O único romance do inglês Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray tem sua edição pela Nova Fronteira em 2020.

Sobre o Livro

Dorian Gray é um típico rapaz da alta classe social da Inglaterra. Rico, dono de terras e de uma mansão gigantesca, é também dono de uma beleza inestimável. As pessoas o admiravam e não se isentava os homens. Seus amigos o viam como uma grande inspiração, um homem que tinha a tudo conquistar.

Seu amigo Basil é um pintor que resolveu fazer um retrato de Dorian para eternizar sua juventude bela em um quadro. Ao terminá-lo, Dorian se espanta com a tamanha habilidade do artista em retratar o jovem na obra. Ao lado, Lorde Henry, um rapaz que recém conhece Dorian, se surpreende não só com a beleza do jovem como também algo lhe instiga a se aproximar mais dele.

“- Cada um de nós, Basil, tem em si o céu e o inferno!”

Ao se empolgar com a obra, Dorian chega a dizer para todos que queria que sua beleza pudesse ser eternizada. Já que todos envelheciam e a sua aparência jovial mudaria, ele queria que de fato isso não pudesse acontecer. Gostaria que sua beleza pudesse ser mantida assim como no quadro. Já que sua aparência no quadro não mudaria, por quê haveria ele de mudar? É por isso que chegou a dizer que venderia até sua alma para poder ter uma beleza eterna.

Só que ele não sabia que suas palavras se tornariam realidade. E é aí que passamos a conhecer um novo Dorian Gray.

Minha Opinião

Eu já sabia que iria adorar esse pequeno romance de Oscar Wilde. Só a temática que o livro aborda ganha muitíssimo. Aqui o autor trabalha sobre narcisismo, o corrompimento com a alma e a presença da frieza humana.

O livro me surpreende em inúmeros detalhes. Primeiro que ele é muito bem escrito, havendo inúmeros diálogos constantes e poucas descrições que de fato não são relevantes para esta história. O que mais é valioso nesse livro são os diálogos trocados pelos personagens. Eles são ricos, numerosos e grandiosos. Em alguns momentos temos monólogos carregados de bastante reflexão. Quem já leu livros do Thomas Mann, por exemplo, como A Montanha Mágica, encontrará muitas semelhanças quando tratamos destes diálogos. Eles são filosóficos, artísticos e reflexivos. E isso, como bom leitor de clássicos, me conquista na primeira cartada.

“- Adoro os prazeres simples – disse Lorde Henry. – Eles são o último refúgio do complexo.”

O outro ponto positivo é o desenvolvimento da história. Ela é bem direta e sem enrolações. As coisas acontecem de forma rápida e dentro das poucas 220 páginas. E pasme, há um grande plot quando a história está caminhando para o final. E eu não esperava que essa reviravolta acontecesse de forma tão grandiosa.

O final do livro não podia terminar de outra forma. Tudo para mim terminou com perfeição. Justamente as coisas foram conduzidas para que pudéssemos fechar o livro e nos voltarmos reflexivos com a história que acompanhamos.

“- Quem foi que definiu o homem como animal racional? A definição mais prematura que já se formulou! O homem pode ser tudo, menos racional.”

Não é a toa que este livro se tornou um favorito meu. E eu já esperava essa grandiosidade nele. Mas não esperava que seria tão único como jamais pensei que fosse. Esse livro tem tudo que um bom livro que critica a sociedade dando inúmeros tapas na cara da gente poderia nos oferecer. Senti muita semelhança com as obras de Victor Hugo, autor consagrado por mim como o melhor de todos os tempos. Ainda não consigo afirmar que Oscar Wilde conseguiu chegar aos pés de Hugo com suas inúmeras críticas sociais muito bem escritas. Mas ele conseguiu me fazer ficar preso nessa história inquietante de um rapaz belo que corromperia sua alma para eternizar sua beleza. Não é por pouco que eu li este livro em dois dias.

O RETRATO DE DORIAN GRAY

Autor: Oscar Wilde

Tradução: Marina Guaspari

Editora: Nova Fronteira

Ano de publicação: 2020

O retrato de Dorian Gray é um dos grandes clássicos da literatura ocidental. Único romance da prolífica e genial carreira do escritor inglês Oscar Wilde, o livro narra a história de um jovem rico que enfeitiça a todos com sua rara beleza. Ao ter seu retrato pintado pelo artista Basil Hallward, o protagonista constata a perfeição da obra e de seu próprio rosto representado. Influenciado por Lord Henry Wotton, famoso por sua filosofia hedonista, Dorian Gray deseja ficar com aquela aparência para sempre e que o quadro, então, envelheça em seu lugar. A partir desse momento, sua vida se resume à busca incessante da felicidade e dos prazeres. Com seu estilo aguçado, Oscar Wilde tece uma narrativa versada na libertinagem, retratando sem pudores a hipocrisia das esferas sociais. Esta tradução, feita pela Marina Guaspari, teve como base a edição definitiva em livro, com texto revisto pelo próprio autor depois da censura que seu texto sofreu ao ser publicado pela primeira vez, em 1890, em uma revista americana.

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