O Fotógrafo: Uma História no Afeganistão, publicado pela Conrad Editora, é uma HQ em 3 volumes produzida pelas fotografias, desenhos e design de Didier Lefèvre, Emmanuel Guibert e Frédéric Lemercier, respectivamente.

Sobre a HQ

Tudo começou em 1986, quando o fotógrafo Didier Lefèvre foi para a sua primeira – de muitas – viagem ao Afeganistão, mas não sozinho, acompanhando uma equipe da Médicos Sem Fronteiras (MSF). Nesse período, o país sofria com a invasão soviética, e em meio ao caos, à pobreza extrema e aos perigos da guerra, as caravanas da MSF cruzavam clandestinamente a fronteira do Paquistão; inúmeras pessoas arriscando suas próprias vidas para salvar (ou ao menos tentar) às vítimas da guerra contra as tropas russas.

Toda a trajetória é registada pelas lentes do fotógrafo, que muito admira o povo do Afeganistão. Tendo a tarefa de registrar tudo nesse serviço humanitário voluntário, sua missão é mostrar que “por trás de rótulos fabricados por chefes de Estado de países distantes, há indivíduos com rosto, nome, aspirações e medos.


Minha Opinião

Fotografia e história em quadrinhos são duas coisas sensacionais, que juntas deram um toque super especial a esta história, que narrada em primeira pessoa dá um toque super pessoal, quase como se fosse um diário; e esse método dá super certo para o tipo de história que nos é relatada, pois conforme vamos caminhando pelo trajeto junto com os personagens, criamos certa intimidade e empatia, coisas que são necessárias para sentirmos pelo menos o mínimo do que todos os envolvidos sentiram.

Em certos momentos, algumas fotos mostram tão cruamente situações e expressões das vítimas ou dos voluntários, que nos fazem cair na real de que aquelas pessoas existem/existiram, e que toda essa crueldade e falta de humanidade atingiu, e até hoje continua atingindo, pessoas tão humanas, e nós temos o privilégio de ter conhecimento desse recorte da guerra no conforto de nossa própria cama.

Em uma mistura de autobiografia, fotojornalismo e literatura, saíram 3 volumes de uma história inesquecível. No primeiro volume temos Didier se unindo a equipe do MSF. Sua missão: fotografar tudo. Mas não imaginaria que aprenderia tanto e que fosse conhecer tantas pessoas incríveis a ponto de querer voltar e passar por todo o perrengue novamente.

No segundo volume, temos o fotógrafo registrando tudo incansavelmente, porém, em certo momento da missão, quando tem a sua por concluída, decide que precisa ter a experiência de ficar sozinho. Quer ter o seu próprio momento; sente a necessidade de que precisa seguir em frente sem que precise seguir alguém ou algum grupo. Apenas na companhia de sua câmera e de um dicionário básico que seus amigos médicos lhe fizeram, ele decide retornar ao Paquistão para regressar à França, seu país.

Por fim, no terceiro volume, temos toda a árdua trajetória de Didier, que com a ajuda de algumas boas pessoas que cruzaram seu caminho, conseguiu chegar em casa, mesmo que com muitos contratempos. Nem tudo foi mil maravilhas, o fotógrafo passou por “poucas e boas”, mas nada que ainda no avião de volta ao seu país, ele já não sentisse uma imensa vontade de voltar e fazer tudo novamente.

Eu me sentiria completamente incomodada caso não mencionasse uma mulher chamada Juliette, que em meio a toda essa força tarefa, comandou toda a equipe com tamanha maestria. Vestida de homem para sentir-se segura de alguma forma, sempre fora muito respeitada por todos, pois a sabedoria que tinha e a habilidade ao negociar com outros chefes ao longo do caminho, não negavam que outra pessoa não teria a mesma força para tomar seu lugar. Algo que chama muita atenção é em como o machismo parece não existir por onde trilharam; não vemos homens desmerecendo as mulheres, nem as crianças e nem outras pessoas, há onipresente uma sensação de bondade e de que todos precisam da ajuda de todos.

Acredito que nenhuma resenha que se faça conseguiria fazer jus a grandiosidade que essa história traz, que vai muito além de um relato sobre a experiência de um homem e alguns médicos praticando o bem em algum lugar do mundo (que já é algo pra lá de incrível); vai muito além de esperar sequer um pingo de ficção derramado nessas páginas, que não precisam de mais nada além das verdades e dos olhares estampados em cada fotografia. Não existem os famigerados “plot twists”, não existem vinganças, não existe romance. Existem pessoas sendo elas mesmas em lugares distantes que normalmente nem lembramos que existem.

Essa HQ fala sobre empatia, sobre ajudar as pessoas sem receber nada em troca, sobre sentir necessidade de usar o conhecimento que se tem para o bem e aceitar coloca-lo em prática mesmo com os recursos escassos, pois o que é escasso para uns, é um cuidado de primeiro mundo para outros. No decorrer da história percebe-se o quanto é comum os médicos chegarem às vítimas quando já é tarde demais, e mesmo assim as famílias agradecem e se emocionam, pois ao menos seus entes se foram depois de amparados por pessoas que se importam. E todos esses gestos que, diga-se de passagem, fazem valer sermos chamados de seres-humanos, estão estampados da primeira a última página.

O FOTÓGRAFO, UMA HISTÓRIA NO AFEGANISTÃO (1 VOL.)

Autor: Guibert, Lefèvre & Lemercier

Editora: Conrad

Ano de publicação: 2006

O livro conta a história do fotógrafo francês Didier Lefèvre, que em julho de 1986 partiu para o Afeganistão acompanhando uma equipe dos Médicos Sem Fronteiras. Naquela época, o país estava em guerra, com tropas da União Soviética lutando contra os guerrilheiros mujahedin (que mais tarde instalaria o Talibã no poder). Lefèvre achou a experiência tão marcante que resolveu transformá-la em livro. Dividida em três volumes, a obra traz o relato pessoal da experiência de Lefévre no país, com as dificuldades e perigos enfrentados pelo profissional e pela equipe de Médicos Sem Fronteiras.

O FOTÓGRAFO: UMA HISTÓRIA NO AFEGANISTÃO (2 VOL.)

Autor: Guibert, Lefèvre & Lemercier

Editora: Conrad

Ano de publicação: 2008

Neste segundo volume, a caravana finalmente chega a seu objetivo: Zaragandara, no coração do Afeganistão. Ali, em um hospital improvisado, tem início o verdadeiro trabalho da equipe médica, não apenas no atendimento aos feridos de guerra, mas principalmente na prática da medicina cotidiana em condições precárias.

O FOTÓGRAFO: UMA HISTÓRIA NO AFEGANISTÃO (3 VOL.)

Autor: Guibert, Lefèvre & Lemercier

Editora: Conrad

Ano de publicação: 2010

A JORNADA CHEGA AO FIM. Depois de 2 meses acompanhando uma expedição da Médicos sem Fronteiras ao Afeganistão o fotografo francês Didier Lefevre conclui a missão de mostrar ao mundo a história e a cultura de um país arrasado pela pobreza e plea guerra durante a invasão soviética em 1986.

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