Publicado originalmente em 1960, temos edição no Brasil pelo selo da Record, José Olympio, desde 2006.

Sobre o Livro

Scout é uma menina branca que vive no sul dos Estados Unidos, a região mais racista do país. Até então, na década de 1930, o racismo começou a ganhar força e a segregação racial se iniciava gradualmente. Porém ela nunca soube que aquele mundo iria impactar no seu.

“ […] Os senhores sabem a verdade: alguns negros mentem, alguns negros são imorais, alguns negros não merecem a confiança de ficar perto das mulheres, sejam elas brancas ou negras. Mas essa verdade se aplica à raça humana, sem distinção.”

Vivendo em uma cidade pequena e praticamente rural, Scout se encontra entre duas realidades: a da sua vida com seu irmão e de seu amigo que aparece a cada verão, e a vida do lado de fora, rodeada por pessoas brancas que odeiam negros e as marés de injustiça e violência.

Só que estes dois mundos se encontram de vez quando um caso que seu pai advogava acaba chegando à tona para a sua família. Seu pai estava defendendo um homem acusado de crime cruel e fazia de tudo para defender o acusado. O que não se esperava era o quão aquilo poderia impactar a vida de sua filha.

Minha Opinião

Considerado um dos melhores romances (além de ser um dos mais lidos) nos Estados Unidos, Harper Lee deixou sua marca no mundo como uma autora branca falando de racismo em uma década conturbada pelas questões raciais. Ao ler este livro me peguei imaginando como era possível uma mulher branca em 1960 escrever um romance que fácilmente se passaria por um autor dos tempos de hoje. Eu me senti lendo um romance escrito há no máximo 20 anos atrás.

“[…] Como qualquer instituição, os nossos tribunais têm falhas, mas são os maiores niveladores deste país, para nossos tribunais todos os homens nasceram iguais.”

Harper Lee teve uma mente brilhante. Tão brilhante e à frente de sua época que me obriguei a marcar duas páginas de seu livro com um monólogo que resume a hipocrisia em manter um sistema racista ao viver em um país onde os princípios de liberdade e igualdade eram os pilares de sustentação dos direitos civis. Harper Lee como advogada formada, não podia deixar de abrir esta crítica extremamente certeira.

Outro detalhe interessante a se mencionar: a parte jurídica da história (sobre a condenação de um homem por um crime cruel) é baseada em fatos reais, fatos estes que a autora presenciou. Ela expande estes fatos para construir uma garotinha que ainda está conhecendo o mundo mas que percebe que há coisas muito erradas nele quando se trata de igualdade e respeito.

“- Jem, o que é uma criança mestiça? – perguntei.

– É metade branca, metade negra. […] São uma gente triste…”

Apesar de inúmeros elogios que eu possa fazer à autora, eu não me encantei com a história como pensei que ficaria. A forma como ela coloca a trama e a narrativa deixa um livro que já não é grande, mais extenso desnecessáriamente. Acompanhamos mais de 150 páginas com uma narrativa introdutória sobre a vida de Scout, onde ela vai abordando acontecimentos pequenos porém marcantes de sua vida. Após mais de duzentas páginas que finalmente vemos o clímax da história. Ou seja, em menos de 100 páginas para o livro acabar é que realmente ele começa a ficar interessante.

Para algumas pessoas este livro pode aparecer arrastado e entediante. Eu não tive um sentimento muito longe disso. Apesar disto, não posso deixar de lado o reconhecimento e respeito que adquiri ao conhecer o ponto de vista da autora. A história poderia ter sido menor em volume de páginas mas confesso também que sua narrativa é bem fluída e pouco densa, o que ajuda muito a manter um rítmo. De qualquer forma, O Sol é Para Todos é um marco da luta antirracista nos Estados Unidos e no mundo através da cultura e entre pessoas brancas e negras.

​O SOL É PARA TODOS

Autor: Harper Lee

Tradução: Beatriz Horta

Editora: José Olympio

Ano de publicação: 2006

Nesta emocionante história ambientada no Sul dos Estados Unidos da década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial, vemos um mundo de grande beleza e ferozes desigualdades através dos olhos de uma menina de inteligência viva e questionadora, enquanto seu pai, um advogado local, arrisca tudo para defender um homem negro injustamente acusado de cometer um terrível crime. Uma história sobre raça e classe, inocência e justiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação, O sol é para todos permanece tão importante hoje quanto foi em sua primeira edição, em 1960, durante os anos turbulentos da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Considerado um dos romances norte-americanos mais importantes do século XX, O sol é para todos surpreende pela atualidade de seu enredo e estilo. A lamentável permanência do tema, o racismo, percorre a narrativa de Scout, criança sensível, filha do advogado Atticus Finch, responsável pela defesa de um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca em Maycomb, pequeno município de Alabama, no sul dos Estados Unidos, no início dos anos 1930.Os sentimentos que cercam a família e a cidade de Scout – desde que Atticus se dispôs a cuidar do famigerado caso – são nossos velhos conhecidos: preconceito racial e social, conformismo diante das injustiças e a mais pura malícia destilada em relações banais e familiares. Apesar da crua humanidade desses personagens, Scout enxerga a realidade com o frescor dos olhos infantis, e conta sua história, deixando um improvável rastro de esperança. Scout narra a rotina de um ambiente rural e pacato, as férias de verão com o irmão, Jem, e o melhor amigo deles, Dill, a curiosidade com os vizinhos, as travessuras inventadas, as aventuras na escola e a vida em família. O conjunto de pequenos casos nos transporta a um lugar de aparente quietude. No entanto, esse suposto relaxamento se transforma e desespero quando vemos a reação da população de Maycomb diante de denúncia contra Tom Robinson. O impacto da publicação e da contínua exposição de O sol é para todos o fez figurar em dezenas de listas e pesquisas, tendo sido escolhido pelo Library Journal como o melhor romance do século XX e eleito pelos leitores da Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa desde 1900. O livro apareceu pela primeira vez em uma lista feita por bibliotecários em 2006 como o livro que todos deveriam ler antes de morrer, seguido da Bíblia. Um clássico moderno que continua a emocionar jovens e adultos.

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