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O que mais faço nessa vida é pensar. E quanto mais envelheço, mais penso. Não sei se é algo natural, porque, convenhamos tem muito adulto aí que tem medalhinha de babaca pendurado no pescoço. Acredito que seja uma escolha. Chega um momento da vida em que a gente olha pro quarto e nota que aquele espaço ali, onde tão bem nos sentimos, realmente não é o mundo todo, que não é o bastante. É esse o momento em que somos impelidos a entender mais sobre a vida, e entender que não somos sozinhos e o mundo realmente não gira ao redor do nosso umbigo.

Penso que muitas das discussões que acontecem, seja na vida ou nas redes sociais, se dão por as vezes as pessoas não entenderem que o mundo realmente é muito maior que o quarto onde acessam o facebook. Existem pessoas com vidas diferentes, com histórias diferentes, com valores e experiências únicas. Dar uma de hater e brigar com tudo e todos, querendo que o teu ponto de vista seja o único a valer, é realmente de uma mesquinhez estúpida que logo estampa na testa de quem faz a frase: o meu mundo é o meu quarto.

Uma vez um amigo veio me pedir um conselho, me dizendo que se sentia muito velho para ainda estar na graduação. Pois um professor disse que na idade dele, ele já estava fora do país fazendo doutorado. Meu amigo na época estava muito triste, pois pensava que já era tarde demais e ele já deveria ter dado um rumo na vida, como o professor. Eu perguntei a ele se ele achava que o professor era realmente feliz. Como resposta, ele me disse que o professor era uma pessoa amarga, que tinha como hábito diminuir os alunos, falando da sua magnífica história. Falei pro meu amigo, que idade não é parâmetro para nada e que devemos fazer aquilo que nos realiza. Toda trajetória é um aprendizado e não devemos nos adaptar a visão do outro de sucesso, pois nem sempre essa visão é confortável.

Talvez o quarto desse professor nem seja tão confortável, mas ele escolheu ficar. E a escolha de ter pra sempre um ponto de vista, pode amargar no final uma miopia para todas as outras cores que vemos da janela. Fazendo com que cada vez passemos a olhar para nossos velhos móveis do quarto, cada vez mais perto.

Não é fácil abrir a porta do quarto, é preciso muita coragem. Abrir a janela e gritar: Não! No meu quarto não é assim, então tá errado! não é a solução. É mais interessante visitar toda a vizinhança e com humildade entender, sem impor-se de maneira arrogante, os motivos de cada um. Mas cuidado ao atravessar a rua!

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