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Eu poderia dizer aqui que é mandar no meu próprio nariz.

Também posso dizer que hoje sou independente, já que sai do interior, vim pra Porto Alegre, moro sozinha, trabalho, pago as minhas contas.Vou onde quero, quando quero e com quem eu quero. Se quero ir ao cinema quarta-feira na seção das 22h40, vou. Vou porque não preciso dar satisfações, não tenho hora pra chegar, meu dinheiro vem do meu trabalho, e portanto eu posso gastá-lo como bem entender.Isso deveria significar independência, porém devido a um período de vida que vivi recentemente me dei por conta que no mundo em que vivemos hoje isso não é suficiente para se dizer “independente”.

Eu sai do meu emprego e fiquei algum tempo sem trabalhar. Isso meio que clareia um pouco a nossa visão com relação a importância das coisas e me fez perceber o quanto sou refém do dinheiro. Vir morar aqui sozinha, ter um emprego, viver pedaços da vida que eu vivo, sempre foram um sonho, e quando isso se concretizou eu fiquei muito feliz. Entretanto, nesse período que tive para descansar, comecei a ver que se eu não tivesse um emprego ou uma renda constante meu sonho ia se desfazer. Com isso, descobri também que essa independência que buscamos e afirmamos ter é muito relativa e tênue.

Eu DEPENDO do dinheiro, do meu salário, dependo do meu emprego, dependo do meu trabalho. Também dependo do carinho e amor da minha família e amigos. Mas o que realmente me incomoda é o primeiro item. Nesse mundo louco e capitalista em que vivemos somos todos dependente desse “ser”, essa presença e preocupação constante que é o dinheiro. Será que vai dar pro mês?  Será que vou conseguir pagar o computador parcelado em várias prestações? Será que a luz/água/telefone/internet vai subir? Será que consigo um aumento?

Tudo é tão controverso quando o tema é independência e estou debatendo ele na minha cabeça. Posso ser independente, mas dependo de tantas coisas que por vezes esse termo nem faz sentido.Tenho certeza que desviei do que era realmente para ser essa blogagem coletiva do Rotaroots, mas no momento é assim que me sinto: independente e enclausurada.

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