“O Livro Branco Perdido” é o segundo livro da Trilogia “As Maldições Ancestrais”, escrito por Cassandra Clare e Wesley Chu e publicado no Brasil em 2021 pela editora Galera Record.

Sobre o Livro

Dando continuação a trama iniciada em Os Pergaminho Vermelhos da Magia, O Livro Branco Perdido acompanha Magnus Bane e Alec Lightwood anos após o fim de “Os Instrumentos Mortais” e imersos agora na nova aventura de serem pais de Max Michael Lightwood-Bane. O bebê feiticeiro ainda não controla plenamente sua magia e os novos papais ainda lidam com muitos receios da primeira fase da infância e do medo de não serem pais bons o bastante, principalmente em meio a vida repleta de perigos que ambos levam.

“- Magnus Bane. Tão grandioso em poder, tão mole de coração. Sempre acolhendo os indefesos e necessitados. Tem um abrigo e tanto aqui, entre o Caçador de Sombras e este mirtilinho aqui.”

Para tornar a situação ainda mais complicada, uma antiga inimiga dos dois reaparece com uma surpresa: Ragnor Fell, amigo e mentor de Magnus, agora está sendo controlado e atua junta da feiticeira Shinyun em prol da volta de Samael, demônio conhecido como a serpente do Éden e responsável por abrir os caminhos do mundo demoníaco para a Terra. Para conseguir o que precisam, Shinyun e Ragnor roubam o livro branco perdido, material de magia clássico dos feiticeiros, e ainda deixam para Magnus um presente que revela-se uma maldição.

Determinados a salvar o feiticeiro e a recuperar o livro, Alec e Magnus precisam se afastar de Max pela primeira vez e seguir com seus amigos até Xangai, local onde terão de enfrentar os planos megalomaníacos de Shinyun, descobrir como salvar Magnus, buscar uma forma de tirar Ragnor da manipulação em que ele foi preso e também entender qual a história por trás da suposta volta de Samael para o mundo humano.


Minha Opinião

Acho que um dos maiores desafios para um fã é saber separar o que é pura emoção daquilo que são as verdadeiras impressões que ultrapassam a linha do gosto puro e absoluto. Como fã do universo da Cassandra Clare há pelo menos 10 anos, já passei por decepções, por expectativas frustradas e por leituras mornas que despertam sentimentos mistos de euforia e estranheza. Em meio a essas três categorias, O Livro Branco Perdido encaixa-se na última delas, possuindo lados positivos que são muito positivos e alguns pontos que são motivo de preocupação ou receio com o rumo para o qual esse universo literário parece encaminhar-se.

Para tirar da frente logo a parte que mais me deixou receosa, preciso falar sobre o quanto a trama dessa história parece algo que merecia estar em uma das séries principais e não em uma considerada spin-off. Para quem não conhece o universo literário dos caçadores de sombras, há um conceito proposto pela autora de que são 5 as suas trilogias/séries principais (Os Instrumentos Mortais, As Peças Infernais, Os Artifícios das Trevas, As Últimas Horas e a ainda não lançada e provisoriamente intitulada The Wicked Powers) e os demais livros – coletâneas de contos e a própria trilogia de As Maldições Ancestrais – seriam ainda parte do cânone, mas compostas de narrativas paralelas que focam em personagens secundários ou histórias distintas que preenchem os espaços entre uma saga principal e a seguinte.

Diante dessa proposta, o que encontramos em O Livro Branco Perdido é uma trama que possui construções narrativas que soam mais próximas de uma saga “principal” do que uma paralela, o que gera dois sentimentos mistos e contraditórios: euforia por ver um enredo de tão grande potencial dando as caras e receio por perceber que, talvez pelo curto espaço de tempo para desenvolver esse plot, essa narrativa acaba sendo mal aproveitada ou seguindo caminhos que fogem um pouco da nossa suspensão de descrença dentro desse universo.

“Samael é o mais velho do Príncipes do Inferno, exceto pelo próprio Lúcifer. Supostamente, foi a Serpente no Jardim do Éden. É conhecido como o Pai dos Demônios, assim como Lilith é chamada de a Mãe.”

Aqui, acompanhamos com empenho os pontos de vista de Magnus e Alec, dois dos meus personagens favoritos da Cassandra e sem sombra de dúvidas o meu casal predileto. Em termos da história proposta para os dois em nível individual, não há do que reclamar. Tanto Alec quanto Magnus apresentam-se de forma madura, concisa e seus medos, principalmente relacionados ao perigo que suas vidas podem representar para Max, são um dado muito interessante de acompanhar. Além disso, vemos em Magnus seu passado ser ainda mais explorado, o que o torna mais interessante e mostra um lado dele muito mais vulnerável do que aquilo que estávamos acostumados.

A amizade do feiticeiro com Ragnor é um dos melhores pontos do livro e teria sido talvez muito mais frutífero se a trama tivesse seguido os pés no chão acompanhando esses detalhes e a relação estabelecida entre Magnus e Alec, tal como foi em Os Pergaminhos Vermelhos da Magia. Contudo, o que acaba acontecendo na história é que esse desenvolvimento dos personagens desafia a nossa confiança no perigo e na narrativa maior quando vemos que o vilão da trama tem ares de quem não seria vencido fácil e por ser uma narrativa tão rápida, em nenhum momento tememos de verdade por eles.

Esse talvez seja um problema cronológico. O Livro Branco Perdido se passa entre os livros “Contos da Academia dos Caçadores de Sombras” e “Dama da Meia Noite”. Um leitor de Cassandra Clare que já tenha lido Dama da Meia Noite sabe muito bem o que acontece com Magnus e Alec, até com Ragnor. Fica difícil temer pelo destino desses laços e da vida dos personagens quando já sabemos o que acontece. Junta isso com o fato de que o vilão da história e a resolução das ações parecem atos que, se tivessem mais páginas, seriam solucionadas em uma situação muito maior e não de forma tão rápida e até atípica e então o que temos são vilões que não tememos, uma solução que é anticlimática para um enredo que soa tão grandioso e pequenas pontas soltas para o futuro que causam um pouco de irritação, visto que não sabemos se essas pontas soltas serão solucionadas no último livro da trilogia ou em The Wicked Powers.

O final anticlimático para um vilão tão grande é quase um insulto a dois personagens que funcionam tão bem juntos. Saindo dos aspectos negativos, é inegável o carisma, a graça e a leveza que personagens como Magnus e Alec provocam. São eles que garantem as estrelas principais dessa leitura porque é muito fácil se encantar com o amor dos dois, com as dúvidas que surgem na cabeça delas e com o bom humor que ambos carregam pra narrativa. Se não fossem eles os protagonistas, talvez a minha relação com a leitura teria sido ainda mais desgastada.

Além disso, há aqui a presença de toda a turma de Os Instrumentos Mortais; vemos em ação Clary, Jace, Isabelle e Simon, o que dá um gostinho de nostalgia e permite ver a interação desses personagens, agora adultos, com problemas que eles precisam resolver e traumas que são obrigados a lidar. Simon, principalmente, aparece mais frágil do que eu esperava, já que a última lembrança que eu tinha dele era em Os Artifícios das Trevas, mas como temporalmente o livro se situa após o período do personagem na Academia dos Caçadores de Sombras, ver os resquícios do que ele passou naquela história é surpreendente e relembra uma dor antiga que quem leu a narrativa anterior vai lembrar.

“Apenas lembre-se. Você é meu coração, Magnus Bane. Continue inteirinho, por mim.”

E, claro, acho que se não fosse os problemas de execução e finalização, os vilões dessa história teriam sido um ponto muito mais positivo. Olhando apenas para eles, desconsiderando o que foi desenvolvido e pegando apenas o potencial do que a presença dessa narrativa pode significar, acredito que temos uma trama envolvendo demônios e anjos que tem grandes chances de ser muito boa, desde que seja bem executada futuramente.

Outros personagens também marcam sua presença: Ragnor, o feiticeiro que já era mais velho até do que o próprio Magnus, é um personagem extremamente instigante e pelo qual queremos muito saber mais. O próprio instituto de Xangai e o principal personagem de lá que vemos, Ke Yi Tian, são uma aventura a parte, as descrições da cidade, a trama envolvendo Ke Yi Tian e a namorada fada que viviam seu relacionamento em segredo por conta da lei da Clave contra as seelies e toda a história de Xangai são muito especiais de acompanhar. Além de Max Lightwood-Bane, claro. Apesar de aparecer pouco, o filho de Magnus e Alec rouba qualquer cena para ele, bem como nossos corações.

É assim que O Livro branco Perdido torna-se um livro pelo qual os sentimentos mistos se embolam e formam uma recomendação que mistura um “estou feliz e confortável com essa leitura” e “estou frustrada e receosa com alguns pontos dela”. Um pouco menos fechado e coerente do que o primeiro livro da trilogia, O Livro Branco Perdido acaba valendo a pena por seus protagonistas e vai conseguir divertir, encantar e provocar muito amor enquanto acompanhamos nosso grupinho de personagens em ação, mas sempre em alerta para pequenos problemas de execução de plots maiores que mereciam um pouco mais de atenção na hora de serem desenrolados.

O LIVRO BRANCO PERDIDO

Autor: Cassandra Clare e Wesley Chu

Tradução: Mariana Kohnert

Editora: Galera Record

Ano de publicação: 2021

Nesta edição de O Livro Branco perdido, a aguardada sequência de Os pergaminhos vermelhos da magia, acompanhe Magnus Bane, Alec Lightwood e seus amigos em uma nova e eletrizante jornada – dessa vez, em Xangai. Contém capa metalizada e o conto de Jim e Tessa como conteúdo extra. Magnus Bane e Alec Lightwood estão desfrutando da companhia um do outro enquanto aprendem a cuidar do filho, Max, uma criança feiticeira – o que não é, na verdade, tão simples assim. A vida está, finalmente, tranquila para os dois. Até que Shinyun Jung e Ragnor Fell invadem o apartamento de Magnus no Brooklyn e roubam o poderoso Livro Branco de magias e feitiços. Percebendo que Shinyun e Ragnor estão sob controle de uma força sinistra, até então desconhecida, Magnus e Alec precisarão unir forças com seus amigos Caçadores de Sombras e atravessar o mundo para impedir que os dois causem ainda mais danos. Mas, antes de tudo, eles precisam de uma babá para cuidar de Max. Em Xangai, eles descobrem que uma ameaça muito mais sombria os aguarda. A magia de Magnus está ficando instável, e se eles não conseguirem impedir a inundação de demônios na cidade, precisarão segui-los até sua fonte – até o reino dos mortos. Mas, conforme o tempo passa e a situação se torna ainda mais perigosa e arriscada, será que eles conseguirão impedir essa iminente ameaça ao mundo? E será que conseguirão voltar para casa antes que Max esgote completamente a mãe de Alec? Os pergaminhos vermelhos da magia, dos autores best-sellers Cassandra Clare e Wesley Chu, traz uma nova e emocionante aventura para o Alto Feiticeiro do Brooklyn, Magnus Bane, e Alec Lightwood – e, para eles, uma desafiadora e potencialmente fatal missão não é apenas uma tarefa de trabalho, mas, também, uma fuga romântica. Esta edição de colecionador vem com capa metalizada e um conto extra, com Tessa e Jem.

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