O menino do pijama listrado é uma das obras mais conhecidas de John Boyne, autor responsável por escrever algumas histórias fascinantes sobre assuntos delicados. O livro foi trazido pela primeira vez ao Brasil em 2007 pela Editora Companhia das Letras.
Sobre o Livro
Ambientada durante a Segunda Guerra Mundial, vamos conhecer Bruno, um garotinho de oito anos que viva na Alemanha até seu pai, um soldado nazista, receber uma importante tarefa do Fuhrer. Acabando então por mudar-se com sua família para longe de Berlim, em uma cidade que abriga um campo de concentração.
Infeliz por deixar seus melhores amigos e a grande casa com o “corrimão escorrega”, Bruno não se conforma em mudar-se. Ao perceber que viveria na nova casa por tempo indeterminado, ele resolve passear pelos arredores, e acaba fazendo uma grande descoberta ao encontrar Samuel, um garotinho judeu que vive do outro lado do muro de arame que separa a casa de Bruno do campo de concentração.
Apesar de estarem separados pelos muros de arame, os meninos começam uma linda e perigosa amizade. Uma amizade proibida entre um alemão e um judeu.
Minha Opinião
É preciso dizer que a inocência de uma criança é capaz de mudar o nosso olhar em relação a um fato ou história. O controle nazista na Alemanha e os acontecimentos desencadeados pela perseguição de judeus é um fato histórico que afetou todas as nações mundiais com sua violência e é claro, seus grandes campos de concentração. O que o autor faz em sua obra é retratar de forma singela e através do olhar de um garotinho de oito anos uma parte da história e dos acontecimento de um dos locais mais horríveis da história, o que por um lado ameniza, por outro torna tudo ainda mais terrível.
Muitos nomes e termos são escondidos através das falas de Bruno e de sua inocência. Ele parece nunca conseguir decifrar o que dizem os soldados ao se referirem aos judeus, ou o que seu próprio pai diz aos soldados que o acompanham. Um exemplo seria que em determinado momento da história descobrimos que o local para onde se mudaram fica na Polônia, mas o verdadeiro nome do campo de concentração é escondido através do nome que o garotinho da ao lugar: “Haja-Vista”. Inicialmente, pode parece um pouco estranho mas se pronunciarmos de forma rápida e pensarmos no local onde se encontra, podemos chegar a conclusão de que se trata de Auschwitz, o maior campo de concentração nazista da história.
Outro ponto interessante é o de que o protagonista, assim como a maioria das crianças, apesar de ser influenciado pela criação, parece não se importar com as diferenças entre ele e outros garotos, mesmo que judeus, e entre os criados, que em sua opinião fazem parte da família. Bruno é um garoto sensível capaz de se importar com os outros e não só consigo mesmo, de “desafiar” até mesmo o poder de seu pai para dizer algo que pensa e é claro, extremamente curioso.
“O problema da exploração é que você precisa saber se aquilo que encontrou valeu a pena ser encontrado…”
É claro que por relatar uma época conturbada e ser retratado através do olhar de uma criança, o leitor é envolvido de uma forma muito mais intensa pela história, além de a narrativa do autor proporcionar uma proximidade entre cada leitor com algum aspecto dentro da obra, seja ele o encanto, o espanto, e até mesmo o medo.
“Cercas como essa existem no mundo todo. Esperamos que você nunca se depare com uma delas.”
Ao decorrer da história, já sabemos o que está por vir ou podemos imaginar, mas nos pegamos torcendo para que aquilo não aconteça, mas em meu ponto de vista, foi a forma que o autor encontrou de chocar o leitor, até os menos sensíveis. O paralelo traçado entre a realidade dos adultos e a inocência de uma criança, a pureza, a capacidade da humanidade em ser desprezível, o preconceito, as diferenças sociais e étnicas, são pontos retratados de forma sutil, mas que nos fazem refletir desde a primeira linha até a última. O arame que cerca o campo separa muito mais do que dois garotinhos, separa uma ideologia autoritária, de uma simplicidade avassaladora.
Confira a adaptação
Em 2008 a história de Bruno ganhou uma adaptação que encheu o coração de muitos espectadores e depois os devastou. Apesar de retratar de forma mais explícita os acontecimentos e possuir algumas pequenas diferenças com relação a obra original, a essência se manteve. O filme é uma ótima pedida para os amantes da história e é claro, de um bom drama.


O MENINO DO PIJAMA LISTRADO
Autor: John Boyne
Tradução: Augusto Pacheco Calil
Editora: Companhia das Letras
Ano de publicação: 2007
Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus.Também não faz idéia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade,Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com um frio na barriga.Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel,um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. ‘O Menino do Pijama Listrado’ é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.