vazio

 

Terça-feira da semana passada, fui no BIG, uma rede de supermercados que tem ao lado de onde eu trabalho, pois precisava comprar ração para a gata, e não queria ter que chegar em casa e depois ter que sair novamente para ir ao mercado. Como comecei a trabalhar lá recentemente, ainda não tinha ido nesse estabelecimento, e portanto não sabia onde estavam as coisas.

Na minha busca por achar o lugar correto, na imensidão que é aquele mercado, me vi procurando algum atendente para perguntar, já que 1) eles estão ali pra isso e 2) não queria ter que caminhar todo o mercado a toa. Pois bem, não havia um único atendente em nenhuma parte. NENHUM. Ok. Fui caminhando e olhando as prateleiras, já que as indicações não eram muito precisas.

Quando enfim avistei o placa mostrando “Pets”. Notei que apesar de as placas estarem em português, alguém resolveu nomear a seção em inglês, diferente de todas as demais. Até ai, tudo “bem”. Peguei o que quis e fui para o caixa.

Havia uma fila imensa de pessoas em um caixa que deveria ser rápido. E, apesar de terem 30 e tantos caixas, somente 3 estavam funcionando, no horário do meio dia. Lentamente a atendente passava os produtos. Quando minha vez chegou notei algo bastante triste.

Ela não me olhou nos olhos, não me deu boa tarde, sequer parecia saber que havia uma pessoa na frente dela. Os olhos estavam jogados ao acaso, olhando ao redor sem ver nada. O processo de passar os produtos era mecânico e quando era necessário digitar o código de barras, ela sequer olhava para o teclado, pois eram movimentos tão familiares que não havia necessidade.

Me ocorreu então o quanto deve ser triste viver assim, no vazio. A atendente claramente não estava feliz com que estava fazendo, claramente não estava com vontade de estar ali e, claramente não se importava.

Alguns podem dizer que ela estava ali porque não tinha opção, mas eu me recuso a aceitar isso. Nós sempre temos uma opção. Por vezes ela é complexa como essa: ser feliz ou ganhar dinheiro?

Aquela menina sem brilho no olhar tem toda uma vida pela frente. Uma vida que ela pode desperdiçar ali, atrás daquele caixa. Ela pode até não ter estudado, ou não ter experiência, mas tenho certeza de que se ela pensasse, iria encontrar algo que ela gosta de fazer ou em que é boa. Se isso vai render dinheiro, daí é outra história. Mas independente disso, é extremamente importante que façamos aquilo que nos faz feliz. Que nos completa.

 

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