O Clube dos Jardineiros de Fumaça é um lançamento da Companhia das Letras de 2018, escrito pela autora nacional Carol Bensimon.

SOBRE O LIVRO

No livro vencedor do Jabuti de 2018 na categoria Romance, conhecemos Arthur, um jovem professor brasileiro, cai em desgraça e, buscando recomeçar, se muda para a Califórnia, supostamente com o objetivo de cursar um doutorado. Porém, ele acaba envolvido, na verdade, com o cultivo e comércio de maconha.

“Se você podia se adaptar tão rápido à nova ordem das coisas, isso significava que o passado inteiro tinha sido uma farsa muito bem montada”.

A partir dele, a narrativa irá nos conduzir pelo papel, funcionamento e consequências da droga na região. Desde as comunidades hippies até os caminhos contemporâneos de legalização da droga, seremos apresentados pouco a pouco a uma série de aspectos da produção da maconha na Califórnia e a cada uma das pessoas que contribuem, ou são afetadas, por ela.


MINHA OPINIÃO

Embora tenha um protagonista fixo, a trama não se demora exclusivamente nele. Em vários momentos a autora se demora em outros personagens, às vezes dedicando páginas e capítulos inteiros a eles. Isso tem um lado positivo: é através deles que conhecemos outros aspectos da produção de maconha na Califórnia. Graças a isso, é um livro recheado de perspectivas diferentes em torno desse mesmo tema.

Porém, esse traço gera um problema: confusão e uma narrativa que se espalha demais e em alguns momentos pode acabar perdendo o foco, pois nem todas essas interseções mostram-se essenciais para o quadro que Bensimon busca criar.

“Você tem que manter o mal perto o suficiente para se lembrar de que ele existe”.

O livro tem um tom bem melancólico, bem distinto do que alguns poderiam imaginar como uma eterna festa. A realidade que o personagem vai conhecendo e, através do seu olhar, vai se mostrando para nós é bem mais complexa do que pode parecer a princípio.

Bensimon trata de um assunto ainda muito polêmico com uma seriedade importantíssima, e é nesse tratamento que reside uma das maiores qualidades desse livro. Pois aqui não há lados ou defesas; há apenas a verdade por trás dos mitos, preconceitos e paixões que envolvem a discussão sobre a legalização da droga.

Um das perspectivas mais interessantes, e que poderiam dar origem a muitas discussões relevantes, é o contraste entre a maconha celebrada pelas já decadentes comunidades hippies e a transformação da maconha em mais um braço do capitalismo. Afinal, a legalização acaba tirando-a desse espaço da resistência e de combate ao sistema e colocando-a como mais um bem de consumo a ser explorado.

“Quando você transforma intenções e ideais em bens de consumo, a gente tem um problema sério”.

A edição é simples e os capítulos não são numerados, mas há algo de bem poderoso em como essa capa retrata bem não só o tema do livro, mas o seu clima melancólico.

É uma ótima leitura para os fãs de livros temáticos, isto é, livros que giram amplamente em torno de um tema mais do que ficam centrados na trama individual de um ou outro personagem. Pode ser, inclusive, uma leitura bastante informativa, e que dá ao leitor um entendimento melhor dos diversos aspectos que envolvem a produção e consumo da maconha na Califórnia.

 

O CLUBE DOS JARDINEIROS DE FUMAÇA

Autor: Carol Bensimon

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2018

Ambientado na Califórnia e tendo como pano de fundo a descriminalização da maconha, O clube dos jardineiros de fumaça é um retrato magistral da geração hippie. Vencedor do Prêmio Jabuti 2018 na categoria Romance. Em um cenário formado por coníferas milenares, estradas sinuosas e falésias, a região californiana do Triângulo da Esmeralda concentra a maior produção de maconha dos Estados Unidos. É lá que o jovem professor brasileiro Arthur busca recomeçar a vida, depois dos acontecimentos que o levaram a deixar Porto Alegre. Aos poucos, ele se insere na dinâmica local e passa a fazer parte de uma história que começa com a contracultura dos anos 1960 e se estende até o presente. À vida de Arthur e daqueles com quem estabelece vínculos ― o atormentado Dusk, a solitária Sylvia, a indecisa Tamara ― mistura-se a de personagens reais que participaram do embate que levou à descriminalização do uso da maconha, fazendo deste um poderoso romance panorâmico. Cruzando história e ficção, com uma linguagem original e ousada, a meio caminho entre Brasil e Estados Unidos, Carol Bensimon compõe em O clube dos jardineiros de fumaça um brilhante retrato da geração hippie e de seu legado.

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