos. Acho que você precisa estar preparado para sofrer junto com Peggy, para ver todo esse terror psicológico que seu pai afirma ser preocupação, para ver uma criança passando trabalho e sendo testada e levada ao seu limite durante longos anos. E pior, ver a confusão que sua cabeça ficou após todo esse tempo.

 

NOSSOS DIAS INFINITOS

Autor: Claire Fuller

Tradução: Carolina Selvatici

Editora: Morro Branco

Ano de publicação: 2016

Todos os pais mentem. Mas algumas mentiras são maiores do que as outras. “Datas só nos fazem perceber quão finitos nossos dias são, quão mais perto da morte ficamos a cada dia que passa. De agora em diante, Punzel, vamos viver seguindo o sol e as estações”. Ele me pegou no colo e me girou, rindo. “Nossos dias serão infinitos”. Com aquela última marca, o tempo parou para nós em 20 de agosto de 1976”. Peggy tinha oito anos quando seu pai a levou para viver em uma remota cabana no meio de uma floresta europeia. Lá ele lhe disse que sua mãe e todas as outras pessoas do mundo morreram. Agora eles precisam viver da terra e sobreviver ao rigoroso inverno. Mas até quando a pequena Peggy vai acreditar na história de seu pai? Até quando você pode ficar são, quando o mundo está perdido? O que acontece quando você para de crer em tudo?

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