O Destino de Tearling é o livro final da trilogia de Erika Johansen, lançado no Brasil em 2018 pela editora Suma. A Rainha de Teraling e A Invasão de Tearling já ganharam resenha aqui no site!


*Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores

Sobre o Livro

Kelsea Glynn agora é prisioneira de Mortmesne, depois de se render à Rainha Vermelha e entregar suas safiras. No trono de Tearling está Clava, que não ficou nem um pouco satisfeito com as decisões da soberana e que agora tenta encontrar formas de resgatá-la. O ser sombrio, agora liberto, passa a se fazer presente de uma outra forma, assim como as insistentes conexões de Kelsea.

Agora porém, suas visões a levam mais a frente, alguns anos depois da travessia, para acompanhar o desenvolvimento de Jonathan Tear. Isso, através dos olhos de Katie, uma garota da mesma idade do sucessor Tear e que recebe uma importante missão. Enquanto cada uma das partes tenta encontrar formas de solucionar seus problemas, as tramas de passado e presente estão cada vez mais próximas de colidir em algo inesperado, que mudar para sempre o destino de todos.


Minha Opinião

Preciso começar dizendo que minhas expectativas estavam altíssimas. Depois das descobertas de A Invasão de Tearling, minha visão sobre essa história mudou completamente e eu passei a ver as ideias da autora com muita ousadia e genialidade. Porém, infelizmente, o que eu encontrei nesse livro passou muito longe de ser satisfatório ou inteligente. Pra ser bem franca, em se tratando de ficção científica que trabalhe o tema apresentado aqui, o desfecho criado por Erika Johanson é, para dizer o mínimo, a saída mais fácil e clichê que ela poderia ter escolhido.

Acho que o grande ponto dessa trilogia foi compreender que mesmo que o leitor tenha sido introduzido em um universo de fantasia medieval, o que na verdade aconteceu foi uma viagem entre dimensões/tempo, tornando a trama em si algo bem diferente. Em cima disso a autora desenvolveu coisas fantásticas, como as safiras, o poder de Kelsea, o ser das chamas, a conexão dela com o passado, a juventude da Rainha Vermelha, entre outras coisas que também são expostas nesse último livro. Mas ai, sabe o que faltou? Conectar tudo e dar uma bela e bonita explicação pras coisas que foram inventadas.

“Andava por Tear havia mais de trezentos anos e às vezes sentia que não era um homem, só uma coleção de fases, vários homens diferentes com suas próprias vidas.”

Sabe quando a autora responde tudo que é irrelevante e esquece que as coisas mais importantes do livro ainda estão ali, boiando sem respostas? Então… Ai, isso acrescido às escolhas e desfecho, foi um belo de um balde de água fria em cima da minha empolgação. Eu não vou entrar em detalhes item a item, porque não acho que seja pertinente aqui (e se lhe interessar há uma parte com spoilers no vídeo), mas há algo que eu preciso ressaltar: desde o primeiro momento em que somos apresentados a linhagem de Kelsea, há um mistério sobre quem é o seu pai. Esse suspense é levado a frente, frisado e trabalhado em muitos momentos. Sabem pra que? Pra a autora colocar alguém extremamente irrelevante como solução do mistério. Não, não é ninguém que você está pensando e simplesmente não importa.

Também esqueça explicações sobre as safiras, sobre a conexão com o passado, sobre a linhagem, sobre a magia ou qualquer outra parte relevante da trama. Tudo fica bastante vago e a Kelsea aqui passa longe de ser a real protagonista da narrativa. Aliás, me dei por conta que ela realmente só tem destaque no primeiro livro. Em A Invasão de Tearling temos o foco direcionado a Lily e parecia fazer sentido depois que compreendemos o propósito. Já aqui, quem narra grande parte da história é Katie, novamente através dessa conexão misteriosa. Kelsea é manipulada por lembranças, por sentimentos do passado, por fatos que aconteceram há centenas de anos, e praticamente esquece que o lugar para onde ela deveria estar olhando é pra frente, para o futuro.

Isso me deixou bastante decepcionada em um âmbito bem diferente, já que uma das coisas que mais me marcaram no primeiro livro, além do cenário, foi o fato da protagonista estar um pouco fora dos padrões, tanto de beleza como de comportamento. No segundo livro já tivemos uma perda forte desse aspecto, mas que até poderia ser justificado pela “transformação em Lily” que ela estava passando. Ainda havia esperança. Mas não. Outro aspecto que fica pra lá.

“A brutalidade encontrava uma camuflagem tão grande embaixo da cruz.”

Clava e Fetch, dois personagens super promissores e bad asses, que já vinham sendo negligenciados, aqui são completamente esquecidos e tem bem pouca importância. Até o soldado Javel (alguém se lembra dele?) parece ter mais foco de narrativa do que aqueles que nos foram apresentados como peças chave. Acho que a única personagem secundária que consegue passar algo com sustância dentro da trama e abordar um tema relevante é Aisa, dentro de um arco bem curto que nem sequer tem foco total nela. Há também uma tensão religiosa que se cria aqui em consequência dos desfechos do segundo livro, que também não vai a frente.

E, não bastando, temos um epílogo que serve pra empurrar a situação ladeira abaixo. Se eu tivesse que definir em uma palavra o que eu senti como sentimento final sobre a história ou sobre o desfecho é que é deprimente. Incrivelmente deprimente ver o quanto algo substancial e diferente foi atirado pra cima com um final mal feito desses. É deprimente a posição onde alguns personagens ficam. É triste e devastador, mas não de uma forma boa.  E eu acreditei até o último minuto. O Kindle marcava 99% e eu ainda tinha esperança, porque me parecia impossível que esse fosse realmente o final. Contudo, foi e eu fiquei por dias matutando e processando essa história.

“Ninguém mais no Tearling conseguia ver o mundo melhor de Tear, muito menos arrumar coragem para lutar por ele.”

Eu acho que se você já veio até aqui e leu os dois primeiro livros, encare esse último, mas vá com expectativas mais baixas. Quanto a recomendar a leitura, eu acho que a série tem pontos muito fortes e legais, principalmente no segundo livro, que foge bastante do padrão de desastre que normalmente são os livro intermediários, mas como desfecho há muitos problemas que se empilham e não podem ser ignorados.

Quanto ao andamento da leitura, esse terceiro livro fica bem próximo do segundo que teve uma boa fluidez e as páginas passaram de forma mais leve. De todos, ainda sigo achando o primeiro o mais truncado e, provavelmente, tem a ver com a própria evolução da autora.

O Destino de Tearling provavelmente vai compor a minha lista de decepções de 2018, infelizmente. Mas, certamente, foi uma jornada e tanto e eu pude aprender bastante coisa com a história que encontrei aqui, principalmente sobre formas de ludibriar o leitor. Porém a autora se perdeu, as coisas não fizeram sentido e o desfecho de uma história grandiosa tomou o caminho mais fácil e clichê, me deixando com uma desesperança enorme. Fico realmente triste de vir dizer tudo isso, mas como alguém que botou pilha na leitura dos dois primeiros livros, é também meu dever prevenir você do tombo!

O DESTINO DE TEARLING

Autor: Erika Johansen

Editora: Suma

Ano de publicação: 2018

esde que assumiu o trono de Tearling, Kelsea Glynn passou de princesa inexperiente a rainha destemida. Sua busca por justiça fez com que todo o reino mudasse com ela, mas quando os inimigos que fez ao longo do caminho ameaçam destruir seu povo, ela toma uma decisão inimaginável: se rende à Rainha Vermelha em troca de salvar Tearling. Sem as safiras, sem seus homens de confiança e trancafiada em Mortmesne, Kelsea precisa de novo recorrer ao passado, às experiências de mulheres que viveram antes dela, buscando em suas histórias a saída para uma situação impossível. O jogo está para terminar, e o futuro de Tearling será revelado de uma vez por todas. Com O Destino de Tearling, Erika Johansen traça o clímax inesquecível dessa aventura cheia de magia e emoção.

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